sábado, 17 de março de 2012

NAVIO DA MONRÓVIA


NAVIO DA MONRÓVIA



Balsa parada

Navio da Monróvia

Para onde vai?

Forma a tempestade

Oceano dos monstros

Marujo varre o convés

O navio da Monróvia

Balsa parada.



O homem na balsa

Xingando no carro

Dá um escarro.

O marujo lá em cima

Varre o convés

Navio aonde vai?

O Navio da Monróvia

Balsa parada.



Homem buzina

Balsa parada

Escola atrasada

O seu filho chamou

Marujo assustado

Olha o escuro

Que monstro virá?

O navio da Monróvia

Balsa parada.



Bloqueou o cartão

Não vai ter o pão

O que fazer?

Noite escura

Xinga na balsa

Bruxa varre o convés

Marinheiro assustado

O Navio da Monróvia

Balsa parada.



No meio do escuro

Carga assombrada

Contêineres de sonho

No pesadelo

Vestido de noiva

Da bela modelo

Fugiu no mar

O navio da Monróvia

Balsa parada.



Noite é breu

Apareceu o dragão

Homem xinga

Seu chefe.

Cospe o catarro

Fuma um cigarro

Bruxa varre o convés

Navio entra no negrume

Monstros o esperam?

Toca a buzina

Cai a chuva

O navio da Monróvia

Balsa parada.





17/03/12

tony-poeta pensamentos










Perguntas de um chato


PERGUNTAS DE UM CHATO.





Mundo esquisito o nosso

Onde vida se alimenta de vida.

As plantas comem matéria orgânica

Vidas mortas.



Bactérias e vírus

Se alimentam de vidas

Vivas



Animais e humanos

Matam a vida

Para se alimentar



Concluindo

Vida alimenta outra vida

Para isso tem de morrer

É um circulo fechado.

Certo?



Pergunta:

De que se alimentou

A primeira criatura viva?



Se a resposta for:

De carbono, enxofre

Ou outro elemento qualquer

Vem outra pergunta:

Quando nos tornamos canibais?

A vida começou com a guerra?



Está explicada

A insensibilidade do humano?



Bom pensar!





17/03/12

tony-poeta pensamentos

SONHOS DE AMOR


SONHOS DE AMOR







O vento que passou



Soprou novamente



Trazendo você.





Quisera eu que fosse acordado!





Pois ventos da noite



São apenas consolo



Da palavra saudade.







17/03/12

tony-poeta pensamentos

sexta-feira, 16 de março de 2012

diabetes: O assalto a geladeira.

DIABETES O ASSALTO A GELADEIRA



Percebo no dia a dia que a diabetes é quase desconhecida,  apesar de ser uma doença de grande prevalência na população. A falta de informação ora é proveniente da relação médico paciente, hoje em fase de readaptação pelos novos e modernos exames complementares, ora pela enxurrada de informações, nem sempre corretas, passada pelos meios de comunicação.

O diabetes mellitus [temos o diabete insipidus, outra doença não relacionada a em questão] divide-se em tipo I e tipo II, a primeira geralmente em crianças e adultos jovens,  que sempre necessita de insulina no tratamento e, a segunda, amais comum, os adultos e idosos. Não me aterei a a elas, o médico no diagnóstico deverá orientar a que classe pertence. Irei me deter no grande problema:

O DIABÉTICO COME ESCONDIDO?

A resposta é: Geralmente, SIM.

TODOS?

A resposta é: Praticamente.

SÃO TODOS IRRESPONSÁVEIS?

NÃO!

Vamos entender. Quando dizemos que a glicose está aumentada no sangue acima de uma taxa estipulada pela característica do exame temos o Diabetes Mellitus (tipo I e II)

Portanto diabetes é o aumento de glicose [açúcar] no sangue. Aumentou por quê?  Devido a Insulina [um hormônio produzido pelo pâncreas] ser insuficiente ou ausente. Portanto o diabetes só acontece se temos um problema de insulina. Como funciona isso?

Quando nos alimentamos, uma parte de nossa alimentação é transformada em calorias para manter a vida das CÉLULAS, esta caloria em forma de glicose [para simplificar] entra na corrente sanguínea [veias, artérias e pequenos vasos sanguíneos] para posteriormente entrar na célula, Fazendo uma analogia, a nossa circulação é composta de ruas e avenidas [vasos sanguíneos] e as células as garagens onde entrarão os carros, Para abrir o portão quem abre é a insulina.

