quinta-feira, 6 de março de 2014

TRAQUINAGENS

TRAQUINAGENS


Somos efeitos
Das traquinagens do planeta.

Ele brinca
Levamos a sério.

Faz arrumações
Onde arrumamos
Desarranja tudo
Como sogra ciumenta.

Esconde os afetos
Em baixo do tapete
E a gente se arrebenta
Sem ver os afetos trocados
Pelo vento sul.

E na fumaça
Que encobre o rosto
Na manhã chorosa
Vemos que somos tudo,
Somos todos
E não somos nada.

06/03/14
Tony-poeta
Imagem Google.


O PRIMEIRO

O PRIMEIRO


A televisão fazia uma chamada: “- Venha saber a primeira das frutas em valor alimentar.” Mostrava uma banca com grande variedade das mesmas e deixava no ar qual seria a líder.
Fiquei pensando na competição vegetal. Há muito tempo temos a animal, onde o leite materno lidera em proteínas sendo seguido do ovo.
 Minha duvida é: Qual a necessidade da competição? A alimentação em cada parte do mundo tem uma característica e o que é farto em um lugar muitas vezes é inexistente em outro.
Se repararmos bem, tudo visa à liderança desde a nossa infância. Dois priminhos comendo, a vó logo fala: Vamos ver quem come tudo. Os dois iludidos, além de disputar quem mais come, mesmo sem vontade, ainda vão querer saber quem acaba primeiro.
Vi mães que se o filho tirasse menos que A ia de castigo. Se não fosse o primeiro, nem sei o que acontecia.
O Barrichello fez uma das melhores carreiras que um automobilista pode fazer, foi o primeiro em numero de corridas, poles e daí por diante. Mas, não foi o primeiro da equipe. Nunca foi valorizado no País e ao contrario ganhou até música de gozação.
Na escola aprendi que o leão era o rei dos animais. Motivo de respeito, filmes e citações. Fui ler e na verdade o Rei Leão foge dos búfalos, hienas. Mas como o urro é imponente ganhou a fama, virou o primeiro.
Tudo e todos visam o primeiro: o primeiro a noticiar a morte de uma figura importante. O primeiro a citar uma noticia; o primeiro a chegar a um acidente; o primeiro a namorar a moça bonita que saiu da cidade e ficou famosa bem longe dali. Sempre o primeiro é a Tonica.
Como todos querem a liderança, a briga é inevitável. A inveja impera e a disputa do primeiro lugar atinge todos os relacionamentos sociais, até na vida do casal que está construindo uma família.
Diante do exposto, pergunto: Como fazer uma sociedade de iguais?

Tony-poeta
06/03/14
Imagem Google


quarta-feira, 5 de março de 2014

NO MATO

NO MATO


Com a roupa
Imitando mato
A moça sem sapatos
Andava a sorrir.

O mato da roupa
Andando no mato
Sem sapatos
Nem parecia existir.

Andando no mato
A roupa de mato
Começou a sorrir...
Plantado no chão
Não tinha sapatos
Tinha um botão
Dos lábios a sorrir.

Andando no mato
Com a roupa
Imitando mato
Era a natureza a sorrir.

05/03/14
Tony-poeta

Imagem Google

terça-feira, 4 de março de 2014

DOIS TEMPOS

DOIS TEMPOS


Em 1975 comecei a carreira de médico, atendendo o INPS e o FUNRURAL. O contato com a miséria foi chocante. Grupos de pessoas sem ter onde morar, andando de cidade em cidade em busca de um misero dia de trabalho como boia-fria era a regra.
Alguns fixavam moradia, alojados em casebres e eram manipulados por gatos, indo ao trabalho nas carrocerias de caminhão, com acidentes continuados e em boa parte das vezes fatais. Trabalhavam em um dia para comer no outro, senão era fome certa.
Por livre opção, mesmo muito desvantajosa monetariamente, passei a me dedicar a este povo que ou nasceu na miséria ou que os bancos tomaram suas pequenas propriedades, em anos em que o clima não ajudou. [O seguro Rural é bem posterior e os bancos fizeram a festa antes do mesmo].
O Funrural foi encampado no Regime Militar e a verba, segundo más línguas foi desviada para as “Grandes Obras” Itaipu, Transamazônica e outras. Continuei atendendo mesmo após a transformação em SUS juntamente com os necessitados nas três faculdades que lecionei.
O povo era humilde e quase pedinte, os dentes, quando presentes eram focos infecciosos; a verminose era geral juntamente com a desnutrição por falta de alimentos. A comunicação, sempre tímida e medrosa não possuía vocabulário, a morte era cotidiana para os pobres cidadãos. A situação no geral era digna de compaixão.
O operariado, por sua vez, era mal vestido no geral e o vocabulário pobre e, mesmo havendo alguma melhora em relação aos agricultores sem terras, não era importante. Era um avanço discreto.
Há doze anos estou trabalhando na Baixada Santista, coincidindo com o novo Governo. A mudança hoje é visível e alentadora; a comunicação melhorou, e muito, em termos gerais; o português falado [o escrito não testei] é coerente e com concordância e menor erro de palavras. A vestimenta segue a moda, mesmo sendo comprada em lojas de preços mais baixos, mas a noção do que se usa no momento é seguida, tanto por mulheres, como por homens.
A dentição está bem cuidada e o uso de aparelhos é freqüente, a saúde apresentou uma grande melhora, o grau de desnutrição praticamente desapareceu, bem como as verminoses. O povo está mais desinibido, alegre e saudável.
O problema de hoje é o numero de mães solteiras, que é grande, assumindo as famílias e, o numero alto de drogados familiares, portanto um problema social moderno e que atinge todas as classes, não mais uma parcela específica de pessoas sem renda e com baixa renda.
Este é um retrato do Estado de São Paulo do qual sou testemunha ocular. O engraçado é exatamente aqui que mais se reclama do Governo, não entendo.
04/03/14
Tony-poeta



