sexta-feira, 21 de outubro de 2016

FLECHADAS

Flechadas
 
IMAGEM GOOGLE
Deserto é o campo,
Sozinho desorientado
Busco a muralha
Do castelo ingrato.

Flechas batem na armadura
Machucam muito
Não a furam
Fazem marcas por cima de outras marcas.
Marcas antigas de batalhas sem fim.
Em desespero e sonhos
Tento pular o fosso de crocodilos
Com pesado aríete
Cercado das flechas que batem em mim.
Assim são meus dias.

Que buscas o poeta?
Apenas um momento
De paz e alento
De caricias e beijos
De amor da princesa.
Um instante, um segundo
Que cá no meu mundo
Chamamos felicidades
Entre as flechas que cortam
Que trazem o passado
Presente ou longínquo
Da origem da vida
Da origem desta vida
Impulsionam-me para a paz
Naquele portal, porta escondida
Onde irei amar por poucos minutos,
Deitar exausto ao lado da fada
Sonhar e voar no meio de nuvens
Para levantar...
E logo depois
Por um motivo infame
Voltar as muretas
Entre enxames de flechas
Buscar outro amar
No meio das pontas
Que tento me esquivar.

Aquiles num dia
Invadindo Troia
No oraculo da deusa
Encontrou a sacerdotisa:
Amou e sonhou
No dia seguinte
No meio das flechas,
(Não sei porque voltou
Para o campo inglório.)
Morreu a lutar.
Apenas gravou a lembrança
Da pausa e do sonhar.

Na “dolce vita” Marcelo
Tentava escrever
Os sonhos da vida
Que buscava viver.
Chorou nas orgias
Castelos abandonados
Em instantes fugidios
De momentos acompanhados
Só conseguia no choro
Da desilusão
Escrever a juventude
Que há muito passará.
Não se matou
Como o amigo intelectual
Que tanto prezava
Amava a vida
O instante buscava
E nos encontros fugazes
Nem assim amava
Apenas escreveu
Na praia deserta
Com flechas batendo
Da busca da origem
Do nascer mineral
Quem sabe na mesma praia
Onde hoje era flechado
Inspirara-se num sonho tardio
Jamais realizável
Um sorriso adolescente
Da moça com toda pureza
Que de longe observava
As flechadas que angustiado
Em vão se desviava.

A vida é o poeta
Das flechas de sonhos perdidos
De sonhos fugidios e passados
Tento importa ser ou não realizados
Pequenas pausas de guerra
Da guerra do próprio viver.

Mas, o poeta insiste
Neste louco papel do meio da batalha
Escreve com a ponta sangrante
O futuro inexistente vivendo o presente
No sonho do passado
Nas areias da praia
Nas aguas do mar
Cria a poesia da paz
Que chama felicidade
Quem sabe na mesma localidade
Onde começou a vida
No primeiro vírus
Que formou no planeta
E também o poeta

Enfrentando a própria natureza.
O poeta faz poesias
Para não morrer.

22/10/16
Tony-poeta