sábado, 5 de abril de 2014

APÁTRIDA

APÁTRIDA


Sou andarilho isolado
Folha ao vento ao descampado.

Com arabescos do amor
Nunca faço amores que prendam
Quero que soltas ao vento
Formas livres de amarras
Façam os jogos das formas.
Quando a vida agarra,
Como arvore ao relento
Os galhos balançam sem destino.

Andarilho isolado
Sou meu próprio destino
Amarras são ilusões
Quem sabe medo, alucinações
Da solidão e do desatino
Soltos na vida.

Caminho na desilusão
Sem ter o que perder
Na ansiedade de sempre ter
Busco na poesia
Morrer e nascer.

05/04/14

Imagem Google

não quer saber...

NÃO QUER SABER...


Sitiante
Passa a galope...
Doma o cavalo!
Metaleiro
Passa na moto...
Doma a máquina!
Sentado
Doma a melancolia!

05/04/14

Imagem Google

sexta-feira, 4 de abril de 2014

UM SER DO ACASO - Nascimento e família.

UM SER DO ACASO

Nascimento e família.


Um planeta vivo envolto de uma estranha energia que o movimenta, um pequeno planeta periférico de uma imensidão desconhecida e ignorada. Esta é a cena inicial de tudo que compõe esta esfera ovalada a que chamamos terra.
De uma ínfima junção de energia, com colaboração de dois seres nasceu uma massa disforme, confusa que se multiplicou como possibilidade de ser. Neste acaso que não sei se consentido mutuamente, ou fruto de agressão unilateral descobri-me ser.
De inicio não sabia o que era: apenas via uma massa que se desprendia de mim e já tinha forma definida de tamanho gigante para as parcas sensações que possuía.
Conforme me conformava à massa se desprendia e formava fronteiras e o que era um anexo de minha massa criava atividade própria diferente da inexistente atividade que eu possuía.
Parte de mim me submetia e ao mesmo tempo me mantinha vivo. Para viver dependia do que perdi e a parte destacada exigia que eu a amasse e obedecesse para eu continuasse a existir. Sem saída amei e odiei esta parte destacada que me dava o liquido branco chamado leite: Ora sugando-o avidamente, ora mordendo raivoso sentindo a perda de minha integridade total.
A quebra deste todo que imaginava: eu fruto de uma insignificante descarga da energia do planeta, mas que a meu ver fazia-me único; tinha que cindir meu solipsismo em dois, naquele que eu sentia e no outro que se desprendia, mas ao mesmo tempo me cuidava e mantinha-me vivo.
Estava eu no mundo num estranho contrato: Ceder parte de minha onipotência a troco de continuar a existir. Um contrato unilateral sem avalista que me faria pertencente a uma espécie por onde iniciava meu reconhecimento e descobria que não era planta nem, outro animal: apenas um animal humano, pertencente a uma espécie com história e regras próprias.
Estranha relação de espelhos com contrato particular, amar e odiar o que julgava ser eu mesmo, na missão impossível de auto apaixonamento.
O espelho em que me via aos poucos me fazia parte do que já era e não sabia.
Aprendi que tinha um corpo ao olhar minhas extremidades arredondadas; que por meio de grunhidos chamados choro, podia ficar confortável e alimentado e, da mesma maneira repudiar o que sentia como agressão e estranho, um duplo de eu mesmo com uma parte destacada ensinando-me a ser humano.
Ali comecei a me conhecer e identificar diferente do outro que me espelhava.
Um terceiro apareceu, não era eu nem minha parte. Uma agressão que mudava o contrato ampliando obrigações e retornando obediência.  Descobri que tinham outro e outros que me cercavam e ali estava um núcleo onde eu era apenas uma Majestade manipulada e obediente. Assim virei gente.
Descobri que meu duplo era a parte social que teria que aprender e o terceiro e estranho elemento ditaria as regras que seria obrigado a aprender. Sem opção neste contrato imposto por imagens teria que achar uma identidade que justificasse o nome ao qual fui apelidado como expectativa da esperança do grupo.

