A DECISÃO
Acostumado com a luta acirrada e a disputa de viver, sozinho
estava com a mente fervendo, e a pressão espremendo o crânio, que não podia
pensar. Tentava fazer o que sempre fizera: Racionalizar! Mas, mesmo as palavras
banais embaralhavam; ficavam desconexas em sua mente. Tentava pensar, não
conseguia. Ele líder, a voz que todos ouviam não conseguia pensar.
Parado, olhou aos lados: as cores esmaeceram em tons cinza.
Perderam o colorido. Mundo novo estranho sem destaque.
Como pode haver um mundo sem destaques para quem sempre
lutou para se destacar?
Aguçou os ouvidos, nem uma musica, nada! Afinal estava só,
mas a ausência de sons era estranha. Tentava escutar o mundo e este emudeceu.
Procurou se localizar. Não estava no mundo, mas este estava
presente. Estranha sensação. Como posso mudar a dimensão do pensar. Tentou
raciocinar e não se reconheceu. Não era presente, nem ausente. Perdera a dimensão de ser e estar.
Como posso decidir não estando? Perguntou a si mesmo. Não se
reconheceu: vivia, mas não era. Apenas estava em algum lugar defasado do mundo
que nada lhe exigia e, não havia lutas e desejos.
Parou, tentou saber quem era e se localizar; o tempo passou,
não houve registro. Já havia perdido a
noção de tempo. Será que ele existe?
Nesta madorna, perdido no nada ficou.
Um ruído de ondas começou a surgir e dançava saudoso
rememorando algum lugar, já passado. Encolheu. Sorriu: em posição fetal
adormeceu como um recém-nato.
Por certo noutro dia
acordaria diferente nascendo de novo. A decisão seria diferente de tudo que
pensara: calma, serena, dada por um ser que não conhecia e era ele próprio.
Adormeceu como criança, para nascer com novo formato.
20/10/12
Tony-poeta
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