sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

AS POMBAS - crônica.



AS POMBAS
Papa Francisco e as pombas


Em vinte e seis de janeiro deste ano, orando pela Paz na Ucrânia, longe de acontecer, mesmo se passando quase um ano, o Papa Francisco, juntamente com duas crianças simbolicamente soltaram duas pombas brancas, num apelo ao fim da revolução.
As aves recém libertas pouco voaram, logo uma gaivota e também um corvo as atacaram com ferocidade, como que avisando que eram intrusas neste território. Não sei se sobreviveram, porém uma lição pode ser tirada do episódio: A natureza é individualista e xenófoba.
Sim, toda vida orgânica ocupa um território e destrói qualquer invasor. A imponente árvore que se destaca na paisagem, só tem seu grande porte devido à sombra que cria, impedindo que a luz solar faça nascer qualquer outro vegetal que venha a disputar seu espaço. Suas raízes cada vez mais emaranhadas na horizontal e na vertical impedem que outras plantas acessem a água e os nutrientes necessários para sobrevivência. Sua imponência existe pela destruição e pelo egoísmo.
Uma galinha machucada no galinheiro será atacada, comida viva pelas suas companheiras.
Uma vizinha que colocava um bebedouro para os delicados beija-flores, aliás, inadequado por transmitir algumas doenças, só se convenceu de sua infelicidade de escolha, devido ao número exagerado de brigas entre os passarinhos, não só os colibris, como as corruíras e outras aves da redondeza, disputando que seria o “dono ou a dona” da água doce.
A natureza não tem doçura, a guerra é sua harmonia, sempre ao lado dos vencedores.
Animais matam e expulsam os estranhos, a etologia cita exemplos em todas as espécies animais, basta ver os estudos de Conrad Lorenz considerado o pai da mesma e seus continuadores.
Parasitas e bactérias, atacam o ser vivo que lhe fornecerá alimento com desmedido furor, geralmente levando o mesmo a morte e praticando um auto extermínio por falta de limites, muito semelhante a humanidade atual.
Não adianta falarmos que se trata de seres inferiores, todos temos a mesma idade no planeta, apenas habilidades diferentes: Se o homem aprendeu a construir moradias, o João de Barro já as fazia antes; se aprendemos a voar com nossos aparelhos, os Urubus voam no momento que acharem adequados; os Tatus já faziam os tuneis que nos orgulhamos e os Castores suas represas. Talvez a única criação autenticamente inovadora dos Homens sejam as bombas de destruição; fora isto copiamos.
Certa vez conversando com um garimpeiro, este relatou que em determinado lugar, na massa feita para assentar tijolos, com a parede já levantada, um diamante apareceu na superfície. Explicou que é normal tais pedras buscarem a superfície, como que procurando mostrar sua pujança.
Este fato me recordou, que no primeiro ano de Medicina, um cadáver que estava sendo dissecado, teve como causa mortis um cálculo biliar. Uma grande pedra da vesícula biliar procurou saída formando um canal artificial até o intestino do infeliz falecido.  Deve ter provocado uma dor intensa. Este cálculo de matéria cálcica, buscava se mostrar e cavava um túnel de saída, como o diamante recém relatado.
Pode ser que até a vida inorgânica, de maneira infinitamente mais lenta, busque o domínio a qualquer custo de seu território, se considerarmos o planeta como matéria viva.
O prepotente homo sapiens que se intitula humano, não tem o poder que se auto convenceu de dominar a natureza, apenas a está destruindo, como qualquer parasita ou bactéria patógena.
O que nos tornará humanos, o que ainda falta muito, é mudar o paradigma que nos envolve, como todas as espécies do planeta, começar a construir, ao invés de destruir e passar a amar e respeitar o seu semelhante, de modo fraterno e repartindo por igual tudo que for necessário para se viver com ética e dignidade.
Só com a materialização real da Utopia, todos tratados para melhorar a humanidade são utópicos, mas sua materialização nos possibilitará viver o que parece impossível, é aí que poderemos ser chamados de Humanos.

12/12/14

Tony-poeta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário