INSTANTE E ESPAÇO
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A vida é o instante:
Um lapso apenas,
Onde o calor do sexo
Em um momento de amor
Ocupa o Universo.
O cotidiano é o espaço
Onde jogo sapatos e meias.
Viver é preencher espaços
Esperando instantes.
Do sexo, o instante a dois
Gera espaço duplicado
A casa organizada
Com os sapatos na sapateira.
Ela é o espaço
Que se preenche com tranqueiras
[Recordações individuais]
Tudo dividido com o tempo:
Lado esquerdo da cama
Lado direito da escova
Cozinha da mulher
Churrasqueira do homem.
- O homem deixa a louça engordurada...
- A mulher põe pouco sal no churrasco
O criado mudo do homem
Tem o emblema do Palmeiras
Da mulher, foto dos seus pais
E da Santa Companheira.
Ninguém toca no criado mudo do outro.
A casa fica na sala:
A cama de casal,
Lugar de se dormir a dois
Roubando o lençol
É uma invasão de espaços
De linha imaginária
Que gera resmungos.
Banheiro é dividido
Quando não individualizado
Do homem e da mulher
Tudo se tornou hospedagem.
Só restou a sala
Dividida em pedaços
Projetada pelo arquiteto.
Cada um na sua poltrona.
E o instante?
- foi expulso no espaço projetado...
Não cabe instantes na sala:
Antes dos filhos
Valia a mesa e o sofá da sala
Até o banheiro do avião...
O movimento roubou o espaço.
Filhos crescem
Cacarecos amontoam
Preenchem mais espaços.
O instante foge ligeiro
O culpado arquiteto
Ainda continua desenhando
Desenhando espaços
Onde não há o instante.
Se o instante é em qualquer espaço
Espaço cheio de badulaques
Não acomoda o instante
10/10/14