sábado, 21 de julho de 2012

VIDA E CARNAVAL

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  VIDA E CARNAVAL


Dormi bem, mas amanheci com uma preocupação. Acordei pensando em uma escola de samba. Uma qualquer, não especifica. Estamos em julho, portanto longe do Carnaval. Só assisti em minha vida um desfile na Avenida São João em São Paulo, bem antes de idealizarem os Sambódromos.
Não que não goste de carnaval, mas sempre o frequentava em salões, nunca na rua.
 Ao mesmo tempo, preocupava-me dois amigos, ambos padecendo de um tumor; prestes iniciar o tratamento. Noticia que recebi por telefone, moram em outras cidades e há muito não os vejo. Teria relação?
Minha intuição dizia, sim. Mas qual?
Passei o dia pensativo, até que consegui entender este tal de subconsciente. Os dois se referiam à vida. O carnaval é o mito da vida de cada um de nós.
Todos nós saímos de uma concentração, onde nos preparamos para viver e, seremos um dia Mestre Sala ou Porta Bandeira. É o dia da nossa história, seja homem ou mulher.
A Comissão de Frente, com todos nossos ancestrais, vem solene, nos apresenta, marca o rumo na passarela, à reta de se viver.
Atrás as Baianas, estas avós alegres que cumpriram seu caminho, andam cadenciado no gingado desta jornada, Alegres, tem o sorriso de quem fez sua parte e, na dança de sua arte mostram que existe a caminhada; enquanto a bateria, marca com rapidez o tempo da passarela, no ritmo que contém a marcha de um viver.
Os Passistas e as Cabrochas, sempre prontos a assumir a bandeira, preparam dançando sua jornada, para o comando, que um dia irão assumir.
O Mestre Sala rodeia, marca o chão e delimita; marca a jornada segura que a Porta Estandarte terá que passar. Esta toda imponente, de corpo reto e sorriso contente, recebe e retribui mesuras, caminhando pela trilha, que ele está a marcar. A mulher representa o andar da sociedade e homem é quem a marca e, por onde esta pode caminhar. E os dois flutuando na dança cadenciada, vão seguindo a jornada e marcando seu lugar.
De longe as alegorias, que marcam cada um dos dias, que já deixaram para trás, seguem a bandeira, que tremula majestosa, marca o tempo social, que nasce dos dois amantes a sambar na passarela gloriosa, com seus sucessos e dificuldades;
O estandarte é a sociedade e o chão do Mestre sala o caminho que esta segue. Com a Comissão de frente, dando o rumo desta vida. E canta a vida. É vivente.
Tudo segue a passarela, tudo está a passar, mas como a vida é breve, o caminho vai acabar e a vida tão agitada, colorida, fantasiada, que o casal está a viver, vai terminar mansamente, ser dispersa e humildemente, ceder. Para que outro Mestre Sala e nova Porta Bandeira tomem a dianteira de novo desfile fazer.  
Assim se dispersa a escola e também a vida. Outra escola vai passar.
Este era o sonho, e a realidade que me angustiava. O medo da dispersão que todos temos.

Tony-poeta
21/07/12

VIM






VIM.



No fim
Só para ti
Vim.

Venci a gripe
Curei o cansaço
Aqui estou.

No fim
Só para ti
Vim.

Tarefas
Obrigações
Foram desculpas.

Só para ti
Vim.

Esperança
Em teus olhos claros
Havia.

Olhei só para ti!

Um beijo
Ardente
Mostrou:
Vim.

Calmo
No abraço
Em teus braços
Fiquei.

Fim.

Tony-poeta
s/ data

VOU BRINCAR


VOU BRINCAR


Vou brincar...
Vou correr...
Vou cantar...
Eu vou!
Vou buscar...
Vou sonhar...
Vou lutar...
Vou pensar
Para tentar entender
Para dizer...
Te contar...
O amor chegou!


Tony-poeta
s/ data

sexta-feira, 20 de julho de 2012

um fantasma

google  imagem

 

UM FANTASMA



Presença
Na ausência
É fantasma!
Um rosto
Disforme na multidão,
Uma mensagem calada,
Quem sabe cifrada,
Disparando o coração.

Quem és tu?
És sem formas, desconhecida.
Vem atravessar meu pensar
Trazes a mim, a angustia súbita
De amar...  talvez...
Mas a quem amar?

Quem és espectro que anda
Por entre ruas agitadas.
Levando-me a dor insana
De amar, sem saber nada?