04/04/14

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

DITADURA - 50 ANOS-

DITADURA - 50 ANOS


Até o momento não foram julgados os crimes da ditadura. Por serem crimes hediondos o julgamento é obrigatório; todos os envolvidos, incluindo aos que deram apoio para que eles acontecessem tem que ser condenados, mesmo os já falecidos. A sociedade consiste em um contrato entre seus habitantes e não pode haver dúvidas ou clausulas mal resolvida, uma vez que contratos fracos ou incompletos tendem a ser repetidos. É o que vimos numa tentativa de reedição da passeata que gerou o golpe de estado, com plena cobertura da mesma imprensa, a mesma que participou do atentado a democracia que agora comemora meio século.
Na época do evento eu tinha dezenove anos, morava no Jardim Paulista, bairro de classe média alta, onde moravam meus amigos. Trabalhava de dia em cima de uma máquina de escrever fazendo correspondência de vendas; estudava química industrial no período da noite, já fazia meus poemas e no fim de semana jogava futebol no time de várzea Bandeirantes do Jardim Paulista e, toma cerveja quando dava. Nada anormal para a idade. Possuía pensamento de esquerda sem nenhum embasamento teórico, apenas não concordava com a injustiça social e não muito mais que isto. Minha família, principalmente meu pai, tinha um pensamento mais a direita, compatível com a posição social, porém do mesmo modo preocupado com a pobreza, que era grande.
No enfrentamento da Av. da Liberdade estava na Av. Angélica, no Colégio Oswaldo Cruz, quando nos foi passada a informação de que devíamos nos concentrar na Pça. Buenos Aires, perto do Colégio. Havia uma concordância generalizada de repúdio ao Regime imposto, sem nenhuma conotação partidária, já que os partidos eram inexistentes. Dirigimos-nos ao local indicado. Ao meu lado havia um estudante de origem Espanhola e com sotaque típico, cujo nome me escapa.
Estávamos a caminho quando chegou o Exercito. Desceram de fuzil e vieram para o grupo, que realmente era numeroso. Preocupado com o amigo estrangeiro, que se identificado provavelmente seria preso, coloquei-me fisicamente como intermediário ao colega e senti um fuzil em minha testa, chegou a encostar. Mantive a calma, com dificuldade, consegui entender a ordem para dispersar, o que diante do poderio de armas estava sendo feito sem comando. O deslocamento foi estratégico para dividir os militares, o que não sabíamos.
Ano seguinte prestei vestibular e entrei em Marília no curso de Medicina. Era a segunda turma, na primeira turma estava o Mauro Osti, junto fizemos o Jornal o Neurônio, que saiu apenas dois números [não tenho nenhum exemplar] onde coloquei uma crônica O Ratinho, na qual ironizava o DOPS [encontra-se em meu blog] e criamos um serviço de assistência aos colegas estudantes, O DACA, com Xerox e apoio dentro do possível, uma vez que a faculdade longe de Capital e paga [atualmente foi estadualizada] deixava em desamparo alguns colegas com dificuldade de manutenção.
Nesta época começou o primeiro fato estranho, toda vez que ia a São Paulo, no apartamento de meus pais, portanto minha residência, o zelador caia das nuvens, para que se preenchesse um formulário de deslocamento, a mando do exercito. Este controle durou anos.
Ano seguinte fomos eleitos, eu e o Mauro para o Diretório, ele presidente e eu vice. Criamos o DACA social, onde o objetivo era reunir todos acadêmicos da cidade, que já era de perfil Universitário; com um bar e restaurante, biblioteca, teatro e atividades culturais. O empreendimento teve grande êxito a ponto dos professores da filosofia freqüentar, com longos bate papos ao entardecer. O Decio Pignatari tinha uma mesa cativa onde tomávamos uísque uma vez por semana, entre outros.
Rapidamente arrumaram um impedimento para o Mauro, por motivo fútil ele foi destituído e eu assumi. Foi dada continuidade ao projeto. No final do ano fui reprovado em matéria de semestre. A reprovação impedia que se candidatasse a qualquer cargo, conforme o regimento. Pedi revisão de provas e foi alegado que as mesmas foram jogadas no lixo. Isto pelos professores.
Procurei advogados na cidade. Todos alegaram que não iriam pegar causas contra a fundação Mantenedora. Nada conseguindo a política Universitária tanto minha, como do Mauro terminou por aí. O centro social acabou em dois anos e o trabalho foi perdido.
Interessante notar: que não tínhamos na época nenhuma ligação com qualquer movimento e, eu pessoalmente, apesar de ler muito, nunca tinha lido Marx ou seus seguidores, inclusive por falta de acesso e também por falta de preparo, o Capital é um livro difícil, provavelmente eu não o entenderia.
Estou dando este depoimento para mostrar que o controle da Vida pessoal e da liberdade individual foi restrito em alto grau, mesmo não sendo submetido a constrangimentos piores, como vemos nas barbáries da Comissão da verdade, onde até crianças foram torturados, além de estupros e assassinatos.
Vim a conhecer a Teoria de Mais Valia e entender a diferença entre capitalismo e comunismo bem depois, já com opinião bem dirigida para a esquerda.
A ditadura não tem justificativa em hipótese alguma e os admiradores da mesma ou a desconhecem ou tem algum desvio social patológico.

Tony-poeta





LAGRIMA TRISTE


LÁGRIMA TRISTE


Lagrima triste
No canto da esquina
Perdeu-se em sentimentos,
No ponto de ônibus
Na poça da chuva
Turva de fuligens,
Caiu...
A espera do dia
E que o sol evaporasse
Lembranças
Trazendo o fio loiro
Dos cabelos esvoaçantes
Da moça bonita
Todo em sentimentos
Exaltando o amor...

