O CARDUME, O CALEIDOSCÓPIO E O ANIVERSÁRIO
Agradecendo
o carinho das mensagens de aniversário de um grande número, incomum para o
esperado após os sessenta e cinco anos, realmente um ponto fora da curva,
graças ao facebook uma vez que sou um tanto solitário desde a infância.
Considero
que cada fase da humanidade corresponde não só a um tecido social dos
sociólogos, mas a um movimento de cardume. Explico: as gerações se dividem em
gostos comuns, ideais comuns e pensar comum em cada uma das fase da evolução de
uma sociedade.
Cada
grupo de idade, sem uma fixação etária rígida, forma seu movimento próprio; é
exatamente o que acontece nos cardumes, onde grupos de peixes da mesma idade
andam em conjunto.
Cada
grupo tem sua poesia e sua coreografia, que se olharmos por um caleidoscópio
teremos uma serie de quadros distintos e em cada giro social novo desenho.
A vida
é uma poesia sem destino determinado, apenas formações de ideais compartilhados
para sobrevivência da espécie. Neste balé inconsciente, onde o coletivo tem ação
conjunta formando uma única consciência, cada geração caminha formando bruxas e
fadas e segue seu caminho.
Há um
inconsciente coletivo sim, não metafisico mas formado pelo convívio e ações
gerais de um grupo que pode se dirigir a guerra ou a paz, conforme as
circunstancias.
Todo
grupo tem a vontade básica de ser reconhecido e o grupo de apoio tem o desejo de
uma vida melhor para cada um. Sempre um depende dos outros para chegar a seus
objetivos e assim é a caminhada: formando imagens, cantando ideias e colorindo a
passagem com formações harmônicas visíveis no caleidoscópio das gerações.
Com a
idade os objetivos ficam mais realistas e as frustrações e incapacidades mais
evidentes. Se na juventude o prêmio Nobel é o objetivo ou então conquistar a
taça do Mundo no futebol, com o passar do tempo a preocupação é apenas viver
bem e ser reconhecido como membro de um grupo.
O grupo
vai aos poucos se desfazendo, tudo se desfaz com o tempo. Este movimento criativo
desfalcado faz suas poesias descartando os elementos que se tornaram monótonos
e repetitivos pela longa exposição.
O grupo
desfalcado perde as cores e os desenhos, os membros restantes caminham
ancorados na experiência; em grupos familiares ou de seres próximos, tentando o
reconhecimento pelo que ainda podem produzir, já sabendo que o agrupamento não
mais forma desenhos harmônicos e os movimentos das gerações mais jovens é
demasiado rápido para ser acompanhado.
Não há
derrotismo nem tristeza como pode parecer. A vontade sempre impera e a necessidade
de reconhecimento sempre obriga a tomar caminhos adequados. Apenas a dança é
lenta e as cores desbotadas pelo corpo, que cansou ante uma mente que segue
consciente e na mesma idade sempre. Vida não tem idade, a idade pertence ao
corpo e o tempo é apenas o ritual de passagem.
Nosso
planeta é um sistema fechado onde tudo se transforma. Cada vida, cada uma das
espécies, cada vegetal ou mineral estão contidos na substancia do planeta onde
se prendem. Somos apenas efeitos transitórios deste movimento, como tudo o que
nos rodeia. Tudo é energia e, o ser, esta energia que energiza nosso corpo, é
parte, como a matéria também o é.
Quando
este momento efêmero chamado vida se findar, tudo continuará seu caminho, com
seus elementos dentro desta substância que os engloba, assim o mundo segue
imutável e a energia do que chamamos vida também.
Até lá
somos um cardume fazendo coreografias graciosas e coloridas ao caleidoscópio da
vida.
21/04/14
www.tony-poeta.blogspot.com
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