Se existes só em sonhos
Sonhos de dor, bisonhos,
De carência e sofrimento
Andas e, segue os tormentos
De minha alma. Ao relento?

Na multidão que segue na calçada
No riso doido do sofrimento,
Enquanto o coração apertado
Faz da solidão o seu tormento
Segues, apenas segues ignorada.
Ignorando meu sofrimento.

20/07/12
Tony-poeta

DIA DO AMIGO

foto google

 

DIA DO AMIGO


Hoje abri a net e, todos os amigos se cumprimentaram. Realmente fiquei sensibilizado. É muito bom ter amigos; pelo menos virtuais, já que as amizades presenciais cada vez mais se escasseiam. Isto me fez recordar a partir da minha infância.
Não havia um final de semana que não fossemos visitados, ou saíssemos às casas de parentes e amigos. Domingo era dia de macarronada e visitas. As famílias sempre estavam unidas e animadas, os vizinhos davam sempre uma passadinha para o café e batiam algum papo. Só a noite eu, meus pais e irmã voltávamos ao confinamento do lar.
Nas férias, sempre viajávamos a casa de parentes. Lembro como se fosse hoje à conversa. Minha mãe e minhas tias faziam inicialmente o relatório de quem faleceu; como faleceu e, como ficou a família com sua morte. A frase:- Sabe fulano? Morreu! Tomava todo o inicio da conversa. Só depois se começaria a falar dos vivos e contar as fofocas.
Segredos, entre amigos: só em situações que despertassem grande vergonha. Fora isto, a vida era razoavelmente aberta. As pessoas expunham seus problemas e o circulo parentes e amigos que se confundiam, tinham interesse real de ajudar em uma solução.
O mundo moderno separou as pessoas e escondeu os amigos. Hoje se marca encontro no Shopping, às visitas domiciliares ficaram raras. Os problemas são discutidos em âmbito doméstico, de preferência no quarto do casal, para que ninguém tome conhecimento. O isolamento é muito grande.
Até os papos de boteco, onde sob o efeito etílico se apresentavam angustias e problemas; foram substituídos por Happy hour, com vestimenta social, onde problemas não entram.
Para testar a amizade hoje: experimente solicitar que algum parente ou amigo seja fiador de um imóvel que você irá alugar. A possibilidade de uma desculpa é mil vezes maior do que a de um sim.
A amizade ficou muito rara.
É com grande entusiasmo que vejo, de modo virtual, todos tentando ressuscitá-la. É muito válido.
Que todos possam dizer: FELIZ DIA DO AMIGO.

Tony-poeta


quinta-feira, 19 de julho de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AMOR

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AMOR




Amor é presença, compartilhamento e comunhão.

O amor é sempre presente. Não existe amor ausente.

Amor ausente é saudades. É o reboliço de afetos cercando lembranças. É sempre a ser realizado, é expectativa. Por isso angustia e trás dor.

Mesmo presente, o amor não é continuo. Tem pausas, às vezes longas, dai vem  sua consistência, ou a decepção.

Mesmo lado a lado, se não houver comunicação ou comunhão há distanciamento, Se persistir a presença é masoquismo e sofrimento, mas não é amor. Quanto muito será amizade.

Amor é a comunhão, com reaproximação continua física e mental de dois seres. É o máximo de proximidade.

É muito difícil manter o amor, pois este é equilíbrio e é sempre instável pronto a se desfazer.

Concluindo: amor, é o bom senso de dois seres, que se gostam e, cada um tem por obrigação manter um ponto de estabilidade.

É muito difícil amar. Amor não é ficar junto apenas.



Tony-poeta

19/07/2012


O HORÓSCOPO

 

