SENSUALIDADE
Uma das
coisas mais difícil do ser humano é ser cem por cento espontâneo. É sabido que
agimos até em nossa solidão como que se houvesse outro a nos observar. Sentimo-nos
sempre plateia, mesmo nos momentos que solitários estamos fazendo balanço de
nossas ações passadas e futuras; chegamos até a conversar com este outro que
nos acompanha o tempo todo.
Pensava
nisto hoje ao esperar a balsa. O dia nublado e frio quebrava um pouco as
defesas das mulheres que iriam atravessar o canal, estavam elas distraídas se
encolhendo e teclando ou falando no seu companheiro de todas as horas: seu
celular. A vestimenta social é padronizada, outra tendência dos humanos, todas
estavam com calça jeans e uma blusa de manga comprida.
O que
me chamou atenção foi à sensualidade. Com as defesas um tanto enfraquecidas
ante a este outro que as acompanha, se preocupando com a temperatura e o
celular, a atitude ficou de espontaneidade. As mulheres, assim, elas mesmas,
com poucas preocupações estavam irradiando o glamour de seu corpo e suas
formas.
Logicamente
não me ative no fator beleza padrão nem idade, mesmo todas sendo jovens,
misturavam-se magras e gordinhas. O realce das formas que a roupa proporciona,
sem as posições forçadas pelo habito de se fazer atraentes, fez que este
conjunto natural realçasse o corpo e sua linguagem, sempre modificada por
modistas e as propagandas que acompanham suas teorias.
A sensualidade
na mulher não é a falta de panos, nem as sedas caras e os tecidos de moda, a
sensualidade é exatamente o mistério que esconde atrás de formas mais ou menos delineadas
um corpo de femea pronto para aceitar todos os afetos.
Realmente
a sensualidade fez sua morada num dia gris, mesmo com a pele encoberta. Mas se
fez inteiramente exposta e aberta ao mundo.
13/06/13
Tony-poeta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário