GIGI E A BONECA QUE LAMBE.
Dia nublado
e fresco, Gigi passa férias conosco. A levamos para passear como sempre no
Shopping, onde há o que fazer.
Dirigimo-nos
à loja de brinquedos, é a atração de todos que lá se dirigiram com seus
netinhos e netinhas. Parecia que todos tiveram a mesma ideia.
Estrategicamente
colocada estava a boneca que lambe sorvete. Já a conhecia; tinha sido divulgada
em um anuncio na TV paga no canal infantil, Gigi foi direto nela, tem países que
este tipo de propaganda é proibido, os olhinhos brilharam,
- É a
boneca que mostra a língua Gigi.
- Não
vovô, ela lambe, respondeu a menina.
Eu e
Ana olhamos as especificações, Gigi está perto dos cinco anos, ainda não lê.
Parecia uma boneca simples, muito simples e com um preço não condizente, será
que cobravam o mecanismo de chupar o sorvete? Convencemos a menina a olhar
melhor, a loja era grande e tinha muita coisa para ver.
Mais para
frente havia um Autorama completo, vários carrinhos de corrida. No meu tempo
não havia nada disso; quando meus três filhos homens eram pequenos comprei o
primeiro Ferrorama que saiu; não deu certo: eles jogavam muito, chegaram a se
machucar jogando xadrez, isto é, uma peça no outro, isto quando estavam em
desvantagem. O Ferrorama quebrou rapidinho, não deu nem para ampliar. Gigi era
meiga e compreensiva,
- Gigi
que tal levar este? Mostrando o Autorama.
- Não
vovô
- Dá
para disputar corridas.
- Não
gosto de corridas.
- Olha
os carros de corrida.
- Carro
é de menino, sou menina.
Voltamos
à boneca e levamos ao vendedor.
- O
Senhor abre para testar, pedimos.
- Já
vem testada de fábrica.
-
Queremos confirmar.
-
Querem que abra a caixa?
- Sim!
Olhou desconfiado,
ficou hesitante, por fim,
- Vão
levar a boneca?
- Sim,
claro!
Ao abrir
a embalagem percebi o motivo da má vontade em demonstrar o produto. Além de
simples, como já tinha notado, o mecanismo era o seguinte, na hora que você leva
a mamadeira à boca ela mostra a língua. Um mecanismo simples. Bastava um barbantinho.
Ele não abria a caixa, pois o comprador desistia. Ana observou a Gigi.
- Não
dá para tirar o vestido.
Lembrei-me
de Marizilda, minha irmã, só queria bonecas peladas. Morreu sem me explicar o
motivo. Quando tinha a idade da Gigi pediu uma boneca negra pelada, deve ter
dado muito trabalho a meu pai. Foi conosco e a boneca no almoço de Primeiro de
Ano no cliente de meu pai, eram os primeiros anúncios das cantinas de Treze de
Maio no Bexiga. Uma casa adaptada,
simples iniciando o que viria a ser ponto de referencia da cidade. O Sr. Giglio
nos deu uma mesa e ela ficou todo almoço com a boneca pelada no colo.
- A vô
faz um agasalho e uma calça comprida para ela, argumentou Gigi, muito rápida em
raciocínio.
Agora minha
netinha está com meu grampeador, clips, durex e outros materiais de escritório
fazendo uma cama com a caixa para a boneca que lambe.
O autorama
continua na loja e eu estou de volta ao computador.
Tony-poeta
16/07/13
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