sexta-feira, 31 de outubro de 2014

PASSARINHO -cronica -



PASSARINHO



Vivia de caridade no pequeno município, com certo retardo mental, órfão, sem parentes, andava pelas ruas cantando o que ninguém entendia. Morava num barraco que herdou dos finados pais, comia conforme lhe davam; sempre uma alma penitente ofertava um prato de comida. Agradecia e cantava.
Pequenos furtos começaram acontecer na comunidade, não se encontrava o autor, culparam o pobre cantor. Mesmo nada encontrando, foi preso ao bem da ordem pública.
Não se abalou na cadeia, tanto fazia para ele, apenas mudou a cantoria, cantava assim
Andar e cantar
Ser preso e cantar
Eu vivo a cantar.
Desafinado e sem ritmo cantava o dia inteiro.
O carcereiro, no primeiro, dia imaginou que ele logo ficaria cansado e se calaria.
Ele continuou a cantar.
No segundo dia mandou que ele calasse a boca.
Não foi atendido, ele cantava como sempre cantou.
No quinto dia deu-lhe uma sova.
O cantor mudou a música e, a cidade achou que o carcereiro estava certo, pois o cantor não seguia as regras do presidio.

31/10/14

Tony-poeta

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