domingo, 8 de setembro de 2013

CÃO MARROM



 
imagem Google

O CÃO MARROM


Ficava quase o dia todo em cima do carro olhando a rua. Era um cão marrom, de porte grande. O fato acontecia dentro de meu campo de visão quando lia na sacada. A casa era, e ainda o é, de um sobrado geminado em meio terreno, onde a pequena garagem justa para dois carros, que era seguido por um corredor, onde de um lado ficavam as janelas do imóvel e de outro o muro relativamente alto. No fundo era visível uma edícula coberta.
A casa possuía dois cães, o grande que ficava em cima do carro e um pequeno de pelos negros que parecia ter medo de acompanhar.
O cão maior brincava um pouco com o menor: faziam aqueles jogos que cachorros gostam de realizar e logo subia no carro. Dali conseguia olhar a rua e, de vez em quando ficava sobre duas paras para ver melhor. O muro com cerca elétrica não o permitia passar do carro, já vi cães andando em muro. No caso fazia do carro sua vigilância, já que os vizinhos, os quais não conheço, saiam com outro carro e só voltavam quando escurecia.
Há dez dias apareceu um novo cão, este marrom escuro, maior que o antigo morador, que se juntou aos dois e continuaram com os folguedos habituais agora com mais um elemento. O cachorro antigo continuou no posto de observação, olhado pelos outros, sem alterações na rotina.
Cinco dias atrás, o cão escorregou e caiu entre o carro e o muro, provavelmente pelas unhas crescidas de animal preso. Parecia que o descuido se motivara por exibição ante os dois companheiros, tendo ficado em pé sem os devidos cuidados.
Era no inicio da tarde. Não ouvi nem um gemido, nem um sinal de vida. Os dois companheiros ficaram estáticos olhando, quietos, muito quietos.
Nada poderia fazer por não haver ninguém na casa e não conhecer os animais. Só restava esperar a chegada dos donos, que aconteceu quando estava em outra atividade.
Nunca mais vi este cão aparecer. O novo habitante assumiu o teto do carro e manteve a vigilância da rua, como que se houvesse um protocolo que na ausência de um o outro assumiria.  O cão pequeno continuou no chão.
Certamente o animal morreu, mas até hoje olho na esperança que mesmo mancando aparece para brincar.

08/09/13
Tony-poeta

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