sábado, 24 de novembro de 2012

DESPEDIDAS

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DESPEDIDAS


 

 

Detesto despedidas.

Ah, noite fria!

Escura, choras na cortina

Molhando o viver.

Viver é se despedir

Cada dia,

É um despir de sonhos,

Um abandono ártico

No frio dos lamentos

Dos sonhos abortados.

 

Cada noite

Encoberta

Descobre o abandono

E busco

Novas histórias,

Novos enganos?

 

24/11/12

Tony-poeta

POR ENQUANTO - pensamento


POR ENQUANTO


 

Por enquanto

Para melhorar o mundo

Temos que controlar o sadismo da vitória

E minorar o masoquismo da derrota.

 

Na vitória tem sempre um perdedor

O superior implica num inferior

Isto é um jogo.

O mundo de iguais não admite jogos.

É utópico

Mas é o objetivo

 

24/11/12

Tony-poeta

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

ATÉ LOGO


                                                            ATÉ LOGO


 

 

Paulo estava a trabalho indo ao banco, a pressão do dia a dia dava-lhe uma aparência fria e não sociável. Andava olhando ao chão, como que procurasse uma moeda de ouro enterrada no asfalto. Não via ninguém, o mundo era indiferente. Ele era ele, apenas.

- Boa tarde, ouviu uma voz quebrando sua introspecção, até assustou por um instante.

Olhou ainda sério e logo abriu um sorriso. Era Ione. Há muito que não a via. Estudaram sempre na mesma turma, eram amigos muito próximos, nunca tiveram nada, eram apenas amigos, muito amigos.

Rapidamente, como força a sociedade, cada um contou sua vida, sua família, seus filhos, gostariam de falar mais tempo, mas tempo não existe no mundo do capital, cada um tem que correr, e buscar a qualquer custo seu sustento numa guerra muda individualista.

Trocaram telefone e ao se despedir, como sempre o fizera, Paulo beijou a face de Ione.

Nesse momento viu que estava em outra dimensão. Não existia em pessoa, era apenas uma luminosidade que se espalhava, não havia profundidade, não havia espaço. Tudo que existia era apenas harmonia esparsa, numa dimensão desconhecida, onde as palavras não a definiam. Tudo era cor desconhecida de matizes suaves, um som vibratório invadia o ambiente, não havia musica ou instrumentos, talvez a expansão de si fosse esta musica que floreava o éter, talvez fosse cada vibração, daquilo que fora um individuo chamado Paulo, que sem dissonâncias, sem notas tônicas fizessem esta harmonia pregnante. Tudo eram paz e harmonia.

Quanto tempo passou em outra dimensão naquela fração de segundos de um beijo de despedida, não saberia dizer.  Pode ter sido um lapso de tempo ou uma vida, sabia ser ele e por ali passar, mas não tinha individualidade, era apenas uma força que se juntou a um todo que era paz.

Confuso viu Ione sorrindo seguir seu caminho. Olhou as paredes empoeiradas, até notou a cor, diferentes do outro mundo que conheceu, deu dois passos, olhou ao relógio e saiu de novo apressado com sua individualidade.

 

24/11/12

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poema 05/09/1997 -


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

vencendo a morte

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VENCENDO A MORTE


 

 

Tem a ciência

Tenta a ciência

Vencer a morte.

 

Avança a ciência

É lerda a ciência

Mas é prepotente.

 

Homem pesquisa

Se apega

Comemora.

 

A cada mínimo passo

Acha que vence a morte.

 

Mas só seu grupo pode viver

A cada remédio mil armas.

 

Pensa

Vou reinar eterno

Mandando.

 

A ciência é lenta

Passo a passo

Sonolenta.

 

Homem se apega e mata

Faz guerra e sabotagem

Morre como covarde.

 

A ciência traiu

Não deu eternidade

Maldade!

 

22/11/12

Tony-poeta

 

 

 

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

AS LOIRAS - serie pensando bobagem


AS LOIRAS


Série pensando bobagem


 

 

Não vejo novelas, mas Ana as vê. Passando em frente à TV notei uma cena com uma loira. Todo mundo vestido. Na novela anterior era: todos na cama em sexo semiexplícito e sempre com casais trocados, segundo informação da esposa telespectadora. Melhor que na Gabriela que teve sexo explicito no final.

