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O CÃO MARROM
Ficava quase o dia
todo em cima do carro olhando a rua. Era um cão marrom, de porte grande. O fato
acontecia dentro de meu campo de visão quando lia na sacada. A casa era, e
ainda o é, de um sobrado geminado em meio terreno, onde a pequena garagem justa
para dois carros, que era seguido por um corredor, onde de um lado ficavam as
janelas do imóvel e de outro o muro relativamente alto. No fundo era visível
uma edícula coberta.
A casa possuía dois
cães, o grande que ficava em cima do carro e um pequeno de pelos negros que
parecia ter medo de acompanhar.
O cão maior brincava
um pouco com o menor: faziam aqueles jogos que cachorros gostam de realizar e
logo subia no carro. Dali conseguia olhar a rua e, de vez em quando ficava
sobre duas paras para ver melhor. O muro com cerca elétrica não o permitia
passar do carro, já vi cães andando em muro. No caso fazia do carro sua
vigilância, já que os vizinhos, os quais não conheço, saiam com outro carro e
só voltavam quando escurecia.
Há dez dias apareceu
um novo cão, este marrom escuro, maior que o antigo morador, que se juntou aos
dois e continuaram com os folguedos habituais agora com mais um elemento. O
cachorro antigo continuou no posto de observação, olhado pelos outros, sem
alterações na rotina.
Cinco dias atrás, o
cão escorregou e caiu entre o carro e o muro, provavelmente pelas unhas
crescidas de animal preso. Parecia que o descuido se motivara por exibição ante
os dois companheiros, tendo ficado em pé sem os devidos cuidados.
Era no inicio da
tarde. Não ouvi nem um gemido, nem um sinal de vida. Os dois companheiros
ficaram estáticos olhando, quietos, muito quietos.
Nada poderia fazer por
não haver ninguém na casa e não conhecer os animais. Só restava esperar a
chegada dos donos, que aconteceu quando estava em outra atividade.
Nunca mais vi este cão
aparecer. O novo habitante assumiu o teto do carro e manteve a vigilância da
rua, como que se houvesse um protocolo que na ausência de um o outro
assumiria. O cão pequeno continuou no
chão.
Certamente o animal
morreu, mas até hoje olho na esperança que mesmo mancando aparece para brincar.
08/09/13
Tony-poeta
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