A PULGA
Dr. Amauri atendia
calmamente quando viu uma pulga andando na manga da camisa branca. Instintivamente
levou a mão direita em direção ao inseto, mas este desapareceu como que por
encanto:
- Deve ter pulado,
pensou ele. Pulgas pulam e longe.
Imediatamente lembrou
que há anos não via tal praga. Olhou para a paciente.
Dona Dolores, uma
simpática senhora falava dos efeitos da medicação.
- Não me parece que
ela tenha pulgas, pensou ele. Enquanto ouvia a senhora pensava:
- Não pode ser. Hoje,
dia de acompanhamento, não encosto em nenhum doente, nem nela. Prestou atenção.
- Está limpa com roupa
limpa, não, não é ela. Será que foi a Josineide? Ela parece ter um montão de cachorros. Não! Estava
de short e camiseta tudo colorido como usa na praia. Pulga gosta de roupa
branca, não! Não foi dela.
Será que o Posto tem
pulgas. Nunca teve. É limpo, o encarregado é maníaco por limpeza, aprece
freira! Olhou para o chão, tudo reluzente de limpo.
Despachou Dona Dolores
e sua ladainha, atendeu Mari rapidamente.
-Será que eu trouxe da
casa? Não! Cidinha que trabalha para mim não tem o que fazer, fica o dia todo
limpando para justificar seu serviço, lajota não ajunta poeira.
- Então é o Zap! Não
pode ser, salsicha de pelo curto com banho semanal com anti-tudo e com
medicação no cangote nunca terá pulgas.
Despachou Mari, foi ao
banheiro. Retirou toda roupa. Nada da pulga.
-Ela fugiu! Mas de
onde veio.
Entrou no carro
pensando. Olhou para o chão, cheio de poeira.
- Pode ser do carro.
Não! Não é. Nunca fui mordido, se morasse aqui morderia.
Deu a partida, olhou
no relógio. Eram três horas, acabara cedo naquele dia. Levou o carro para o Lava
- rápido.
06/12/13
Tony-poeta