A ARTE ESCAPA

arte Gustav Klimt

A ARTE ESCAPA


A arte
É o que escapa
Da matéria que nos recobre.

Holística
Só existe
Se estiver no ritmo da natureza.

Em cada traço da pintura
Em cada curva da escultura
Em cada molde de concreto
É obrigatório:
O verso
A forma da poesia
O glamour da sinfonia.

A arte não pertence ao artista
É apenas o re-encontro do poeta
Com todo o Universo
Do qual faz parte.

A arte não é do autor
Sempre existiu
É apenas retorno.

A arte
É o gozo do artista
Que fugiu da matéria
E como num pomar
Colheu os frutos
Que sempre estiveram lá.

04/03/14
Tony-poeta



segunda-feira, 3 de março de 2014

VENTO FRIO

VENTO FRIO


Hoje
O vento frio trouxe a solidão,
O calor disfarça.
No tempo quente
A vida... Mesmo sendo a mesma
Torna-se ardente
Na esperança de um coração.

Quando o vento bate em arrepio
A coluna eriçada, o pensar vazio
Dão conta que o nada
É um estorvo sempre presente
A busca do calor
Do sangue quente
Do agasalho
Lembra que o amor
É o tempo quente
Escondido na alcova.

03/03/14
Tony-poeta


FUTURO PARAÍSO

 FUTURO PARAÍSO


Estava fazendo uma pesquisa [séria] sobre religiões. Descobri que o final é sempre o mesmo: um mundo perfeito [na opinião dos autores].
Como Benjamin falou que o Capitalismo é uma religião, descobri que o apogeu do mesmo seria uma sociedade onde os robôs fariam tudo [substituindo de certa forma os anjos] e receberíamos tudo sem nenhum esforço. [oito bilhões? Sem apocalipse?  As guerras seriam obrigatórias]. Mesmo assim, Ótimo!
Já que nada teríamos a fazer, o mundo utópico capitalista seria um bacanal. Bacana! Diferente do mundo religioso onde anjos não têm sexo ou são hermafroditas.
Pensando bem, não haveria sexo no mundo eterno capitalista, sexo depende de desejo e se temos tudo, nada se deseja. [igualou tudo].
Com mais atenção vi que este mundo seria assim:
Assexuado.
Não teríamos o que conversar com os outros, o dialogo implica em dúvidas e esclarecimentos; lá todo mundo saberia igual. Portanto todo mundo calado. Nem aquele papo de fila única do supermercado que quando tem três caixas e vinte pessoas e uma está colocando credito no celular acontece. [não teria nem supermercado, nem celular, nem gerente para reclamar e ninguém entra em fila, tudo iria direto para casa.]
Não teria criança fazendo gracinhas ou quebrando vasos. Sem sexo, sem crianças!
Ninguém teria necessidade de caminhar, [caminhando se tem novas idéias] já que todos são perfeitos e o corpo não adoece. No mundo do capitalismo poderia acontecer que o computador enferrujasse ou adquirisse um vírus, mas o Pronto Socorro cibernético certamente teria seus Voltarem da vida e os próprios robôs levariam até ele.
Olhar a paisagem não teria graça, a mente superdotada sabe tudo que está no redor.
Livros: desnecessários, saberíamos tudo! Ninguém lê.
Música: monótona! A música ativa o raciocínio e o desejo; não precisaríamos pensar e não haveria desejos.
Concluindo: Se lá estivesse, procuraria uma máquina do tempo [na modernidade deve ter uma] e voltaria correndo para a imperfeita terra.

03/03/14
Tony-poeta
Imagem Google



domingo, 2 de março de 2014

ALAVANCA

ALAVANCA


Tudo estanca
Puxa-se a alavanca
Já pode cair...

Novamente

Estanca
Puxa-se a alavanca
Novo cair...

O mundo...
E a vida...
Apenas um muro...
Uma alavanca...

02/03/14
Tony-poeta

Imagem Google