quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FESTA DA NATUREZA - poema -



FESTA DA NATUREZA


As festas da natureza
São vibrantes:
Orgias a luz do luar
Junto a fumaça dos sonhos
Embebedadas com o cauim da estranheza.
E rodamos, giramos,
Voamos alucinados
Movidos pela força de amar.

31/12/14
Tony-poeta


quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

COLORINDO A NATUREZA - versos livres -



COLORINDO A NATUREZA


O dia amanheceu cinza:
A natureza preguiçosa
Não colocou suas cores
Não quis se arriscar.

Quem sabe ela pensou:
-quem quiser que pinte
As cores curiosas
Que fazem o emaranhado
Em cada jeito de amar.

Agora, nesta manhã,
Sem cores no horizonte
Pego o pincel dos sonhos
O balde das ilusões,
Vou pincelando amores
Nas nuvens retraídas
Para dar-lhes vida,
Espantar a solidão.

24/12/14
Tony-poeta


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O ANDARILHO VELHO - crônica -



O ANDARILHO VELHO.
Lajeado RS


No banco do jardim, na praça da Igreja da Matriz, estava sentado um andarilho. Era um senhor de mais de setenta anos, com cabelos e barbas brancas, sem sinais de nenhum trato há muito tempo. Vestido em andrajos, como todos que por lá apareceram.
A cidade de Ipê, uma pacata cidade de interior era com frequência visitada por estes caminhantes, já que ficava em uma região de entroncamento rodoviário e, aqueles que caminham a esmo sem preocupações com a vida por lá aportam, descansavam, antes de seguir seu rumo ignorado.
A idade aparente, um aspecto sadio e uma feição tranquila daquele senhor chamava atenção de quem por lá passava.
O banco que o viandante ocupara era estratégico, dele podia se perceber todo o movimento do comercio, agitado acima do normal por ser época natalina. Nesta ocasião os habitantes da cidade e da zona rural fervilhavam as calçadas fazendo suas compras de final de ano.
O dono do restaurante em frente, seu Juventino ofereceu um prato de comida, a que o viajante aceitou e falou chamar-se João.
Disse estar só de passagem. Foi muito educado e se saiu discretamente das perguntas de sua vida pessoal sem agredir.  
O que mais chamou a atenção do comerciante, além do modo de falar, foi o jeito fino com que se alimentou, parecendo ser uma pessoa de origem abastada.
Alguns rapazes próximo deste senhor, lá pelas quatro horas da tarde, conversavam. Augusto, portador de forte asma e rinite estava incomodado com forte falta de ar e os espirros. O andarilho assistia. Após meia hora, este senhor pegou um papel, uma caneta que portava, para espanto dos jovens que olhavam, escreveu alguma coisa. Dirigiu-se ao asmático.
- Se o senhor não se importar, tome este remédio. Vem do Sul e vai te ajudar. E voltou para onde estava acomodado.
Curiosos os rapazes foram a farmácia do Sr. Otávio. Mostraram o papel receita e, o farmacêutico falou:
- Sim! É um antialérgico de um laboratório Gaúcho. Nenhum dos médicos daqui jamais receitou, acho que tenho uma caixa, vou olhar.
Pouco depois voltou:
- Aqui está, vence este mês. Se quiser experimentar pode levar, que vou jogar fora, mesmo.  Não vai custar nada.
Os jovens agradeceram e, mesmo desconfiado Augusto tomou. Dali uma hora estava bem melhor. A tosse diminuíra e o nariz parou de escorrer. Comentaram entre si o ocorrido e concluíram que o mesmo poderia ser um médico desiludido andando pelo mundo. Rapidamente a hipótese se espalhou.
No final da tarde o andarilho era o comentário geral da cidade. Bateram algumas fotos do mesmo com o celular, sem chamar atenção do cidadão; Rita tentou conversar com o senhor e conseguir mais informações, já que era Assistente Social, sem sucesso. Educadamente e de modo fino apenas falava que chamava João, estava descansando e nenhuma informação adicional.
Procuraram Dr. Jair, o delegado; este explicou que o local era público e o cidadão estava se comportando como gente fina, mesmo assim ia pensar em como tirar as informações, já que estava também intrigado.
