SOCIEDADE
DA CIÊNCIA.
A ciência tem o poder de retardar a morte com o custo de nos
escravizar no consumo.
Pouco necessita a vida pra ser vivida; basta um abrigo que nos
dê conforto, a acessibilidade a alimentos e remédios e o convívio familiar e no
grupo ao qual pertencemos. Isto é e sempre foi o bastante.
A multidão é desconhecida, ninguém se vê, o olhar se perde num
emaranhado de vultos deformados que não assombram nem trazem a boa nova, e
passam rápidos como tudo que nos rodeia.
Os prédios com luzes brilhantes quando a noite chega. De inicio
despertam fantasias e até vontade de penetrar dentro de suas janelas, com os binóculos
vendidos em qualquer camelô, o desconhecido sempre nos atrai, mas rapidamente
perde força e as lentes jogadas num canto e a imaginação parada por falta de
estímulos faz com que a poesia se perca e as formas, antes coloridas de sonhos
e encontros se desvaneçam e desapareçam.
Os carros de cores vivas tornam-se apenas objetos que transitam
rápidos e indiferentes, sem marcar o ser e poluindo o ambiente. Até os modelos
de luxo terminam por se tornar monótonos e frios.
Tudo cai no mesmo e na ansiedade do consumo consumimos o tempo.
É o preço que pagamos por prolongar a vida, mas, será que viver isolado na
multidão é viver?
Quanto vale a alegria perdida, onde o encontro alegre entre
família e amigos nos fazia sentir pertencentes?
Quanto vale o consolo de um amigo que empresta seu ombro quando
a aflição nos ataca.
Quanto vale uma tarde despreocupada de amor com a amada, onde o
tempo é esquecido e o espaço restrito a dois sonhadores?
Quanto vale amar e ser amado, participar e compartilhar?
O preço é certo? Ou esta mercadoria que prolonga um viver sem
participação está muito cara?
É necessário avaliar. E, muito.
30/03/14
WWW.tony-poeta.blogspot.com
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