O túmulo
Era um
reino primitivo, uma planície seca e um brejo. Ali se distribuía a população.
O rei
justo fazia saquinhos, dividia a comida e distribuía. Todo dia igual. Depois de
muitas gerações a dinastia ficou enfadada.
Um rei recém
empossado resolveu melhorar sua casa:
- Já
que sou o Líder que minha casa apareça com destaque!
Os
auxiliares disseram que ia prejudicar a produção de alimentos, a que respondeu:
- Os
que moram na periferia conseguem se virar; vamos diminuir um pouco a ração.
Assim foi
feito. Passaram outras gerações. Até que o novo rei ficou enfastiado.
- Vou
fazer um obelisco para marcar minha passagem. Apesar dos conselhos assim o fez
e a ração da periferia, que não estava presente para reclamar, diminuiu.
Mesmo
com algum mal estar a distribuição desigual não foi encerrada, o Rei descobriu
que quando o povo reclama por fome, a queixa cessa com a distribuição de
alimentos. Teve a brilhante idéia de distribuir a ração a cada três dias;
quando a reclamação começava a comida chegava e a revolta parava.
Com o
tempo, o novo rei notou que os obeliscos anteriores ficavam abandonados e
ninguém mais os notava. Começou a
imaginar uma maneira de marcar sua passagem.
Como era
para ficar para posteridade, pensou em sua morte. Não conseguia se imaginar
morto, aliás, chegou à conclusão que ninguém consegue. Porém as pompas do
enterro eram vivamente fantasiadas com toda população exaltando sua importância.
Resolveu fazer um Mausoléu.
A ração
mesmo com distribuição irregular começou a ficar escassa. E a tumba se erguia.
A população começou a reclamar mais do que o costume. Teve uma grande idéia:
Tingiu
os saquinhos de vermelho com urucum e todos se acalmaram pela beleza da nova embalagem.
E assim
segue até hoje.
06/11/13
Tony-poeta
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