Lorena, a secretária do Dr. Nelson, relatou ao mesmo o ocorrido, no final do expediente e este ficou muito preocupado:
- Um colega em tal situação, vou conversar com os outros, se for médico temos que tomar uma atitude e socorrê-lo! Exclamou.
Naquela mesma noite, na Associação Comercial seria realizada a reunião para complemento dos detalhes do “Natal das Crianças Pobres”. Um evento do município, com poucos acertos a serem feitos, já que era igual todos os anos, os pontos de distribuição eram conhecidos e o número de crianças pouco variava.
Juntamente com a distribuição dos presentes ofertados pelos comerciantes, três barbeiros cuidavam do visual dos garotos e os médicos orientavam sobre saúde, caso houvesse necessidade, os políticos marcavam sua presença. Enfim, repetição de todos os anos.
A Associação estava cheia nesta noite, muito mais do que de costume. A reunião do Natal foi rápida e nem as objeções que o comerciante Altair costumava fazer, sempre demoradas e detalhistas foram colocadas. Desta vez ele ficou quieto. A pauta correu em poucos minutos.
A seguir Francisco, o Grão Mestre maçom pediu a palavra:
- Como todos sabem, tem um senhor de aspecto fino, na Praça da Matriz. Temos que sondar se precisa de ajuda.
O Padre Antonio completou:
- Ofereci para o mesmo se acomodar na Igreja, mas este declinou, de maneira muito delicada, alegando que o coreto e bem ventilado e lá se sente mais à vontade e está só descansando.
Dona Clotilde, secretária do prefeito sugeriu:
- Vamos ver se tem alguém procurando este senhor. Imediatamente Dr. Nelson falou:
- Pode ser que seja da área da saúde, até receitou, sendo prontamente interrompido pelo Sr. Otávio:
- E deu certo pelo que me consta.
- Qual o nome do remédio que ele passou? Perguntou o médico.
- Depois falo pra o Doutor, falou o farmacêutico com um sorriso irônico nos lábios.
Dona Clotilde continuou. Vamos colocar a foto deste senhor para rodar.
- Como? Indagou o Prefeito.
- Faço uma mensagem explicando a situação do mesmo, anexo as fotos. Dá para baixar no computador. Mando as mensagens para as associações e jornais, vamos ver se alguém o está procurando.
Assim foi feito, fizeram em conjunto uma mensagem bem explicita, anexaram as fotos e enviaram por e-mail aos Sindicatos de Médicos, Enfermeiros, Engenheiros, Advogados e assim por diante.
O Padre falou:
- Antes de encerrar a reunião, já que passava das onze horas. Alguém tem que tentar conversar com esta criatura. Eu não consegui nenhum dado.
Pode ser o Dr. Silva, sugeriu alguém.
- Sim, falou Da. Clotilde, ele que cuida dos birutas da cidade, tem jeito para este tipo de conversa.
- Nunca atendi na praça, falou o psiquiatra; mas, em se tratando de uma pessoa necessitada, vou tentar ver o que consigo.
Ficou ainda certado que o cabelo e a barba seriam tratados, que dariam roupa e calçado novo. Marcaram para as nove horas a entrevista do psiquiatra com o andarilho.
Nove horas em ponto, saíram da Associação Comercial, se dirigiram a Praça Matriz e lá descobriram que o Seu João, partira de madrugada e nunca mais ninguém teve notícias do mesmo. Afinal estava só descansando.

19/12/14
Tony-poeta.






COLISÃO DE SONHOS - poema -



COLISÃO DE SONHOS


Sonhos colidem
No reino onde o nada se cria
E se preenchem.
Invasão de sonhos...
Soltam chispas
Faíscas:
Efêmeras ilusões.
Encontros, desencontros
De formas deformadas
Balelas e realidades
Confundem corações.

Bailado,
Ora ligeiro
De valsa sorrateira
Chega a voar...
Súbito!
A batida do atabaque
Na marcação certeira
Mostra que a trilha é uma esteira:
Cai quem se desviar.

Como posso invadir sonhos?
Ser por eles invadido:
Expectador apenas assisto
O que ele quer mostrar;
Quando embaralham sonhos
Nas faíscas dos véus de ser
Chispas de guerras e amores
Repetem o tom do viver.

