O ESPELHO
SÉRIE PENSANDO BOBAGENS
Ritinha,
de quem já falei em outra crônica, quebrou o espelho do banheiro. Culpa da
Dengue foi sua alegação:
-Tinha um
mosquito da dengue no espelho, disse-me ela...
-Mas
era mesmo da dengue? Perguntei; certo de que o desconhecimento era patente e,
qualquer pobre inseto que aportasse no recinto, seria acusado de mosquito e,
morto antes que a lagartixa que janta toda noite no restaurante banheiro a
atacasse.
-Era
sim, daí: peguei uma toalha e joguei no mosquito, falou ela e continuou: ele se
desviou com rapidez e o pano só bateu no espelho, que caiu e quebrou. Ele fugiu
pela janela, não tem perigo da doença.
- Tudo
bem, não tinha mais o que falar.
Passava
das seis, precisava, pelo menos achava que precisaria do espelho antes de ir
trabalhar. Uma casa tem vários espelhos, mas o do banheiro é especial.
Olhando
para ele escovo os dentes, não precisa. Todo mundo o olha, fazem caretas,
orienta a escova para todos os lados, como se precisasse de um referencial, e
depois de devidamente limpos, mostra a dentição como numa propaganda de dentifrícios
e pensa: está ótimo.
A barba
com um barbeador elétrico pode ser feita em qualquer lugar, mas sem biquinhos e
caretas parece que não está completa. A loção pós-barba nunca é passada sem
espelho. Por quê? Não sei.
Os cabelos
penteados sem o espelho do banheiro não ficam bons, bem como o bigode, e as
sobrancelhas, esta mais recente no preparo matinal, pois resolveu espetar os
pelos para cima, não sei justificar a rebeldia. Fico parecendo um marciano da
guerra com as estrelas. Também dá para ajustar os pelos em outro espelho, mas
ali atraí; como as mulheres são atraídas pelo espelhinho dos carros para fazer
retoques.
Realmente,
não sei bem o motivo, mas este espelho é indispensável. Como já havia fechado a
loja de materiais apropriados, fui ao Hipermercado e comprei um estepe: Um
destes espelhos de pensão de quinta categoria, com moldura de madeira, apenas
um pouquinho maior e apto ao meu despertar. Depois compro o adequado para
reposição e o chumbo bem na parede.
Colocado
o espelho, reparei que ele não muda e minha cara mudou de quando tinha espinhas,
quando ficava procurando um fio de bigode para parecer adulto, quando deixei
cavanhaque para parecer mais velho e me dar mais credibilidade, aliás, não
ficou bom e, agora com as papadas em baixo dos olhos próprios da idade.
Interessante, o tempo é estático e eu é que passo. Como começou outra bobagem,
deixo para outra ocasião.
Tony-poeta
18/04/13
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