A BALANÇA - crônica
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Dona
Ofélia estava fanática por dietas, no mês anterior ao fazer exames médicos
verificou que o colesterol estava alto: - Trezentos e onze, dizia ela, um
absurdo! Para complicar estava quase obesa, conforme acusou a reguinha do
médico ao verificar o Índice de Massa corporal, o famoso IMC.
Estava
fazendo um rigoroso regime, tomando medicação e fazendo caminhadas cada dia
aumentando a distância e, não se importando com a dor no corpo que sentia a
longa inatividade.
Chegou a
exigir uma balança e um aparelho que parecia um compasso para medir a gordura
corporal. Não aceitou qualquer balança, fez Pedrão, seu marido comprar um
modelo eletrônico, de alta precisão que acusava até gramas.
No meio
de todo este ritual, até com ares religiosos ficava nervosa com seu marido:
Pedrão, obeso convicto, vereador na pequena cidade de Ipê Florido, todo final
de tarde se reunia com os correligionários. Bebiam a cachaça local, alguns
engradados de cerveja, muitos petiscos gordurosos que o Bar do Vandeir, seu
vizinho, fornecia sempre quentinhos, feitos na hora e ficavam até depois de
maia noite.
- Isto é
um suicídio, dizia ela, sempre preocupada na contagem de gorduras e calorias.
Certa manhã
acordou com uma ideia brilhante:
- Coloco
a balança no Hall de entrada, sugiro delicadamente [era realmente uma pessoa
fina e delicada] para que se pesassem na entrada e saída, e pelo próprio raciocínio
tirassem suas conclusões.
No
primeiro dia todos se pesaram, exceto o Zé Palmito e o Profeta que pelo apelido
já se podia deduzir que eram magros; todos se recusaram a fazer a pesagem na saída
e se retiraram, no horário de todas noites com ar um tanto preocupado.
Tarde seguinte
tiraram os sapatos e botas antes da pesagem de entrada, saíram sem pesagem
novamente.
Na
reunião seguinte o Seu Vandeir quase não vendeu salgados e a cerveja diminuiu
para menos do que a metade: - A cachaça dá menos volume, diziam...
Cinco
dias depois, marcaram um outro ponto de encontro com menor vigilância.
01/02/15
www.tony-poeta.blogspot.com
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