PALAVRA E ESCRITA
Vira e mexe recebo criticas de que meus comentários são
lacônicos e muito econômicos. Aconteceu de um poeta ficar seis meses sem
comunicação comigo, devido este fato. Creio ser uma falha de minha parte,
apesar de escrever às vezes com excesso de palavras, estas faltam nos
comentários.
Analisando, lembrei-me da filosofia. Há três anos me
indicaram o livro Pharmakon de Derrida. O livro analisava o dialogo de Platão,
onde se discutia a palavra e a escrita. O termo deu origem a palavra farmácia e,
a discussão versava sobre as possibilidades de a palavra, principalmente a
escrita agirem ou como remédio ou como veneno. O livro encontra-se esgotado,
não o li [Nietsche e Marilena Chauí também publicaram sobre o assunto, não li
os artigos]. Porém me aterei às duas hipóteses, a partir do que sinto, portanto
não filosófico.
No contato de duas pessoas, a fala é acompanhada de
entonação, expressões verbais, expressões faciais e corporais, vibrações e
processos inconscientes. As vibrações e os processos inconscientes são bem
conhecidos na psicanalise, trata-se dos mecanismos de transferência, onde os
inconscientes do médico e do doente se comunicam, formando novas informações. É
um assunto bem discutido, a ponto de muitos psicanalistas em seus trabalhos
confessarem não saberem, se o que foi exposto pertencia ao analista ou ao
analisado.
Portanto, na linguagem verbal, mesmo havendo confusões ou
mal entendidos, estes são poucos, e com possibilidade de correção no decorrer
da conversa.
Quando se escreve um artigo ou uma poesia, este terá interpretações
sempre diferentes por parte do leitor, entre outras coisas, entra a experiência
de vida e de leitura de quem lê; o estado de espirito, as convicções
intelectuais, a disposição de leitura.
Portanto, um mesmo artigo proporcionará uma interpretação particular a
cada leitor e dificilmente será igual a quem o escreveu. Já bastante diferente
da linguagem oral.
Na conversa virtual a coisa se complica: Os amigos virtuais
dificilmente tiveram algum convívio entre si, moram em lugares distantes, com
diferenças culturais e toda vibração de contato está perdida. Se houver uma
linguagem mais intima ou profunda, esta se fará após muito tempo de contato, o
que não é o caso de comentários de uma postagem na internet.
Quando meus filhos eram solteiros e trabalhavam em outra
cidade, hoje estão casados, vinham a minha casa; entravam nas páginas locais
para encontrar companhia e, fazer os programas de jovens. Iam as páginas da NET
da cidade. Ficavam pouco no computador, aja visto que a conta do telefone me
vinha quilométrica; ou seja, rapidamente mudavam para o telefone, utilizando a linguagem
falada, que mesmo distante possuía entonação, risadas, chistes e outros
elementos de aproximação, não existentes na linguagem virtual.
Creio que para comentários de postagens, como o que me
propus no artigo, a NET equivale a um telegrama, comentários mais longos podem
acarretar muitos mal entendidos; salvo se um ponto especifico for o tema da
conversa.
Portanto sou convictamente lacônico, a não ser que a
discussão seja técnica, o que nunca me ocorreu no facebook, aonde vou para
distrair. É como penso.
15/10/12
Tony-poeta
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