sexta-feira, 4 de abril de 2014

UM SER DO ACASO - Nascimento e família.

UM SER DO ACASO

Nascimento e família.


Um planeta vivo envolto de uma estranha energia que o movimenta, um pequeno planeta periférico de uma imensidão desconhecida e ignorada. Esta é a cena inicial de tudo que compõe esta esfera ovalada a que chamamos terra.
De uma ínfima junção de energia, com colaboração de dois seres nasceu uma massa disforme, confusa que se multiplicou como possibilidade de ser. Neste acaso que não sei se consentido mutuamente, ou fruto de agressão unilateral descobri-me ser.
De inicio não sabia o que era: apenas via uma massa que se desprendia de mim e já tinha forma definida de tamanho gigante para as parcas sensações que possuía.
Conforme me conformava à massa se desprendia e formava fronteiras e o que era um anexo de minha massa criava atividade própria diferente da inexistente atividade que eu possuía.
Parte de mim me submetia e ao mesmo tempo me mantinha vivo. Para viver dependia do que perdi e a parte destacada exigia que eu a amasse e obedecesse para eu continuasse a existir. Sem saída amei e odiei esta parte destacada que me dava o liquido branco chamado leite: Ora sugando-o avidamente, ora mordendo raivoso sentindo a perda de minha integridade total.
A quebra deste todo que imaginava: eu fruto de uma insignificante descarga da energia do planeta, mas que a meu ver fazia-me único; tinha que cindir meu solipsismo em dois, naquele que eu sentia e no outro que se desprendia, mas ao mesmo tempo me cuidava e mantinha-me vivo.
Estava eu no mundo num estranho contrato: Ceder parte de minha onipotência a troco de continuar a existir. Um contrato unilateral sem avalista que me faria pertencente a uma espécie por onde iniciava meu reconhecimento e descobria que não era planta nem, outro animal: apenas um animal humano, pertencente a uma espécie com história e regras próprias.
Estranha relação de espelhos com contrato particular, amar e odiar o que julgava ser eu mesmo, na missão impossível de auto apaixonamento.
O espelho em que me via aos poucos me fazia parte do que já era e não sabia.
Aprendi que tinha um corpo ao olhar minhas extremidades arredondadas; que por meio de grunhidos chamados choro, podia ficar confortável e alimentado e, da mesma maneira repudiar o que sentia como agressão e estranho, um duplo de eu mesmo com uma parte destacada ensinando-me a ser humano.
Ali comecei a me conhecer e identificar diferente do outro que me espelhava.
Um terceiro apareceu, não era eu nem minha parte. Uma agressão que mudava o contrato ampliando obrigações e retornando obediência.  Descobri que tinham outro e outros que me cercavam e ali estava um núcleo onde eu era apenas uma Majestade manipulada e obediente. Assim virei gente.
Descobri que meu duplo era a parte social que teria que aprender e o terceiro e estranho elemento ditaria as regras que seria obrigado a aprender. Sem opção neste contrato imposto por imagens teria que achar uma identidade que justificasse o nome ao qual fui apelidado como expectativa da esperança do grupo.

04/04/14

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