Passei mais duas vezes e, as ações eram com loiras diferentes, ora em Istambul ora na nossa terra.  Era uma novela só de loiras, pensei!

Desprezou as outras cores; este pensamento aberrante veio acompanhado de uma lembrança: Num jornal do Interior de São Paulo, numa noticia de assalto, o texto dizia: “foi assaltado por homens de várias cores”. Realmente o mundo é colorido, deve ser que nem peixinho de aquário, um branco, outro negro, azul e assim por diante. Mas no caso presente temos uma só cor: loira. Se bem que os elementos masculinos têm cores variadas, como na noticia.

No Brasil temos 51% de afrodescendentes. Dos 49% podemos retirar os amarelos [os vermelhos foram vetados] sobram uns 45%. Destes a maior parte é branco; a grande maioria nasce e fica a vida toda de cabelos negros; porém uma parte descendente de europeus, na maioria nasce loiro e depois degenera e fica moreno [branco de cabelos pretos], portanto falsificados. Devem ser os artistas masculinos, não havia artista com cabelos amarelos nas passagens que dei.

Resta uma pequena parte que nasce loiro e se conserva loiro. Os quase autênticos. Digo quase, porque para ser autêntico tem que ter olhos azuis ou verdes. É o caso das artistas femininas. Acredito que quando nasce uma menininha loirinha de olhos azuis, os produtores imediatamente a coloca em observação. Se não degenerar, ou seja, mudar a cor dos olhos e cabelos, imediatamente é contratada para o cast de novela das oito.

Este processo tem suas falhas, se bem que poucas. Um médico conhecido meu, nasceu loiro, degenerou em moreno e com a idade começou a branquear os cabelos. Como assistia TV, viu uma propaganda de um liquido, que se passado diariamente no banho, conservaria a cor do cabelo e desapareceriam os cabelos brancos.

Começou a usar, igualou a cor do cabelo realmente, mas loiro como tinha nascido, hoje fica bravo quando os doentes se referem a ele como: O médico que ficou loiro depois de velho.

Como nasci loiro e degenerei, não fui contratado e amanhã tenho que trabalhar o dia todo. BOA NOITE>

 

21/11/12

Tony-poeta

 

 

FETICHE

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FETICHE


 

 

O homem não é de coisas

Coisas são do mundo

O ser é pensamento!

Faraós fizeram coisas

Levaram ao túmulo

Para transportar a outro mundo.

Foram profanados

Como peças de museu:

“Ninguém é enterrado duas vezes”.

 

O homem criatura

Tem o dever da criação.

Só se cria poesia.

Poesia é vida eterna

Não produz objetos.

 

Coisas e fetiches

São objetos.

Não há criação!

 

21/11/12

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terça-feira, 20 de novembro de 2012

PIOLA E A ALOPECIA AREATA

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PIOLA E A ALOPECIA AREATA


 

Após o trote da faculdade tive que raspar o cabelo, judiado e com falhas devido à recepção.  Sendo da segunda turma e com poucos veteranos; feito o habitual corte do cabelo e a comemoração alcoólica no barzinho da Prefeitura, nada mais de excepcional ocorreu.

 Indicaram-me o Piola como barbeiro.

Era uma pequena barbearia, de uma só porta na Av. Sampaio Vidal, ao lado do Bar Pinguim, era bem simples e, há muito não via reforma.

Piola ficava orgulhoso quando atendia os futuros médicos, falava de boca cheia que era responsável pelos doadores de sangue; sabia o tipo de sangue de cada um dos cadastrados, e que vez ou outra colaborava cortando cabelo e fazendo barba para os necessitados da Santa Casa.

A principio achei exagero, mas com o correr do tempo vi que realmente era importante sua colaboração. Não havia hematologista na cidade, as transfusões eram assinadas por médicos clínicos, não especializados. Quem tocava o serviço era uma Irmã que havia aprendido o serviço sem nenhum curso. O numero de cirurgias já era considerável, os acidentes com boias-frias eram constantes, com grande numero de vitimas devido ao transporte em caminhões sem nenhuma proteção: iam como carga.