19/12/14
Tony-poeta




domingo, 14 de dezembro de 2014

O PONTO DE ENCONTRO. - poema -



O ponto de encontro.




O ponto,
O encontro
Da vida vazia
É choro e prece
De amor e poesia.

O ponto
O encontro
De meu e teu ser
É infinito que converge
Na força de viver.

O ponto
O encontro
De cada coração
É movimento e ação
Que acolhe a paixão.

O ponto
O encontro
No núcleo infinito
São rebordas de luz
No mundo finito.

O ponto
O encontro
De dois a viver:
É fora do mundo
Não existe o morrer.

14/12/2014

Tony-poeta

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

AS POMBAS - crônica.



AS POMBAS
Papa Francisco e as pombas


Em vinte e seis de janeiro deste ano, orando pela Paz na Ucrânia, longe de acontecer, mesmo se passando quase um ano, o Papa Francisco, juntamente com duas crianças simbolicamente soltaram duas pombas brancas, num apelo ao fim da revolução.
As aves recém libertas pouco voaram, logo uma gaivota e também um corvo as atacaram com ferocidade, como que avisando que eram intrusas neste território. Não sei se sobreviveram, porém uma lição pode ser tirada do episódio: A natureza é individualista e xenófoba.
Sim, toda vida orgânica ocupa um território e destrói qualquer invasor. A imponente árvore que se destaca na paisagem, só tem seu grande porte devido à sombra que cria, impedindo que a luz solar faça nascer qualquer outro vegetal que venha a disputar seu espaço. Suas raízes cada vez mais emaranhadas na horizontal e na vertical impedem que outras plantas acessem a água e os nutrientes necessários para sobrevivência. Sua imponência existe pela destruição e pelo egoísmo.
Uma galinha machucada no galinheiro será atacada, comida viva pelas suas companheiras.
Uma vizinha que colocava um bebedouro para os delicados beija-flores, aliás, inadequado por transmitir algumas doenças, só se convenceu de sua infelicidade de escolha, devido ao número exagerado de brigas entre os passarinhos, não só os colibris, como as corruíras e outras aves da redondeza, disputando que seria o “dono ou a dona” da água doce.
A natureza não tem doçura, a guerra é sua harmonia, sempre ao lado dos vencedores.
Animais matam e expulsam os estranhos, a etologia cita exemplos em todas as espécies animais, basta ver os estudos de Conrad Lorenz considerado o pai da mesma e seus continuadores.
Parasitas e bactérias, atacam o ser vivo que lhe fornecerá alimento com desmedido furor, geralmente levando o mesmo a morte e praticando um auto extermínio por falta de limites, muito semelhante a humanidade atual.
Não adianta falarmos que se trata de seres inferiores, todos temos a mesma idade no planeta, apenas habilidades diferentes: Se o homem aprendeu a construir moradias, o João de Barro já as fazia antes; se aprendemos a voar com nossos aparelhos, os Urubus voam no momento que acharem adequados; os Tatus já faziam os tuneis que nos orgulhamos e os Castores suas represas. Talvez a única criação autenticamente inovadora dos Homens sejam as bombas de destruição; fora isto copiamos.
Certa vez conversando com um garimpeiro, este relatou que em determinado lugar, na massa feita para assentar tijolos, com a parede já levantada, um diamante apareceu na superfície. Explicou que é normal tais pedras buscarem a superfície, como que procurando mostrar sua pujança.
Este fato me recordou, que no primeiro ano de Medicina, um cadáver que estava sendo dissecado, teve como causa mortis um cálculo biliar. Uma grande pedra da vesícula biliar procurou saída formando um canal artificial até o intestino do infeliz falecido.  Deve ter provocado uma dor intensa. Este cálculo de matéria cálcica, buscava se mostrar e cavava um túnel de saída, como o diamante recém relatado.
Pode ser que até a vida inorgânica, de maneira infinitamente mais lenta, busque o domínio a qualquer custo de seu território, se considerarmos o planeta como matéria viva.
O prepotente homo sapiens que se intitula humano, não tem o poder que se auto convenceu de dominar a natureza, apenas a está destruindo, como qualquer parasita ou bactéria patógena.
O que nos tornará humanos, o que ainda falta muito, é mudar o paradigma que nos envolve, como todas as espécies do planeta, começar a construir, ao invés de destruir e passar a amar e respeitar o seu semelhante, de modo fraterno e repartindo por igual tudo que for necessário para se viver com ética e dignidade.
Só com a materialização real da Utopia, todos tratados para melhorar a humanidade são utópicos, mas sua materialização nos possibilitará viver o que parece impossível, é aí que poderemos ser chamados de Humanos.

