sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

PORTA RETRATOS - inspirado na charge







PORTA RETRATOS (aproveitando uma charge)





Sombras

Apenas sombras

Sempre foram sombras.

Espectro

Porta retratos ofuscado

Filme talvez desfocado

De ilusões prometidas

Acalentadas

Não vividas.



Pelas tempestades

Redemoinhos, enganos

Colares duvidosos

De pérolas cultivadas

No poente.



Da inocência

Na trivial fraqueza

Do ser

Ou do não ser

Quando as arestas

Reflexos entrecortados

De caminhos descontínuos

Apenas sonhar vale à pena

Pois continua o teatro

Do ato final

Do viver

Apenas viver.





18/02/2012

tony-poeta pensamentos

O QUE É VIVER







O QUE É VIVER?





Teatro da terra



Nascer ou morrer



O grande mistério:



O que é viver?





Na bíblia Adão



Da terra saiu



E quando finado



A terra o cobriu.





Se a terra então



É nascer e morrer



Fica a duvida:



O que é viver?





Tony-poeta pensamentos

17/02/2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

AMBULÂNCIA VIDA E MORTE



AMBULÂNCIA VIDA E MORTE.





Ambulância corre a estrada,

com toda velocidade,

os carros lhe dão passagem,

com raiva ou caridade?



Um carro se aproveitando,

da ambulância dando sinal,

atrás dela vai no vácuo,

velocidade anormal.



Como a distancia é longa,

tem uma tarefa afinal,

a ambulância se esmera

em chegar à capital,

e o carro atrás agitado

corre se aproveitando,

vai à ambulância colado,

não tem os faróis piscando.





A ambulância uma meta,

chegar logo ao hospital,

o carro também se presta,

aproveitando esta brecha

chegar ao Motel do Real.





17/02/2012

tony-poeta pensamentos


poema oração




POEMA ORAÇÃO


Poema oração,
Um Oriental me contou
É primavera.
Parte do campo vazio.
Cria a vida e canção.

Da natureza
Presto, ou staccato
É na lamina,
Espada: Corte, o fio
Escreve a história.

No leito do rio
Espada faz escrita
Corta a vida.
Ruma o ser cantante
Ao eterno da morte.




16/02/2012
tony-poeta pensamentos



RECORDAÇÕES DE TI







RECORDAÇÕES DE TI.







Noite cansativa



                       Rodopiei



                                       Suei



                                               Amarrotei lençóis



Apagava spam do pensamento.





Agora



           Leve



                    Angustiado



Desejo de ter desejo.











16/02/2012

Tony-poeta pensamentos

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A SACADA










A SACADA





Existem muitas sacadas,

Só um mundo, sempre igual.

Embaralham as palavras.

Toada: um só recital.



Na rua, a velha senhora

Cabelos brancos. No chão

A labuta diária. Hora

De pros netos comprar pão.



Dois guris, como a gente

De bicicleta arrancharam

Atacaram à inocente

Seus trocados arrancaram.



Vi tudo lá da sacada

A pobre idosa gritar

Gritando lá na calçada

Magoada tremula a chorar.



Olhando lá da sacada

Escuto a televisão

Noticia desencontrada

Só passa a repetição.



Na Grécia, pobre agachada

Cabelos brancos. Chorar

Da velha desesperada

Não vai mais se alimentar.



Palhaços, tão imponentes

Falando a embromação

Alegam tão insolentes:

É para o bem da nação.



Se só comer é o bastante

É o que vejo da sacada

O que estes arrogantes

Roubam da pobre coitada?



Trombadinha espertalhão

Que vejo na rua passar

Tem só uma tentação

Do mais fraco ele roubar.





E posso daqui observar

Que o homem e sua ganância

Larápios!  qualquer lugar

É igual à ignorância.



É só descer da sacada

Ir pra rua e protestar

A próxima canetada

É a ti que irá matar.





15/02/2012

tony-poeta pensamentos






NASCI POETA







NASCI POETA





Nada entendi...

Nunca!!!

De mero gameta

Correndo ao acaso

Disputa de morte.

Fui empurrado

[Parecia passageiro de subúrbio na periferia.]

O ovulo se engraçou

Mero acaso

Virei humano.



Nove meses

[Passou bem do tempo, não fizeram cesárea, era complicado]

Tiraram-me

Não sei como

Não queria sair.

Olhei a sala,

Me olharam

Vi gente... Mais gente

Muita gente

Nada entendi

Não me pertenciam

Não pertencia...

Assim continuei.

Só fazendo poesia.





Sem data

tony-poeta pensamento




terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

LUA DE BAGDA







LUA DE BAGDA





Meia lua sorridente



Grande comercio



Pátio estacionamento.



Banho de prata



Caminhão solta fumaça



Fuligens coloridas



Três coqueiros remanescentes



Ofuscados



Nenhum camelo.









tony-poeta pensamentos

15/02/2012

A GAZE







                                          A GAZE







Final dos anos 50 Januario Magalhães começava a trabalhar. Tinha se formado em Medicina no Rio e o Coronel Adauto lhe convidara. Na pequena e promissora cidade. Ali já clinicavam 20 médicos e a Santa Casa estava reformando o Centro Cirúrgico, abrindo mais uma nova sala de cirurgia. Agora seriam três mesas de operação. Era um lugar promissor.

