HORA DA
SAUDADES
Certo dia João Rogério, técnico em informática, achou que não
era certa a bagunça que fazia e, resolveu de uma vez por todas colocar ordem na
vida.
Programou o celular para determinar a função: desde a hora de
acordar, tomar café, almoçar, até a hora correta que iria repousar. Não
esqueceu o horário do jornal da televisão, a hora de pensar bobagens para
esquecer o trabalho. Para pensar na vida colocou quinze minutos: era o horário da
saudade, iria lembrar a infância, o amor perdido de Maristela e os colegas de
escola, foi lá que a conheceu e nunca mais a encontrou.
Mas o tempo traiçoeiro, todo cheio de melindres começou o
instigar, cada dia que passava, mais ele se agoniava esperando o horário da
saudade se anunciar.
Nesta hora ele sentava, na cadeira mais confortável, sorria ao
se lembrar das coisas singelas de outrora e logo escondia a lágrima, contida,
que nem ele queria olhar.
Todo dia nesta hora, onde a lágrima se escondia, o celular no
seu trinado dizia:
- Já é hora do jantar.
24/01/15
Tony-poeta
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