Do poeta JM –
Jovenal Maloa
Heterónimos
(Arthur Dellarubia &Lettya Nenny Shantaren)
Pobre demente mudo e triste por
rimar
Hoje
falei como quem calou por eternidades
Disso
tudo que me vinha a mente satiricamente
Expôs-me
a deriva de ser rejeitado e assassinado
Fiz
em mim renascer estas vivas mortas e mudas sociedades
Expôs
a nudez das nossas tristes verdades veemente
E
para alegria dos linguistas rimei, forçado
Rimar
é uma coisa extinta neste país – de certeza
Salários
não rimam com trabalhos – rimam com a pobreza
Mas
não falo dessas coisas a que muito nem mais as ligo
És
pobre!? O que tenho a ver eu com a sua pobreza mental!
O
facto de eu dizer o comum de coisas que temos de mal
Não
quer dizer que compreendo-te a alma ou que seja teu amigo
Vivo
falando nem sempre como hoje – hoje é uma excepção
Há
dias que comuns aos outros, acordo e a coragem me foge – sem acção
Calo
por saber da logica que isto resultara em um humilhante fracasso
Verei
de novo sociedades mortas e mudas e nela, eu inserido
Com
a mesma dela preguiça de levantar em mim os nervos de aço
Para
não tentar morrer neste dejavu triste moribundo e deprimido
Ai
lamentar não me basta e nunca me bastara!
Eu
sou mais que essa pobre sociedade que ignora e assiste
A
sua condenação na farsa do que é esta luta - combate a pobreza!
Que
pobreza!? Ele fala de algo que não conhece e nunca o matara
Pobreza
talvez tenha esta sociedade em não duvidar essas parvoíces
Parecemos
mais marionetas ou palhaços fartos de sorrirem tristezas
Ainda
continuo rimando! Que raridade é esta hoje?
Eu
fiz acima estrofes e versos que rimarem com as verdades
E o
poema com a ideia que acordei falando léguas mudas de palavras
Congeladas
a muito em minha goela que diz tudo e nenhuma verdade lhe foge
Mas
ainda me apoquenta a mente o medo e a deles maldade
Que
incinerarão as minhas e trarão a minha família tristezas e magoas
É
dai que para todo sempre irei calar e calar
Fechar
a boca e as mãos minha expressão congelar
Não
mover os dedos escrivão e os paralisar
Fechar
a boca e sobre as falcatruas e hienas deles não falar
E
fazer uma coisa que de certeza aos linguista vai agradar
Rimar
desnecessariamente e incansavelmente rimar
Jovenal Maloa – in textos Soberanos
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