12/12/14

Tony-poeta.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

TOMARA


TOMARA.
Pizza no Oscar.

Tomara
Que a luz da tarde
Se apague rapidamente
Nas sarjetas
As lâmpadas de mercúrio
Iluminem a corredeira
Da chuva passageira
Que há pouco se foi.
Acenderei a luz
Quebrarei a escuridão
Pegarei o telefone
E pedirei uma Pizza.
Estou com fome:
Só acendem o forno
Quando escurece!
Tomara que escureça rapidamente.

Tony-poeta

11/12/14

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

SE EU ME PERMITISSE AMAR.



SE EU ME PERMITISSE AMAR.



Se eu me permitisse amar
Que bom seria!
Jogaria fora pensamentos embotados:
Fantasmas de sonhos passados,
Que estão a me atormentar.

Para raiar um novo dia
A noite tem que passar.
Desligar a tomada da lua
Que reflete teu retrato,
Desligar o pisca-pisca de estrelas
Que numa boate noturna
Revelam de ti cada pedaço
E, num novo raiar do sol
Entre penumbras do amanhecer
Um mundo novo inspira e respira...

Mas as horas não passam
O tacômetro marca o passo
Esperando o sonho apagar.

08/12/14
Tony-poeta


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

INDECISO


INDECISO


 

Quero,

Mas resisto.

Desisto

Mas procuro.

 

Está escuro:

Acendo a luz.

Fecho a porta

A luz não passa.

Coloco o sapato,

Esqueço as meias,

Retorno,

Coloco o chinelo.

Quero sair

Coloco as meias,

Apago a luz...

Tudo escuro,

Não enxergo.

Tiro os sapatos

Tiro as meias,

Cutuco os dedos

Penso sincero:

- Quero ir...

Mas, não quero,

Coloco o chinelo

Ajusto o som,

Sonho amarelo...

 

Tony-poeta

03/12/14

domingo, 30 de novembro de 2014

PALAVRAS



PALAVRAS


Linda frase,
Sem contexto
Pede um texto
E, não diz nada.

Uma palavra,
Isolada,
Solta ao vento
Conquista a amada,

Coisas complicadas
Não fazem amor.

30/11/14

Tony-poeta

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

DAMA - poema -



DAMA
imagem Google

Moça gulosa
Que rouba afetos
Guardados na poupança,
Para na solidão
Comprar a felicidade.

Se apossa dos fetiches
Devora-os, avidamente:
Vestida de princesa
Que súbito evapora.

O sonhador,
Anestesiado,
Conta restos de vinténs,
Resignado.

Olha a multidão que passa,
Alegre,
E, rói as unhas.

28/11/14
Tony-poeta


domingo, 23 de novembro de 2014

INSTANTE - poema de meu filho RODRIGO JORGE GOMES

Levantem filhos do tempo presente

Herdeiros da eternidade de um piscar de olhos

De nada serviu o passado em metamorfose constante

De nada servirá o futuro já gravado na rocha

O infinito é cada grão de areia de uma ampulheta



Avante senhores da era de agora

Nunca houve tempo para curar coisa alguma

O único erro possível jamais estará ao seu alcance

Não importa quantos milênios caibam em um segundo

Cada um nada mais é do que o tamanho de sua ousadia



Ergam-se escravos da eternidade instantânea

Sem olhos fixos no horizonte, sem pés firmes na rocha

Sem laços, sem alianças

A batalha acontece aqui, agora

E viver é, foi e será a verdadeira vitória

23/11/2014
Rodrigo Jorge Gomes.

VÍNCULOS



VÍNCULOS


Pessoas,
Movimento de sobras
Que desaparecem.

Presença é vínculo,
Alavanca,
Corpo e estaca
Do viver.

O que move
É o vínculo.

Pessoas passam
Em seu viver.

