segunda-feira, 21 de abril de 2014

o cardume, o caleidoscópio e o aniversário.



O CARDUME, O CALEIDOSCÓPIO E O ANIVERSÁRIO


Agradecendo o carinho das mensagens de aniversário de um grande número, incomum para o esperado após os sessenta e cinco anos, realmente um ponto fora da curva, graças ao facebook uma vez que sou um tanto solitário desde a infância.
Considero que cada fase da humanidade corresponde não só a um tecido social dos sociólogos, mas a um movimento de cardume. Explico: as gerações se dividem em gostos comuns, ideais comuns e pensar comum em cada uma das fase da evolução de uma sociedade.
Cada grupo de idade, sem uma fixação etária rígida, forma seu movimento próprio; é exatamente o que acontece nos cardumes, onde grupos de peixes da mesma idade andam em conjunto.
Cada grupo tem sua poesia e sua coreografia, que se olharmos por um caleidoscópio teremos uma serie de quadros distintos e em cada giro social novo desenho.
A vida é uma poesia sem destino determinado, apenas formações de ideais compartilhados para sobrevivência da espécie. Neste balé inconsciente, onde o coletivo tem ação conjunta formando uma única consciência, cada geração caminha formando bruxas e fadas e segue seu caminho.
Há um inconsciente coletivo sim, não metafisico mas formado pelo convívio e ações gerais de um grupo que pode se dirigir a guerra ou a paz, conforme as circunstancias.
Todo grupo tem a vontade básica de ser reconhecido e o grupo de apoio tem o desejo de uma vida melhor para cada um. Sempre um depende dos outros para chegar a seus objetivos e assim é a caminhada: formando imagens, cantando ideias e colorindo a passagem com formações harmônicas visíveis no caleidoscópio das gerações.
Com a idade os objetivos ficam mais realistas e as frustrações e incapacidades mais evidentes. Se na juventude o prêmio Nobel é o objetivo ou então conquistar a taça do Mundo no futebol, com o passar do tempo a preocupação é apenas viver bem e ser reconhecido como membro de um grupo.
O grupo vai aos poucos se desfazendo, tudo se desfaz com o tempo. Este movimento criativo desfalcado faz suas poesias descartando os elementos que se tornaram monótonos e repetitivos pela longa exposição.
O grupo desfalcado perde as cores e os desenhos, os membros restantes caminham ancorados na experiência; em grupos familiares ou de seres próximos, tentando o reconhecimento pelo que ainda podem produzir, já sabendo que o agrupamento não mais forma desenhos harmônicos e os movimentos das gerações mais jovens é demasiado rápido para ser acompanhado.
Não há derrotismo nem tristeza como pode parecer. A vontade sempre impera e a necessidade de reconhecimento sempre obriga a tomar caminhos adequados. Apenas a dança é lenta e as cores desbotadas pelo corpo, que cansou ante uma mente que segue consciente e na mesma idade sempre. Vida não tem idade, a idade pertence ao corpo e o tempo é apenas o ritual de passagem.
Nosso planeta é um sistema fechado onde tudo se transforma. Cada vida, cada uma das espécies, cada vegetal ou mineral estão contidos na substancia do planeta onde se prendem. Somos apenas efeitos transitórios deste movimento, como tudo o que nos rodeia. Tudo é energia e, o ser, esta energia que energiza nosso corpo, é parte, como a matéria também o é.
Quando este momento efêmero chamado vida se findar, tudo continuará seu caminho, com seus elementos dentro desta substância que os engloba, assim o mundo segue imutável e a energia do que chamamos vida também.
Até lá somos um cardume fazendo coreografias graciosas e coloridas ao caleidoscópio da vida.

21/04/14
www.tony-poeta.blogspot.com



 

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