A poça fria espera...

03/04/14
Imagem Google.


quarta-feira, 2 de abril de 2014

ENGRENAGEM EMPERRADA


ENGRENAGEM EMPERRADA


O mundo não é engrenagem
De peças bem ajustadas
Na verdade: é improviso
Tempestade e alvorada.
Corre solto e bambeando
Ancora-se onde der...
Chora e ri
O riso solto
É o instante:
O Homem e uma Mulher.

02/04/14

Imagem Google

segunda-feira, 31 de março de 2014

RELAX

RELAX


Um amor alegre
A varanda
Um queijo, azeitonas
O azeite para lambuzar
A vida fica sozinha
Na paisagem a nos olhar.
As flores balançam
- Burburinhos de amor -
E o perfume da cozinha
Faz o apetite aguçar.
A vida segue
Parada
O movimento é o roçar
Da minha mão na pele rosada
De sol que colore o lugar.
Se a vida é feita de instantes
Neles é que vamos morar
O violão nesse instante
Faz o tempo correr
Para não atrapalhar.

31/03/14
Imagem Google




BARRIGA ACIMA DE UM METRO MORRE LOGO.

BARRIGA ACIMA DE UM METRO
MORRE LOGO.


Li numa revista.
Retirei a camisa. Peguei a fita métrica, depois de descobrir onde estava a tal caixa de costura, fui até o espelho.
Olhei a protuberância. Cadê a cintura?
Peguei o livro... Não ajudou... Fui a Atlas de Anatomia.
Nada! Não tinha nada parecido com a descrição, nem com a figura ilustrativa.
Pensei em procurar uma costureira, afinal elas entendem de cintura. Muito complicado: é longe... Abortei a idéia.
Procurei no Google... Mesmas explicações do livro; não conferia em nada com a protuberância que o espelho mostrava.
Conclui: homem depois de certa idade perde a barriga.
Estou salvo! Coitadinhas das mulheres mais velhas, vão morrer logo...

31/03/14
Tony-poeta


domingo, 30 de março de 2014

SOCIEDADE DA CIÊNCIA

SOCIEDADE DA CIÊNCIA.



A ciência tem o poder de retardar a morte com o custo de nos escravizar no consumo.
Pouco necessita a vida pra ser vivida; basta um abrigo que nos dê conforto, a acessibilidade a alimentos e remédios e o convívio familiar e no grupo ao qual pertencemos. Isto é e sempre foi o bastante.
A multidão é desconhecida, ninguém se vê, o olhar se perde num emaranhado de vultos deformados que não assombram nem trazem a boa nova, e passam rápidos como tudo que nos rodeia.
Os prédios com luzes brilhantes quando a noite chega. De inicio despertam fantasias e até vontade de penetrar dentro de suas janelas, com os binóculos vendidos em qualquer camelô, o desconhecido sempre nos atrai, mas rapidamente perde força e as lentes jogadas num canto e a imaginação parada por falta de estímulos faz com que a poesia se perca e as formas, antes coloridas de sonhos e encontros se desvaneçam e desapareçam.
Os carros de cores vivas tornam-se apenas objetos que transitam rápidos e indiferentes, sem marcar o ser e poluindo o ambiente. Até os modelos de luxo terminam por se tornar monótonos e frios.
Tudo cai no mesmo e na ansiedade do consumo consumimos o tempo. É o preço que pagamos por prolongar a vida, mas, será que viver isolado na multidão é viver?
Quanto vale a alegria perdida, onde o encontro alegre entre família e amigos nos fazia sentir pertencentes?
Quanto vale o consolo de um amigo que empresta seu ombro quando a aflição nos ataca.
Quanto vale uma tarde despreocupada de amor com a amada, onde o tempo é esquecido e o espaço restrito a dois sonhadores?
Quanto vale amar e ser amado, participar e compartilhar?
O preço é certo? Ou esta mercadoria que prolonga um viver sem participação está muito cara?
É necessário avaliar. E, muito.

30/03/14

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FOLHA AO VENTOI

FOLHA AO VENTO.



Folha solta
Vento
Descampado
Tudo é acidente.

Tudo segue
A folha e o vento
Não se sabe o fim.

A folha
Só sabe a folha
Ignora o vento
Que se ignora.

A posição muda
Como vela de barco
O vento não muda
Tudo caminha.

A paisagem se move?
Ou é a folha?
Quem tromba com ela?
Existe o vento?

O espaço
É o que se move
Folha e tempo são procuras
Ao sabor do desconhecimento.

Se o vento para
Resta a massa disforme
Na areia do descampado.

30/03/14

Imagem Google.