Dr. Januario, com interferência do coronel tinha alugado uma casa, onde ele a esposa poderiam se acomodar nos fundos, até com certo luxo e, na frente montou o consultório com uma sala de consultas, uma de curativos, gesso e mais o que aparecesse.

Ainda aguardava o telefone que seu benfeitor estava providenciando na telefônica. Já tinha uma secretária, uma moça bonitinha, filha do capataz do coronel que tinha feito até o ginásio e tinha boa caligrafia, Estava tudo em ordem, era esperar os clientes e aumentar a família; pois Lourdes sua esposa não via à hora de ter seu filho.

O novo médico estava satisfeito, tinha sido bem aceito com os novos colegas, a medicina era muito fechada e se não aceito podia ir embora. Seu consultório tinha paciente, a Santa Casa lhe dava suporte para internações e cirurgias. Entre os seus clientes um estava dando trabalho. Era a Marília. Moça bonita, aparentada do Coronel, filha do Sr. Salomão rico fazendeiro de café.

Esta jovem tinha estudado em São Paulo, em Colégio de Freiras, ficara na casa de seus tios em Higienópolis e com eles já tinha ido até Paris, estava agora no interior e revoltada.

Marília tinha ido fazer o Circuito das Águas e contraído uma apendicite. Foi lá mesmo operada, ou por estar adiantada a doença ou pelo drama que a mesma costuma fazer. Voltou para casa ainda com pontos, e o corte não tinha meios de cicatrizar. Dr. Januario usou todos os recursos da época, RX, hemograma, exame de urina. Não tinha nada. Na verdade não conseguia examinar a moça direito, cada vez que chegava perto do corte ela tinha um estrimilique e não deixava tocar.

O doutor conversou na sala dos médicos e os colegas sugeriram operar novamente e ver a causa daquela secreção continua e o corte que não fechava. Tentou mais um pouco e por fim cedeu. Marcou a cirurgia.

Dia marcado passou na Sala dos Médicos. O costume local era o médico disponível na hora auxiliar o colega, independente de indigente ou particular. Dr. Simas estava folgado. Este médico político, amigo do Getulio, tinha grande influencia e experiência, porém, sempre tem um porém, era agitado e inquieto. O Dr. se dispôs, foram ao centro cirúrgico. Dr. Dirceu, anestesista já tinha feito o pré-anestésico e Marília estava dormindo vigiada pela Cida, que fazia a função da enfermagem.

Dr. Januário foi lavar as mãos, Dr. Simas foi conhecer a doente. Começou a demorar, ia atrasar a cirurgia. O anestesista ficou ansioso, tinha mais uma operação marcada, Dr. Januario já estava terminando a assepsia e Dr. Silas não voltava. Não era hábito um medico apressar ou outro, principalmente alguém com tanto destaque. Por fim Dr. Dirceu olhou para dentro do centro cirúrgico e falou;

-Dr. Silas nós estamos atrasados.

- Calma, calma. Só estava olhando a moça, agora que ela esta quietinha.

Peguei uma pinça, cutuquei, vi um pontinho branco e puxei. Tinha uma gaze esquecida debaixo da pele. Já a retirei. Era o problema. Não precisou nem dos campos. Está tudo certo. A Cida já está fazendo o curativo. Pode por a outra operação, que a mocinha vai para casa assim que acordar.

E saiu do Centro Cirúrgico, na sua costumeira agitação.





14/02/2012

tony-poeta pensamentos

Alguns nomes estão trocados, outros não me falaram

Não sou tão velho.










UMA GORDINHA





UMA GORDINHA





Gordinha...

Não é gorda

Mas se acha...



Dois quilos sempre...



Anda na praia

Short e regata

E seu tênis

O ortopedista falou...



Não vê a areia

Não vê os búzios

Nada vê

Vê a chegada

Que nunca chega.



Espera-a: A balança

E o espelho deformante.





14/02/2012

Tony-poeta pensamentos








NUMA ALCOVA







NUMA ALCOVA







Os olhos tornam-se pequenos,

Mirrados...

Lábios delineiam sorriso de euforia

Músculos contraem e se relaxam

Tudo baila!

A mente atinge o inalcançável

Possuir, ser possuído combina

Marido, amante, uno ser

Prazer...

Indescritível prazer...

Não há individualidade

Ser, não sendo

Delirar, não delirando

Realidade uma da vida.









06/01/1969

Tony-poeta pensamentos

Publicada em Os Antípodas.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

AGRURAS DA RECONCILIAÇÃO



AGRURAS DA RECONCILIAÇÃO


Não fizeste uma corte
Nem ao menos um beijo
Não mostraste desejos
De ser amor, ser bem.

Chegou à noite
Com desejos sufocados
Não te falo
Tu te calas
Não reclamas como todo dia
Quando soltas tuas falas
E diz não me querer bem.

Sinto-me magoado
Como homem
De malandra mimada.


Sem data
tony-poeta pensamentos.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

TUDO ACABA







TUDO ACABA







Tudo acaba

Triste como a vida.

Os sonhos

Ah! Os sonhos

Dilapidados

Como diamantes

Perdem formas.

Seu brilho

Distante.

A beleza

Fenece pouco a pouco.



Não sou eu!

Diria ele

Como louco.

Procura suas arestas.

E frio,

Espelhado

Na forma inteira.



O brilho não é nada

Apenas,

Solidão.





tony-poeta pensamentos

25/04/1998