PASSARINHO
Vivia de caridade no
pequeno município, com certo retardo mental, órfão, sem parentes, andava pelas
ruas cantando o que ninguém entendia. Morava num barraco que herdou dos finados
pais, comia conforme lhe davam; sempre uma alma penitente ofertava um prato de
comida. Agradecia e cantava.
Pequenos furtos
começaram acontecer na comunidade, não se encontrava o autor, culparam o pobre
cantor. Mesmo nada encontrando, foi preso ao bem da ordem pública.
Não se abalou na
cadeia, tanto fazia para ele, apenas mudou a cantoria, cantava assim
Andar e cantar
Ser preso e cantar
Eu vivo a cantar.
Desafinado e sem
ritmo cantava o dia inteiro.
O carcereiro, no
primeiro, dia imaginou que ele logo ficaria cansado e se calaria.
Ele continuou a
cantar.
No segundo dia
mandou que ele calasse a boca.
Não foi atendido,
ele cantava como sempre cantou.
No quinto dia
deu-lhe uma sova.
O cantor mudou a música
e, a cidade achou que o carcereiro estava certo, pois o cantor não seguia as
regras do presidio.
31/10/14
Tony-poeta