A HISTÓRIA E O MÉDICO
Cada doente tem sua
história. Temos de escutá-la. É sempre uma recordação de amor e como este,
alegre e triste.
A bactéria não atinge
o corpo se a alma é plena, a genética não se manifesta a não ser que aja
hesitação, O corpo se defende, mas quando a alma sente-se sozinha a doença
aparece. Corpo e alma conversam e se protegem, quando a comunicação falha a
doença aparece.
O médico é um
escutador antes de tudo, escuta o corpo e ouve a alma. O linguajar que vacila é
o momento da intervenção e da técnica.
Antes da ciência temos
que ouvir a alma, porque a bactéria entrou no organismo? Que louca paixão
deixou cego o paciente a ponto de permitir que ela entrasse? Que amor
impossível criou uma fenda na barreira da vida e a doença apareceu, ora como
diarréia, ora como uma falta de ar que não cede à medicação? Que louca paixão
proporcionou o angor no peito onde o coração claudica em seus batimentos? Qual
o peso da paixão que faz as ultima vértebras se achatarem e a dor irradiada
pelas pernas impede o amante se movimentar? Que paixão é esta que atinge o
corpo e debilita o sujeito em dores e choros quebrando a harmonia do viver?
O médico escuta a
poesia de amor e paixão antes de agir. Vê onde o amor se transformou em peso e
abandono causando dano na matéria que sente a pressão da alma.
Só ouvindo a história
tem-se a chance do cuidar, o médico é um cuidador e como tal, tem que saber
onde está a interrupção do fluxo da fantasia para restabelecê-lo. Se assim não
o fizer a paixão continua intocada a espetar a alma que sente a dor e reflete
no corpo e, nova história e novas dores surgirão pela mesma narrativa não
resolvida. A medicação interrompe uma narrativa permitindo que outra cante a
mesma melodia, só a escuta restaurando o diálogo alma corpo permite que a
paixão cá embora e o doente sare.
O médico tem que antes
de tudo escutar o poema de dor do doente que sofre.
18/10/2013
Tony - poeta.
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