sábado, 27 de abril de 2013

O COMPRADOR DE LIVROS



 
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O COMPRADOR DE LIVROS.



Estava com dezessete anos, desempregado, como todos os rapazes nesta idade com risco do Serviço Militar Obrigatório.
Resolvi junto com meu amigo Rubens, vender livros de porta em porta, tentando descolar alguns trocados.
Ele tinha contatado a Editora Iracema que ficava próximo ao XI de Agosto em São Paulo, quase chegando a Praça das Bandeiras. Fomos os dois ter uma aula de vendas.
Assistimos a orientação, junto com pelo menos trinta desempregados, todos tentando ganhar algum troco.
Na aula foi apresentada a A.I.D.A., ou seja, a técnica moderna, recém-importada dos “States”.  Em resumo era o seguinte: Atrai a atenção {A}, desperta o interesse [I], provoca o desejo [D] e por fim, parte para a ação [A] de vendas. Foi entregue o catalogo e partimos para a luta. Procuramos um bairro de classe média.
Olhamos no ônibus o que se poderia vender:
 Havia os Contos de Green, com ilustrações; o dicionário Lellinho, em um volume, também ilustrado e, a recomendação especial que nos foi dada: A coleção completa dos Sermões do Padre Vieira.
Foi-nos relatado que geralmente as pessoas compravam esta coleção para encher a prateleira de cultura, dado os vinte e poucos volumes caprichosamente encadernados. Foi referido que um dos compradores da obra, serrou os livros para não pesar na estante e colocou o frontispício de cultura à mostra.
Andamos o dia todo e, nada. Quando éramos atendidos não fechávamos nenhuma venda.
 No final da tarde, batemos numa bela casa de esquina e fomos atendidos por senhor, um professor universitário.
Este leitor, já de certa idade ficou babando quando descobriu que tínhamos a obra completa de Vieira. Ficou entusiasmado. Leu e releu o catálogo. Deu a notícia:
- Vou comprar!
Tratava-se do produto mais caro que possuíamos, íamos inaugura o talão de pedidos e o de cadastro. Na época era feito um cadastro, submetido à aprovação, depois que era entregue a mercadoria.
Começamos a preencher e...
- Não vai comprar mais livro nenhum, era a esposa do professor. Chegam os livros que você compra escondido! E continuou o sermão,
- Não tem mais estante, você está gastando muito, e depois de quinze minutos de admoestação ao nosso leitor, a venda foi desfeita.
Vendemos algumas coleções a outras pessoas posteriormente. Até que conseguimos!  Mas este fato despontou em minha memória pelo seguinte:
Hoje comprei três livros escondido, como fazia o professor.

Tony-poeta
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ENCONTROS


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ENCONTROS


Difícil é viver no tempo,
No tempo em que me encontro,
Pois quem encontro no tempo
Não é do tempo que me encontro.

27/04/13
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sexta-feira, 26 de abril de 2013

AMOR E SOFRIMENTO



                              
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 AMOR E SOFRIMENTO.


Nos doze metros de meu quarto viajo no infinito de meu pensamento, como carrinho de trombadas de Parque de Diversões, abalroando a cada metro, sigo confuso, sem direção.
No espaço sem fim, no vale desconhecido delineiam-se tons azuis e verdes. Seriam oásis de sonhos? A busca é aflita em trancos de dor e quedas de solidão. O caminho esburacado com armadilhas escondidas na falta de luz ferem os membros.
Machucado, recolho-me a meu espaço sem fim, gozando das dores como que olhado por toda a sociedade e até sinto as mãos macias de uma alvura nunca antes encontrada acariciar minha face; posso até ouvir palavras doces que saem em acordes de lira, melodiosos acalmando meu sofrimento. Contente com a dor, nos trancos da estrada, os pés se arrastam para a vegetação magica de arvores com frutos de ouro que saciaram meus desejos e darão a calma almejada do sonhar.
Vencido o véu, as formas delineiam-se sem frutos de ouro ou folhas de esmeraldas. O sonho muito maior do que a possibilidade dos objetos frustra. Recolho-me novamente, encasulo-me em meu sofrimento, sorrindo a espera que o mundo me acalente e as mãos delicadas da fada encantada me faça gozar.
Trombando em caminhos do Parque da Vida, chorando e rindo a cada dor; temendo a felicidade que vira saudade num sopro de vento e, buscando o acalento das mãos que escorregam como agua que escorre de uma cachoeira e, vai muito longe espraiar-se nas pedras pretas e limosas do desaparecer.
No meu aposento de doze metros bato nas paredes, buscando o infinito de meu pensamento, num carro de parque que tromba contínuo até a luz ser desligada e não mais sorrir com o sofrer.

Tony-poeta
26/04/13

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A RAZÃO



 

A RAZÃO


Sair da sombra, abandonar a mesa,
Prato saboroso, a água que sacia,
Em outra soleira, mente vadia,
E nem esperou a sobremesa.

Jogar o chapéu na chapeleira
Tirar o paletó, e se deitar,
Acender o fogo na piteira
Recusa insistente de pensar.

A razão coça a cabeleira
Pronta e firme para admoestar
Esticando os pés sobre a cadeira
Faz de conta:- não quer escutar!

- Como penetrar em vida alheia
E pode sem senso navegar.
A aventura sempre sorrateira
Em aguas turvas vai soçobrar.

A invasão imprudente cerceia
Tino, prudência, o raciocinar;
É o canto traiçoeiro da sereia
Que nas aguas turvas vai matar.

Dizer que a paixão entrou na veia
E a razão tem mesmo que aguentar
Tudo que envolve a vida alheia
A razão tenta em vão aconselhar

Mas a paixão quando incendeia
Faz a razão no chão, se queimar.

25/04/13
Tony-poeta

quarta-feira, 24 de abril de 2013

os povos.

 

OS POVOS


Cada povo é uma família singular. Não deve nunca aceitar palpites.
Cada povo deve se submeter apenas ao pensar de seus membros, como toda família, com seus acertos e erros.  Qualquer palpite externo é corpo estranho.
Cada povo tem seu caminho, único e sempre será o melhor em seu pensamento. Não existe um povo único na terra e, não será possível unificar tudo. Este discurso é além da utopia, passa a ser discurso de dominação.
Mesmo com revoluções e brigas, a decisão de um povo leva a um bem estar e a uma noção de pertencer; coisa que a interferência estrangeira nunca poderá propiciar, aliás, a intervenção de fora sempre será vista como dominação e a prazo não estipulado gerará guerras sangrentas para expulsão do corpo estranho.
A ilusão imediatista que: se socorrendo fora se apressará os objetivos de um povo, visa apenas a objetivos pessoais e equivocados; ninguém consegue saber o desejo do povo, pois este é lapidado dia a dia e jamais terá final, como todos os objetos da natureza. A única coisa aparentemente finita na natureza é a morte individual, não a de uma cultura.
Fico preocupado, ao notar como as nações mais fortes tentam intervir nas mais fracas, diariamente, quando abro o noticiário. E mais me assusto com jornalistas de boa formação cultural torcendo e tomando partido. Preocupa-me muito, realmente.
Que cada povo trilhe seu caminho e descubra suas verdades. Não há uma verdade única; esta sempre é referente a um ângulo de visão.

Tony-poeta
24/04/13