O HORÓSCOPO


Adalberto preparava-se para ir à casa de Gustavo, seu antigo Patrão. Era sábado, vestiria camisa branca, pois não sabia a cor do dia. Era um fanático por horóscopos, não saia de casa antes de escutar o horóscopo diário. Como toda previsão que se preze, dá o planeta e a cor. Ele a seguia religiosamente.
Esta convicção deu-lhe problema nas sextas feiras, já que as cores de Venus são verde e rosa. Além de não combinar com o traje de trabalho, ele achava o rosa afrescalhado. Resolveu o problema indo seguidamente sempre nas vésperas dos sábados com as camisas da Mangueira, apesar de detestar carnaval. Sábado e domingo o astrólogo não ia, portanto não sabia a cor a ser usada, usava branco por ser neutra.
Adalberto era contador formado. Já fora casado e, o casamento não deu certo, a esposa falava que ele era chato. Separou-se na mesma época que morrera seu pai. Esta ficou com um apartamento que recebeu na herança. Ficou com outro e uma casa na Praia Grande, que nunca ia; era frequentada por seus sobrinhos, que só lhe traziam as contas, sem dar nenhum tostão. Mas como olhavam a propriedade, chorava, mas pagava. Ele mesmo não tinha filhos.
Já estava aposentado, com uma boa reserva no banco. Não gastava; além do trabalho sua vida se resumia em ir de sábado aos cinemas, era cinéfilo desde a juventude e uma vez por mês ia a uma boate e saia com uma garota, sempre diferente. Não repetia, dizia: O pião monta o cavalo e a mulher monta o pião e este está fodido. No final do expediente tomava uma lata de cerveja, só uma, no Bar do Seu Justino. Ultimamente comprou uma TV a cabo com internet, estava aprendendo a usar, fora das planilhas contábeis, a qual fazia com maestria no escritório de Assessoria Contábil onde trabalhava.
Chegando a casa de Gustavo, que lhe dedicava grande respeito, por ajudar seu desmiolado filho a tocar o escritório. O rapaz gostava da noite e não tinha nenhum senso de responsabilidade. Foi ele que ajudou a orientar o rapaz a assumir o escritório e deu as orientações, para tratar aquela clientela de comerciantes, com seus livros atrapalhados, que seriam ajustados para burlar os fiscais e se possível o Imposto de Renda. O Pai já tinha desistido. Ele conseguiu.
Vagner, logicamente presente era casado com Jaqueline, a Jake. Ele não gostava dela. Para ele era uma periguete que deu certo. A moça bonitinha, já havia saído com todos os rapazes jovens do escritório, quando foi admitida. Por fim conseguiu seduzir o Patrãozinho e para seu desespero, sentava-se a mesa a seu lado, sempre procurando um motivo para atacá-lo, na esperança que o marido o mandasse embora, pois ele sabia demais sobre sua vida.
Estavam sentados, junto com mais alguns convidados, falando dos novos ajustes fiscais e tomando uísque. Ele já estava alto, quando Jake, em mais uma de suas autoafirmações falou:
- Você não entende nada. Está ultrapassado.
Foi o bastante, alto e sem a cor de camisa do dia, já a chamou de periguete e desfiou todo rosário de incriminações da vida pregressa da moça.
Despediram-no na hora, falaram que depositariam no banco o que deviam, resolveriam com outro funcionário seus ajustes contábeis, e saiu aposentado e desempregado.
Já no Domingo, estava aliviado. Realmente precisava cuidar de si. Alugaria o apartamento onde morava e mudaria para o da praia; a reserva que tinha era suficiente até o final dos seus dias. Iria comprar as roupas para usar na nova vida. Para isto, estava apanhando no Google para saber as cores dos astros do sábado e domingo. Levaria roupas para cada dia da semana. Iria ao Shopping às três horas horário que este abria.
 TONY-POETA


OLHAR DO ENGANO


OLHAR DE ENGANO


Esta tal autonomia, meu tormento.
Que me mantém querendo outro ser,
Ganhei de presente de nascimento
No berço em que vi o mundo nascer.

Disserem-me ali: Antônio tu és!
E nisto está implícito o que farei.
Mas, por mais voltas que dêem meus pés,
Nunca outro, sempre o mesmo serei.

Se cresci inseguro, muito angustiado.
Muito não deu certo. Fico frustrado
Porque meio termo, jamais terei.

Se marcado fui, delimitado,
Por este tal destino que formei
No olhar de engano que me foi dado.


18/10/2011
TONY-POETA


quarta-feira, 18 de julho de 2012

A CARPIDEIRA

 

A CARPIDEIRA


Vai-te embora carpideira
Que ainda estou no cio
Não vem com brincadeira
Sua velha fofoqueira
Estamos só em abril
Vai-te embora carpideira
Diz que hoje estou no cio.

Se a vida é passageira
O inverno não chegou
A água corre brejeira
O pássaro a flor beijou
O galho todo em cacho
A primavera o encurvou
A luz inda tem facho.

Hoje não corro ligeiro,
A vida não me curvou,
Apenas dos passageiros
Sonhos, me aliviou,
A mente ficou ligeira
Vai-te embora carpideira
A vida inda é brejeira.

Se o tempo tira o vigor
Se é fácil se cansar
Fortalece o amor
É tempo de amar,
Com toda força e ardor
Vai-te embora carpideira
Vai chorar noutra ribeira.