23/11/14

Tony-poeta

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

VIDA PASSAR


 VIDA PASSAR


 

Não quero ver a vida passar,

Quero que ela me olhe passando

Indolente...

Assistindo o bailado da natureza,

A sinfonia que traz o vento

No gorjeio das aves,

Na alegria das flores

No aroma do amor

Das morenas bailarinas

Rodando-me na vida

Só para eu as olhar.

Não vejo a vida passar

Vejo a vida correndo

Nos pulsos do amor.

 

Tony-poeta

19/11/14

 

 

sábado, 15 de novembro de 2014

AMOR E TERROR - poema -



AMOR E TERROR


Amor e terror
Dois tópicos de uma vida
Simultâneos!

O amor teme o terror
O terror busca o amor.

Nesta dialética de opostos
A vida passa....

15/11/14

Tony-poeta

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

AMOR E CRIADOR - versos livres -




AMOR E O CRIADOR


Para criar o amor
O criador colocou um tempo:
- Não sabia quanto tempo
Se manteria o amor.

Inventou a morte:

Tudo certo
Desfrute o amor
Quando farto
Vá contente
Para morte.

O criador
Se enganou com a criatura.

O amor tornou-se exigente,
Quis objetos:
Ouro, prata
Orgia e aguardente
E tornou-se guerra.

E a morte
Antecede o amor
Muitas vezes.

14/11/2014
Tony-poeta.



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

RECOMEÇOS -




RECOMEÇOS.


Tudo acaba
Numa calçada
Que leva a outro lugar.
Tudo acaba
Em outro começo.
Viver
É desfrutar recomeços.


Tony-poeta

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O BAILAR DAS ILUSÕES - poema -



O BAILAR DAS ILUSÕES.


Se a vida vem da morte,
Assim diz toda ciência,
Sou um morto que vive.
Um dia retornarei
Aos campos que já conheço.

Se sou feito de morte
O mundo vivo é estranho.

Esperar o quê?
Só resta o riso e a dança
Embalados em turbilhões
Alucinados,
Buscando um gozo ignorado.

As cadeias de melodia
Que tentam a vida embalar
Tem um céu de serpentinas,
Luzes vibrantes a marcar
E na chuva de confetes
Que caem em profusão
Aderem aos corpos de purpurina
Prendem-se as tetas que cadenciam
O corpo dourado e sarado
Que desfilam bailarinas.

No mais frenético bailado
A aguardente evapora,
Busca-se o gozo da vida,

Tímido de início, depois confiante
Também rodopio
A vida é rodopiar
Pelo salão de ilusões
Até à morte voltar

11/11/2014

Tony-poeta

sábado, 8 de novembro de 2014

BILHETE NA CALÇADA - versos livres -



BILHETE NA CALÇADA.


- Eu TE amo!
Dizia o papel que pela calçada rolava.
Apenas: - Eu Te amo!
Três palavras
Que na sequencia plena
Tudo falava.

O bilhete
Já marcado pelo tempo...
[Talvez há dias ao relento]
Letras de mulher desenhadas
Com todo capricho e vigor
De uma jovem apaixonada.
 Tocou em meu ser, bem no fundo,
Eu, que andando neste mundo
Procurando não sei o quê
Tal declaração marcava
Um rumo a caminhada
Uma ânsia de viver.

Quem será o ingrato
Que desprezou tal juramento?
- será que o perdeu por acaso,
Quem sabe num ato tresloucado
Num momento de tormento
Que esqueceu a amada
E caminhou no sofrimento?

Nesta paixão tão declarada
Será que o amante chorou...
Talvez a amada,
Sentindo-se desprezada
Neste ato inconsequente?

Será que cada um dos caminhos
Para se cruzarem tenham espinhos,
Vendas nos olhos
E, choros inconsequentes?

O papel tremeu em minhas mãos:
- Será que neste mundo
Existe o caminho da emoção
Longe da balburdia da cidade?

Olhei bem:
Este papel pequenino
Tinha um certo destino
Que a mim não pertence,
Uma declaração de amor
Tão sincera e ardente
Não pode ser trocada
Por um transeunte na calçada.

Joguei a mensagem
De volta para a rua:
- ele que busque seu destino,
E satisfaça o amor
Da musa apaixonada.

08/11/2014
www.tony-poeta.blogspot.com