quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O TUMULO




O túmulo


Era um reino primitivo, uma planície seca e um brejo. Ali se distribuía a população.
O rei justo fazia saquinhos, dividia a comida e distribuía. Todo dia igual. Depois de muitas gerações a dinastia ficou enfadada.
Um rei recém empossado resolveu melhorar sua casa:
- Já que sou o Líder que minha casa apareça com destaque!
Os auxiliares disseram que ia prejudicar a produção de alimentos, a que respondeu:
- Os que moram na periferia conseguem se virar; vamos diminuir um pouco a ração.
Assim foi feito. Passaram outras gerações. Até que o novo rei ficou enfastiado.
- Vou fazer um obelisco para marcar minha passagem. Apesar dos conselhos assim o fez e a ração da periferia, que não estava presente para reclamar, diminuiu.
Mesmo com algum mal estar a distribuição desigual não foi encerrada, o Rei descobriu que quando o povo reclama por fome, a queixa cessa com a distribuição de alimentos. Teve a brilhante idéia de distribuir a ração a cada três dias; quando a reclamação começava a comida chegava e a revolta parava.
Com o tempo, o novo rei notou que os obeliscos anteriores ficavam abandonados e ninguém mais os notava.  Começou a imaginar uma maneira de marcar sua passagem.
Como era para ficar para posteridade, pensou em sua morte. Não conseguia se imaginar morto, aliás, chegou à conclusão que ninguém consegue. Porém as pompas do enterro eram vivamente fantasiadas com toda população exaltando sua importância. Resolveu fazer um Mausoléu.
A ração mesmo com distribuição irregular começou a ficar escassa. E a tumba se erguia. A população começou a reclamar mais do que o costume. Teve uma grande idéia:
Tingiu os saquinhos de vermelho com urucum e todos se acalmaram pela beleza da nova embalagem.
E assim segue até hoje.

06/11/13

Tony-poeta

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