As indústrias remanescentes de óleo de amendoim, não ofereciam segurança no trabalho, sendo comum, operários chegarem esmagados, pela pilha de sacos que caia sobre suas cabeças. Realmente esta coordenação voluntária pelo barbeiro, mesmo empírica, era de grande valia.

No terceiro ano, começou cair meu cabelo, formando placas de couro cabeludo liso em vários locais, sem nenhuma raiz aparente; a lesão era até brilhante, em formato de moeda, ou numulares como se diz em termos técnicos.

 A causa podia ser uma infecção na face, rinite ou sinusite; ou uma infecção dentária ou piripaque, todas plausíveis na minha pessoa. Tratamento, nenhum conhecido. Era esperar o cabelo resolver crescer. Tinha que me conformar; não se conhecia remédio na época. Pelo menos tinha um nome, já que não tinha solução, era denominada Alopecia Areata.

Como o cabelo são estivesse comprido, fui cortá-lo. Piola conhecia a doença e logo foi falando que sabia curar aquele mal. Bastava que eu lhe levasse um vidrinho, pequeno, com querosene.

Sabia que querosene deixa uma mancha amarela de péssimo aspecto, tinha umas oito lesões e, estas ficariam piores do que estavam. Hesitei, mas como a falha incomodava muito resolvi acreditar no tratamento, o único proposto. Levei o vidrinho cheio.

Piola misturou com algum capilar, na época se usava muito Pantenne, não reparei direito se foi o próprio. Após preparar o liquido, com um algodão aplicou-o em cada lesão, friccionando o preparado com vigor. Fez dois ou três dias o mesmo procedimento. O aspecto ficou péssimo, mas o cabelo voltou a nascer.

Não sei até hoje se o crescimento se deveu ao preparado ou se iria nascer naturalmente. Os professores atribuíram a uma reação a irritação que ele provocou com sua poção primitiva. A verdade é que rapidamente o problema foi corrigido. Creio que nesta hora foi meu dermatologista com bom resultado.

Com o tempo perdi contato com o Piola, nem sei seu nome, apenas o apelido. Soube apenas que merecidamente o mesmo recebeu após alguns anos de voluntariado o titulo de Cidadão Mariliense.   

 

21/11/12

Tony-poeta

 

 

 

 

 

DESCONHECIDO - pensamentos


DESCONHECIDO – pensamento


 

Nosso medo de buscar o desconhecido

É apenas o medo de encontrar,

No outro lado,

Nossas próprias limitações.

O medo é sempre de nos encontrarmos.

 

20/11/12

Tony-poeta

GRAVURA ENVELHECIDA

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GRAVURA ENVELHECIDA


 

 

Foi no lapso

Lapso do tempo

Aquele que você pediu:

- Colapsou

Minha recordação

Por ti.

 

Como gravura envelhecida

Da casa de minha tia:

“O menino negro

Mordendo melancia,

Tirado dum calendário”

Você virou campanário

Perdido na colina,

Entre nuvens.

 

Estás em outro mundo

És gravura perdida.

 

20/11/12

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domingo, 18 de novembro de 2012

Poeta, não é tua a tua poesia


claude manet
 

Poeta, não é tua a tua poesia.


 

Poeta

Tua poesia não é tua.

Foi jogada para o mundo,

A ele pertence.

 

Poeta

Teu poema, escrito com sangue,

Na pena fina de teus sentimentos,

Ora do amor lancinante

Que te atormenta e enleva

Em sonhos de felicidade,

Ora da ação repugnante

Do mundo que se destrói

Em sangue e guerra, desprezando a vida,

Marcas com ferro incandescente

O momento da eternidade.

 

Imprimes teus versos em neon,

Num mundo abstrato, no firmamento,

Onde brilham, num rio de lavras de emoção,

Para iluminar os amantes das formas

E das escritas, buscando o amor.

 

Poeta tu garimpas,

Com tua bateia a Via Láctea

Em busca de estrelas cadentes,

Buscas a mais bela

Com qual fara a tiara

Embelezando a musa ausente.

 

Poeta!

Teu sangue, na hora que corre vibrante

Pelo mundo,

Não mais é teu, nem teu poema,

Ofertas teu sangue e tua dor

Espalhando-os para todos:

É uma oferta de amor.

Poeta, não é tua a tua poesia.

 

18/11/12

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