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O ELETRO DEU NORMAL.
O eletro deu normal.
Como? Como pode o eletrocardiograma de um sexagenário dar normal? O que foi
feito da história de vida? Onde foi parar o aperto forte do coração no primeiro
amor, na ansiedade de comprar a primeira flor junto com aquele chocolate?
Onde ficou escondida
a sensação de fim de mundo, ao procurar a mulher que achava ser a de toda a
vida, e vê-la de aliança na mão direita sorrindo, dizendo: Poeta; vou casar em
janeiro. Lembro-me bem, nesta hora o coração entrou em taquicardia, a seguir se
recolheu e quis sair pelo botão da camisa, se não fosse fazer um anteparo com
as duas mãos ele teria ido embora.
Não entupiu nenhuma
veia naquela hora? Aquela taquicardia não deixou marcas. O balanço irregular
antes do encontro, com as batidas querendo sair pela boca não deixaram nenhuma extra-sístoles?
Sumiram os batimentos calmos das noites de amor, onde deitado no colo da amada,
o coração quase parava desfrutando e pertencendo a momentos de paz suprema?
Como o coração, que
me acompanhou em todos os movimentos da vida não ficou com nenhuma marca se as
lembranças fustigam diariamente, ora alegres e apaixonadas, ora tristes e
melancólicas com um saudosismo angustiante?
O coração não
acompanhou meu sentir?
Já sei: em tudo
esteve presente, vibrou, se estreitou e dilatou, quase teve infartos e bradicardias,
deu muitas extra-sístoles; mas como eu, caminhou, pois segue todo Universo onde
me espelho. Este caminha sempre, não para, nem retorna e, o que passou esfumaça
ficando a disposição do tempo, levada pelo vento que entoa seu canto de
recordações.
01/04/13
www.tont-poeta.blogspot.com
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