segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PALAVRA E ESCRITA


PALAVRA E ESCRITA


 

Vira e mexe recebo criticas de que meus comentários são lacônicos e muito econômicos. Aconteceu de um poeta ficar seis meses sem comunicação comigo, devido este fato. Creio ser uma falha de minha parte, apesar de escrever às vezes com excesso de palavras, estas faltam nos comentários.

Analisando, lembrei-me da filosofia. Há três anos me indicaram o livro Pharmakon de Derrida. O livro analisava o dialogo de Platão, onde se discutia a palavra e a escrita. O termo deu origem a palavra farmácia e, a discussão versava sobre as possibilidades de a palavra, principalmente a escrita agirem ou como remédio ou como veneno. O livro encontra-se esgotado, não o li [Nietsche e Marilena Chauí também publicaram sobre o assunto, não li os artigos]. Porém me aterei às duas hipóteses, a partir do que sinto, portanto não filosófico.

No contato de duas pessoas, a fala é acompanhada de entonação, expressões verbais, expressões faciais e corporais, vibrações e processos inconscientes. As vibrações e os processos inconscientes são bem conhecidos na psicanalise, trata-se dos mecanismos de transferência, onde os inconscientes do médico e do doente se comunicam, formando novas informações. É um assunto bem discutido, a ponto de muitos psicanalistas em seus trabalhos confessarem não saberem, se o que foi exposto pertencia ao analista ou ao analisado.

Portanto, na linguagem verbal, mesmo havendo confusões ou mal entendidos, estes são poucos, e com possibilidade de correção no decorrer da conversa.

Quando se escreve um artigo ou uma poesia, este terá interpretações sempre diferentes por parte do leitor, entre outras coisas, entra a experiência de vida e de leitura de quem lê; o estado de espirito, as convicções intelectuais, a disposição de leitura.  Portanto, um mesmo artigo proporcionará uma interpretação particular a cada leitor e dificilmente será igual a quem o escreveu. Já bastante diferente da linguagem oral.

Na conversa virtual a coisa se complica: Os amigos virtuais dificilmente tiveram algum convívio entre si, moram em lugares distantes, com diferenças culturais e toda vibração de contato está perdida. Se houver uma linguagem mais intima ou profunda, esta se fará após muito tempo de contato, o que não é o caso de comentários de uma postagem na internet.

Quando meus filhos eram solteiros e trabalhavam em outra cidade, hoje estão casados, vinham a minha casa; entravam nas páginas locais para encontrar companhia e, fazer os programas de jovens. Iam as páginas da NET da cidade. Ficavam pouco no computador, aja visto que a conta do telefone me vinha quilométrica; ou seja, rapidamente mudavam para o telefone, utilizando a linguagem falada, que mesmo distante possuía entonação, risadas, chistes e outros elementos de aproximação, não existentes na linguagem virtual.

Creio que para comentários de postagens, como o que me propus no artigo, a NET equivale a um telegrama, comentários mais longos podem acarretar muitos mal entendidos; salvo se um ponto especifico for o tema da conversa.

Portanto sou convictamente lacônico, a não ser que a discussão seja técnica, o que nunca me ocorreu no facebook, aonde vou para distrair. É como penso.

 

15/10/12

Tony-poeta

 

 

 

 

 

   

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