sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A CONJUNTIVITE



A CONJUNTIVITE


Gerson acordou com os olhos coçando e doendo. Foi ao banheiro e olhou no espelho:
- Nossa! Estão vermelhos, deve ser conjuntivite.
Lavou demoradamente o rosto, cuidando para não ir sabão aos olhos e a seguir banhou as duas vistas longamente com agua fria. Sentiu muito pouco alivio.
Colocou o café na cafeteira, tomou o desjejum incomodado.
- Que porcaria isto! Esbravejou, e continuou, logo agora que estou sozinho! Vou ter que dar um jeito.
Procurou nas suas gavetas bagunçadas o cartão do oftalmologista. Quinze minutos depois achou. Teve dificuldade para enxergar o telefone do mesmo, além da miopia a irritação embaralhava a visão. Conseguiu ler. Anotou em um papel em letras garrafais para não ter que olhar de novo. Sempre foi muito metódico. Telefonou:
- Não tem horário para hoje, falou a secretária do outro lado da linha, só para daqui há quinze dias.
Argumentou que era cliente, explicou a angustia que o acometia, e nada.
Por fim falou:
- E se pagar a consulta?
- Possa ver um encaixe. Aguarde um momento:
- Daqui há quarenta e cinco minutos pode vir, são trezentos reais.
- Está bom! Desligou e ficou pensando enquanto se arrumava. – Que porcaria de Convênio, mas é melhor pagar do que ficar sofrendo.
Pegou a chave do carro, lembrou: Sem enxergar não dá! Vou a pé ou chamo um taxi. Pensou – Vou caminhando, em meia hora chego lá, dá tempo. Saiu.
O sol forte o fez ficar suado. Parou na farmácia ao lado do prédio do doutor e comprou um desodorante:- Até fazer a ficha e pagar eu seco, pelo menos não vou ficar fedido.
A consulta foi rápida, o facultativo passou um sabão próprio para lavar os olhos e um colírio, mandou ainda fazer compressas mornas antes dos procedimentos. Foi direto até a farmácia.
- Cento e vinte reais, falou o balconista. Que coisa cara, pensou, mas tem que ser estéril, senão em vez de curar cega. Vá lá!
Voltou de taxi. Foi direto fazer as compressas.
- Aonde esquento a agua? Não sei onde fica nada, pensou. Logo mais lembrou Geisa, sua filha, esquenta a mamadeira no micro ondas. Procurou onde esquentar.
- Não pode ter friso que irradie a luz, olhou, olhou, nada.
- E se colocar um copo? O micro ondas não estoura e o copo? Sei lá! Vou tentar.
Encheu o copo:- quantos minutos? Não sei! Pensou mais um pouco...
- Vou experimentar cinco segundos, falou sozinho. Ligou a máquina. – Não estourou, mas está fria! Exclamou. Programou para mais cinco segundo, a água ainda estava fria. Na sexta vez ficou mais ou menos: - Agora já dá, pensou com um sorriso nos lábios.

Fez as compressas, ainda bem, que achou a gaze de maquiagem da esposa, não estava na receita e não lembrou de comprar: - Como mulher usa cremes! Ainda bem!
Sentiu algum alivio. Pegou o sabonete de olhos. Experimentou: - Parece o creme de barbear. Hesitante lavou os olhos demoradamente: - Só falta o colírio, exclamou aliviado.
Abriu a embalagem e retirou o pequeno recipiente: - Que coisa, deve ter muito pouco liquido nesta coisinha. Não posso desperdiçar, o prejuízo já está grande!
Colocou os óculos e procurou o picote para abrir o lacre da embalagem. Não conseguia enxergar. Tateou para ver se ajudava, nada! Procurou uma tesoura nas coisas da esposa:- Achei!
Cortou o lacre, levantou a bisnaga de colírio em direção aos olhos após se entortar todo e parou. Não vejo o buraco, vou perder a gota, resmungou. Colocou os óculos.
- Agora sim, consigo ver o orifício, lá vai...
- Bosta! Perdi a gota, não retirei os óculos.

03/10/14
Tony-poeta.


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