quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

VIAJAREI NO CARNAVAL


Viajarei no carnaval!


 

Viajar é dividir-se em partes, uma que sai a cata de momentos alegres e sorrisos fartos e, outra que fica emburrada esperando a volta.

O ser humano é andarilho, deve ser dai que se inventou a palavra saudade.

É partida continua, sempre deixando cacos jogados no caminho e, num repente, o retorno para remontar um quebra cabeças, onde o desenho será diferente e desconhecido.

Somos os seres das idas frenéticas e das voltas indecisas.

Mas viajarei, passarei por lugares onde já deixei pequenos cacos de mim, e por outros onde com certeza novos pedaços desprenderão. Mas os momentos alegres por certo compensarão e o seguir da caminhada é certo.

A sina do homem é caminhar sempre, mesmo que não saiba para onde.

ATÉ DEPOIS DO CARNAVAL.

BOA NOITE

Tony-poeta.

 

MUMIA PENSANTE DOS MEUS TRISTES DIAS - poemas de Jovenal Maloa - Moçambique


Múmia pensante dos meus tristes dias

 

O sol castigava-me a alma

Ardente me era a vida profana

Selvas jaziam mortas sem jardins e faunas

Em oásis de palavras secas jazentes de água

 

Tempestades cobriam meu cadáver corpo

Meu cérebro se fazia múmia de intelectos mortos

Coberto de areia nos arredores dos ossos do meu crânio – escombros

E na penúria do esquecimento dum simples sopro

 

Me soa a tristeza essa verdade minha platónica

Pois me sinto desertado pela minha alma egípcia

Há quantos ramisses escritas pragas farei fortalezas cónicas

A fim de desedificar o deserto desta minha ideia fictícia

 

Sem sede camelo disposto – pernas em formas de palavras

Desertando ideias nestas ilusórias viagens ao imaginado meu Sahara

E algo também como Moisés divide em meu cérebro as estagnadas águas

Não me basta pensar que sou uma múmia sem ligaduras e nada mais…

 

 

Jovenal Maloa – in textos Soberanos

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

EU E A VIDA

Imagem Google

EU E A VIDA



Como dois amigos turrões,

Eu e a vida,

Seguimos aos empurrões.


Eu muito bem humorado

Insisto sempre no lado

Que é menos complicado.


Mas ele um pouco ranzinza

Mostra o lado de cor cinza

De modo atabalhoado.


Nunca brigamos, não!

À tarde damos as mãos

Rimos da confusão.


06/02/13

Tony-poeta


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

RECORDAÇÕES E RETORNOS

imagem google

RECORDAÇÕES E RETORNOS


 

Recordações

Lágrimas que desaguam

Lavando ilusões.

 

Passado e presente

Na linha do tempo.

 

Movimento,

Movimento de volta

Ao casebre abandonado

Lá no baú do passado

Moedas já desbotadas

Fulguram

Como pepitas

Ao sol da estrada.

 

Mãos tremulas

Palpam o passado

Como sonhos.

 

A cor tosca se esvai

Imprime entre os dedos

A luz que não volta mais.

 

Tony-poeta

05/02/13

 

 

 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O CAGARAIVA


 

O CAGARAIVA


 

Ouvi o termo em uma conversa, evidentemente um neologismo. Fiquei curioso. Não sei a abrangência de seu uso, mas parece estar presente em algumas cidades do interior de São Paulo.

Pelo que entendi, o “cagaraiva” é uma ampliação do “do contra”, mas muito ampliado. Seria:

Uma pessoa, com um verniz cultural ralo que se posiciona de modo invejoso a tudo que pode ter algum destaque ou vira manchete, mesmo efêmera ou temporária.

Não tem posição politica, é contra todos. Nem pensar em posição religiosa é contra todas as religiões e detesta ateu, é contra a medicina alopática e homeopática e assim por diante.

Seu modo de ação preferencial é procurar pequenos detalhes, geralmente fofocas sem comprovações ou pinçar pequena opiniões em textos, sempre denegrindo o interessado e delas formar longos discursos depreciativos.

No seu discurso vale tudo, a vida atual, a vida passada, a projeção do futuro, os deslizes familiares e, se a argumentação for pouco consistente, até outras encarnações serão levantadas, apesar do cagaraiva dizer que não acredita em outras encarnações, opiniões não documentadas e assim por diante, mas as evidencias são tão fortes que tem que considerar como verdadeiras.

Enfim o cagaraiva é uma pessoa sem opinião, que forma um discurso infalível para desmontar o sucesso de outros; ou seja, é um invejoso, negativista de alta periculosidade.