O tal cupido danado
Passa a vida a flechar
Nada tem de passado
O dia é para amar
E a noite para sonhar
Vai-te embora carpideira
Vai chorar noutra ribeira.

Se o choro queres gastar
Morta da felicidade
És tu que irás chorar
De vergonha e saudade
Suas lágrimas vão rolar
Nesta dura insanidade
De não saber amar.

Vai-te embora carpideira
Que ainda estou no cio
Deixa de brincadeira
Se teu mundo é vazio
O meu na corredeira
Tem o encanto do rio
Vai-te embora carpideira
Que ainda estou no cio.

Tony-poeta
18/07/12








FERIDA


FERIDA


Assimilei...
Foi uma cacetada.
Ficou a ferida,
Profunda...

Tudo seguirá,
O rio nunca volta,
Só o oceano o espera.
A morte é certa.
Mas o choro d’água
Da nascente
Seguirá até a foz,
Sempre fazendo marolas,
Que sussurram a tua voz.


Tony-poeta
s/ data

terça-feira, 17 de julho de 2012

ACASO

ACASO


Se houver apenas uma chance em todo universo,
Não será acaso
SERÁ AMOR

Tony-poeta
18/07/2012

O AFETO E O CUIDAR


O AFETO E O CUIDAR.

João passou na farmácia e, comprou a melhor pílula, para não ter problema de ereção.  Foi trabalhar; a noite se encontraria com Maria.
Maria por sua vez estava indo ao Sexy-shop onde teria aulas de comportamento sexual no relacionamento. Pompoarismo e outras coisas parecidas, junto com a aquisição de roupas intimas excitantes e, alguns apetrechos, como camisinhas cheirosas e musical.
Ela não era nenhuma principiante, nem ele. Ambos já haviam passado dos trinta anos, mas o encontro era especial. Há muito se analisavam. Ela e ele executivos de empresas diferentes, os dois com desejo de formar uma união estável.
Ela bonita, com o corpo moldado conforme as revistas, com as medidas controladas e, duas faculdades, Uma posição invejável. Era exatamente o perfil que João imaginara.
Ele, com PhD. Nos EUA, falando três línguas, aspirante a cargo de diretoria, fazia musculação, surfava em finais de semana, tudo lhe conferindo um porte atlético. Era por sua vez a realização da imaginação de Maria.
Nesta entrevista de casamento, ninguém poderia falhar; daí os preparativos minuciosos.
A parte afetiva, logicamente era presente na cabeça de ambos, afinal um representava o sonho do outro, mas no momento era secundária, a performance era mais importante. A primeira impressão é a que fica; assim falavam os manuais. O afeto amor e cuidado não era o importante, na verdade passou a secundário.
Vamos supor que este casal se uniu. Formou a família. O padrão que será seguido manter-se-á, estamos na sociedade da tecnologia. Não se admite erros. O casal terá cada um seu banheiro, seu armário, manterá sua individualidade no que for possível e, no dia a dia em comum, caso um ou outro cometa pequenos deslizes; será olhado de canto de olho, que se seguirá por um período de silencio reprovador. Tudo ficará na base de calculo. Não pode haver desvio do padrão.
O cuidar cada vez mais perde espaço. A perfeição não admite cuidado, ela é matemática. Foi-se o tempo que duas pessoas iniciavam um relacionamento, para que cada um conhecesse o outro, o amparasse em suas falhas e construíssem um equilíbrio particular.
O caminho de acertos e erros não mais é admissível, as pessoas tem que estarem prontas, como um candidato a emprego. Os poucos momentos de carinho de um, tem que coincidir com a predisposição ao carinho do outro. O relacionamento se torna individualista e calculista; portanto de intensa fragilidade, a qual será sempre negada em nome da perfeição. A neurose prevalecerá no relacionamento e, não será admitida por nenhum dos dois.
Creio que a sociedade deverá voltar ao cuidar e a valorizar o afeto, senão ficará insuportável em pouco tempo. É apenas uma fase sem amor.

18/07/12
Tony-poeta




INDIFERENÇA

 

INDIFERENÇA

[não lembro quando foi feito]


Se o outro não se dá,
Uma casca o recobre,
Meu afeto para um cão
É dado.  Ele é:
Puro e nobre.

O doar e ser doado
Chama-se alteridade,
Se o outro não se doa,
Não há comunidade.

Rodeado de pessoas
Este ser puro e bruto
O rabo abana alegre.
Mostra este absurdo:
Não somos eletrônicos,
Mas afetos viventes.

