PEC DAS DOMÉSTICAS, PORQUE INCOMODA?
Duas manifestações pessimistas chamaram minha atenção no
facebook. Duas senhoras de classe social privilegiada [ricas] se manifestaram
preocupadas com o PEC das domésticas e, manifestaram sua apreensão de forma não
muito clara, o que era esperado para quem não é habituado a falar desta classe
pobre da população.
Mas, o que incomoda?
Se olharmos com vagar, veremos que o propalado desemprego
não será tão importante. Esta população tem seus meios de, em outras fontes
conseguir a miséria que ora recebem. A maioria das domesticas tem condições de
se empregar como diaristas ou fazer pequenos bicos no mercado informal e, dada
a baixa remuneração atual, não haverá grandes alterações de ganho na ultima
categoria a ser libertada da Casa Grande.
As empregadas da classe mais rica, com raras exceções,
recebem bem acima do salário estipulado, portanto sem fatores de preocupação.
Quem na verdade receberá toda a pressão é o Governo, em seus
três níveis [federal, estadual e Municipal], independentes de cor partidária. Pelo
seguinte:
Boa parte de quem emprega uma pessoa como domestica [creio
que a maioria; não possuo esta estatística] são trabalhadores da classe média,
onde colocando uma pessoa em casa podem ter seu ganho e manter um determinado
padrão de vida, razoável, sem luxo.
Portando, se as domésticas libertadas do ultimo resquício da
escravidão do País levarão algum tempo para se adequarem a nova situação, elas
o farão por conta própria, quem vai necessitar de auxilio é outra parte da
classe laborativa [professores, secretárias, pequenos liberais, pequenos
comerciantes] que ficarão dependentes do apoio do Estado para trabalharem e se
manterem.
Esta demanda se dará principalmente em Nível Educacional, ou
seja: creches, maternal, escolas para primeiro e segundo graus. Se a estrutura
atual já é precária, esta nova demanda formada por pessoas exigentes: [lembre-se
que se retirou o filho de dentro de casa para colocar numa Instituição], trará
uma demanda realmente custosa.
Inicialmente estas escolas não poderão ter férias e serão
obrigatoriamente de tempo integral. O número de estabelecimentos tem que
aumentar significativamente, demandando novas construções. A exigência quanto à
especialização dos profissionais que irão cuidar de seus filhos será constante,
isto significa mais profissionais com salário adequado [o que não se vê hoje] O
método pedagógico será cobrado, o que levará a estudos contínuos com pedagogos,
psicólogos e outras áreas a fins, também custoso. Teremos uma verdadeira
revolução de ensino, com significativa melhoria. Bom, mas Caro.
O Idoso também demandará atenção, ou com o Sistema Hospital
Dia ou com Home CARE, uma vez que muitas das pessoas que trabalhavam como
doméstica cuidavam de idosos. Forçosamente teremos a contratação de pessoal da
área médica e também construção de espaços para acomodação dos mesmos. Neste
caso também afetará os planos de saúde, que terão de oferecer este serviço a
seus benificiários.
Como sabemos a Classe Dominante composta por Indústria,
Comercio e Imprensa detesta que o Governo gaste. Vimos na Bolsa Família um
protesto geral deste seguimento, contrário a pequena despesa do beneficio. [pequena
mesmo, em porcentagem do orçamento], alegando ser contraria a dar e sim ensinar
a pescar, certamente após o treinamento para a pesca venderiam a vara. [Pode
ser que não o fizeram anteriormente no Poder pelo fato dos futuros pescadores
não terem dinheiro para os ditos caniços]. Vimos também no Julgamento
Televisivo do Chamado Mensalão, o número impressionante de pessoas de Classe
alta que procuram o Gabinete do Ministro da Casa Civil, equivalente a Primeiro
Ministro em outros Países.
Esta ojeriza por gastos do Governo tem sua explicação:
Grande parte da Produção e dos Negócios deste País tem como destinatário o
Governo. O Governo compra; paga em dia, não pechincha e se o artigo tiver algum
problema será ele o culpado, com o produtor escudado atrás do Poder Central.
Como se diz na Linguagem Popular:” Todos querem mamar nas tetas do Governo”
Quanto mais caixa tem o governo, melhores negócios. Esta é a
ojeriza. Pouco dinheiro, pouco lucro.
Felizmente a escravidão acabou de ser abolida, agora começou
a Guerra de como suprir a tarefa destes funcionários tão desprezados e absolutamente
necessários.
30/03/13
www.tony-poeta.blogspot.com
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