Conheço vários. Estou começando fazer minha relação, uma vez que estes elementos devem passar bem longe de nossa vida. Sugiro que cada um faça a sua, para proteção.

Gostei deste novo neologismo.

 

05/02/13

Tony-poeta

domingo, 3 de fevereiro de 2013

a noite não dorme


A NOITE NÃO DORME.


 

A noite não dorme, nela nascem loucos, poetas, trovadores, fantasmas e assombrações. Nascem com ela e a povoam.

 A partir do por do sol o bandolim toca suas notas, a dança começa cadenciada e vai se tornando vibrante. Quando a plenitude das sombras atinge seu apogeu, se escuta um grito, o grito da noite. Ela acordou!

A noite grita sonhos desfeitos e realizados, fantasias e sucessos, amor e morte. Grita! Berra! No silencio dos ventos faz ecos nos ouvidos e, os dançarinos de modo frenético se locomovem, declamam poesias, emitem blasfêmias, iniciam as guerras e beijam-se com paixão.

O bandolim continua seu trabalho, as estrelas cobrem os amantes de raios azuis, as nuvens prenunciam chuvas nas desventuras.

A lua olha e, por fim interfere. Sua mensagem ameniza a retumbância das notas; novas harmonias respingam e tomam formas de imensidão, a dança acalma, os gritos e urros tomam tons de sussurros, de esperança e amor, os loucos amam a lua vendo os poetas fazerem versos, Os fantasmas e assombrações começam tomar forma de fantasias e num festival de cores buscam o sol que está a raiar.

A noite é a vida, outro dia é novo nascimento, nova história de lutas, dor e amor que fará nascer em nova noite outra história, sempre diferente, pois a noite é grito único, é o berro de exaltação da vida. É um berro de amor.

 

03/02/13

Tony-poeta

 

 

A MULHER NUA


A MULHER NUA




Naldo abriu a janela do apartamento ao meio dia, acabara de acordar. A boca estava amarga com gosto de guarda chuvas ou corrimão de escada.

- Acho que exagerei no uísque! Falou sozinho.

Olhou pela janela e no terceiro prédio fronteiriço uma mulher nua arrumava a cama.

- Creio que também acordou agora, pensou. Mas está nua!  exclamou para si mesmo.

Olhou com mais vagar e mais atenção.

- Três prédios é uma boa distancia, mas está nua mesmo, falou consigo mesmo.

Olhou com mais atenção.

- Se tivesse comprado aquele binóculo veria muito melhor... Viche!!! Está até sem calcinha.

Até as índias usavam proteção. Mas era para não entrar peixinho, onde ela está não tem peixe.

Continuou olhando e, a moça displicentemente fazendo suas tarefas, vez ou outra olhava pela janela com olhar perdido.

- Parece que não é bonita, pensou, nem feia, logo remendou, é uma moça normal, mas pelada por inteiro?

- Acho que não tem marido... Pode ser que ele seja viajante...

- Já sei! Brigaram e ela está carente, por isso que está pelada.

- Mas não faz nenhum gesto de sacanagem? Será que sempre andou pelada e nunca olhei para lá?

- Será que ela me conhece?  Aqui só se anda de carro, ninguém vê os vizinhos.

A moça olhou displicentemente pela janela, prédio por prédio sem se abalar, tudo muito natural.

- Acho que me conhece, sim! Está me provocando. Vou fechar a cortina...

- Não! Vai dizer que sou boiola e estou fugindo da raia. Não, não mesmo! Ela que feche a dela...

- Poderia tentar me comunicar. Será que ela sabe a língua dos surdos? Não adianta, também não sei...

A vizinha continuava descontraída andando pelo quarto, vez ou outra olhava a janela.

- Vou pegar meu apito de futebol, o código Morse na Net e conversar... Deixa pra lá! Ela não tem jeito de saber.

- Vou passar meu telefone com os dedos...

Depois de poucos minutos...

- Ela não prestou atenção, nem dá para começar, desgraçada está me provocando e não consigo fazer nada.

Mais algum tempo e, a moça continuando com sua rotina, permanecendo nua,

- Já sei! Tenho cartolina e pincel... Foi do último jogo... Vou fazer um cartaz...

Foi até o armário no quarto, estava tudo lá. Ansioso começou a escrever sobre a mesa...

- Tem que ser bem curto para realçar as letras e dar para ler...

- Terminei... Foi até a janela e expos o breve recado:

VÁ SE VESTIR.


03/02/13

Tony-poeta