O NASCER DO AMOR


Nascer do amor


O nascer do amor
Não é o desabrochar da margarida,
Pois a flor já nasce crescida
Sem nunca ter sido botão.
Ele é um verso, um repente
De um poeta, o coração.

E as trovas são doces e suaves,
São plumagens meigas das aves
Que nascem na primavera.
E a harmonia, de tão pura, é quimera,
Pois não se concebe na terra
Haver tanta poesia.

O nascer do amor
É revolução, guerrilha, guerra,
Que joga o coração vadio por terra
Semeando num instinto divinal
O mais puro e sublime ideal.


24/04/1968
Tony-poeta

segunda-feira, 16 de julho de 2012

PAUSA E VIDA

 

PAUSA E VIDA


Cai a chuva em forma de névoa escurecendo o dia. Tudo gris e sem cor. O caminho a Bertioga tem as árvores desfalecidas e molhadas, à direita e, o mar cor de chumbo, à esquerda.
As garças, que ficam nos pequenos cursos de água, que acompanham o caminho estão encolhidas e não exibem o garbo de sua silhueta. Raros cães das casas de caiçaras fuçam o mato, talvez a procura de algum osso esquecido.
Impossível não pensar na vida, tanto passada, como futura.
Chego à divisa. O Canal está sem cor, é apenas um prateado das nuvens e brumas. Os mergulhões, que sempre agitados afundam no mar por longo tempo em busca de alimentos, estão quietos em uma árvore, olhando o canal; protegidos pela vegetação do mangue. Raras gaivotas cruzam apressadamente uma margem à outra e, somem nas folhagens.
Os barcos, como as aves, estão ancorados sem sinais de vida e, sem as aves marítimas que costumam se empoleirar em seus mastros.
A água fria faz com que peixes procurem os lugares mais fundos, onde é mais quente, e devem também estar quietos esperando o calor.
Ninguém se habitua ao frio nesta região, tem anos que ele nem aparece e, neste ano, alguns dias frios mudam os costumes e forçam a reflexão.
Uma fragata isolada, sem seu grupo, faz seu voo circular, não vê nenhuma ave com alimento para roubá-lo e, nem se atreve entrar na água fria; circula, circula e por fim penetra novamente nas nuvens e desaparece da visão.
A pausa contagia, neste momento não lembro mais de meus deveres que levaram ao caminho, mas, de meu trajeto do inicio ao fim como ser. Se não há o sol para extravazar otimismo, o cinza reporta a serenidade da introspecção. É hora de rever o momento, para no próximo sol, Em algazarra que nem as aves, no verde da vegetação e o azul das águas seguir em frente, resoluto e com objetivo de vida.
Esta é a hora de achar cor no preto e branco. É a pausa necessária para pensar.

Tony-poeta
16/07/12

reconciliação




RECONCILIAÇÃO



Se a ti minha poesia é dura.
Devido a ti faço versos fortes
Confusos, até obscuros,
Pois apesar de ver
Enxergo escuro
Na triste sina, de triste porte:
A sina dura de viver.

Se o amor é um barco
No oceano.
Banha-se na ilha.
-Tem água doce
Com coqueiros e vento.
Mas logo volto ao relento
Do mar revolto
Com velas arqueadas
Por um sopro maroto
Que me joga ao tempo.

Se a paixão é um Oasis
No deserto. Molho-me.
O calor é ardente.
Mas o vento se inflama
Joga areia. Turva-me os olhos
Apaga minha chama
Que só reacende
Nos meus versos duros
Talvez obscuros.



METAMORFOSE DAS COISA


METAMORFOSE DAS COISAS [26/10/1972]






Estou na forma didática do incomensurável,

Tentando:

Entender as formas que correm

Na sombra da vida,

Sem saber por quê.



Na busca dos sonhos

Das coisas que sofrem

Eu quero viver,

Buscar a beleza

Do sonho agitado

Na forma de ser.



Buscar o orvalho

Na fonte caída

No instante de vida.

O que é de você?



Correu a noite

O chope rolou

A noite saiu.

Saiu!  Sei de onde?

Ela chegou

Chegou alegre

Chegou tristonha,

Mas ela chegou!

Chegou à vida,

A vida chegou...



Mas o que?

Que será?

Será que o abismo,

Que corre no silêncio,

Pode existir?

Qual será a metamorfose das coisas?



Será?

Por quê?

O que há,

O que sonha,

O que busca?

O que corre no correr do existir?

O que ocorre

No correr do que virá?



26/10/1972

Tony-poeta