Se a insulina for insuficiente ou faltar os carros não saem das avenidas e teremos um congestionamento. Ou seja, açúcar alto, portanto diabetes.

Mas, e dentro da célula?

Está faltando energia para seu metabolismo, o açúcar não entrou. Se continuar sem ele, vem a morrer. Então cada célula emite uma ordem ao cérebro. Preciso de comida!

O cérebro não tem como medir o açúcar em circulação, então emite uma ordem [é ordem, mesmo! Não deve ser desobedecida]: COMA. A pessoa não tem como desobedecer [o efeito é o mesmo de uma compulsão de um drogado] e vai “atacar a geladeira de madrugada”

Portanto a briga não adianta. O doente começa a s sentir humilhado com a “falta de força de vontade” que lhe é atribuída e piora.

Lembremos que mandar no doente não tem lógica. Ele sabe raciocinar e, se for pai ou mãe é equivalente a dar um Golpe de Estado, como dizer: Até ontem você era o presidente e eu te obedecia. Agora você não manda mais nada e tem que me obedecer, senão mando a policia acabar com você: {cuidado, carinho, sobrevivência etc.} Portanto uma atitude a ser banida. Conversar é a única forma eficiente e quando o diabético está com fome incontrolável é sinal que o tratamento está fugindo ao controle [o que vai acontecer sempre, devido ao caráter evolutivo da doença]. É hora de voltar ao médico para rever a medicação e a Nutricionista, parra rever a alimentação. [LEMBRE-SE: Cada doente em função de sua atividade e, em cada fase da doença tem um controle alimentar específico.] O doente com trabalho braçal tem de comer mais que um sedentário, e assim por diante. As tabelas generalistas são só referencia para duvidas e não cartilhas de uso obrigatório. O médico e a nutricionista é  quem  tem que orientar o quê e quanto comer. O único banido é a sacarose [açúcar de cana], o açúcar das frutas: a frutose não tem atuação significante no diabetes, por isso é que estão liberadas e indicadas.

Espero que quando do diabético comer escondido não venha mais gerar brigas e traumas, lembre-se uma glicose de 250 não é urgência e dá para programar calmamente o tratamento sem estres.

 tony-poeta pensamentos
16/03/2012










FETICHE - crônica poética


FETICHE – crônica poética





Na travessia da balsa, sou o primeiro carro após as motos. Volto ao Guarujá, é uma sexta feira, depois de um dia de trabalho. Vão à balsa: cinco motos, a população da redondeza espalhada e a pé e vários carros. A maioria dos automóveis é de pessoas que descem para as casas de praia, que proliferam na Reserva, sabe-se lá como?

A moto, a minha frente, tem o motoqueiro, um bagageiro de entrega, destes baús que são usados para pequenas encomendas, e no meio, espremida, uma moça; de jeans e blusa preta, com seu devido capacete. Quem dirige, também de preto, com capacete preto é um sujeito, aparentemente forte, com cerca de cem quilos.

Uma vez a moto parada, a moça sai do aperto, com certa dificuldade, tanto pela exigüidade do espaço, como pela calça ajustada delimitando os quadris. O rapaz, não se move. As demais motos e alguns carros também saem para o espaço comum da balsa, para travessia. Geralmente os ocupantes de veículos de ar condicionado ficam dentro dos mesmos, já que o tempo está nublado, escuro com uma discreta névoa úmida, apesar do calor. A travessia é rápida, próximo de cinco minutos até atracar do outro lado, incluído as manobras do balseiro.

A meu lado, numa Pagero, pela porta do carona, desce um rapaz de trinta e cinco anos, com a esposa ao volante; pede passagem à moça da moto, tocando-lhe seu ombro. Sem esboçar nenhuma expressão de agrado ou desagrado, cede-lhe passagem.

O movimento muito delicado e discreto chamou-me atenção. Era uma jovem, possivelmente casada com o rapaz que dirigia a pequena moto, tinha a aliança. Reparei que era uma moto comum de entrega de baixa potencia.

Graciosa era a moça, com traços faciais finos, bonita, portanto. Um corpo escultural, cabelos negros e compridos, lembrando o cabelo das indígenas completavam agradável visual.

Não foi difícil deduzir o motivo da aproximação, podia-se ver o canal de outro lugar e não de onde a moça estava.

O suposto marido não se mexia, a moça se movimentava parecendo num bale treinado, com finos movimentos delicados, tão discretos a ponto de chamar atenção; tendo o olhar um deslizar suave, observando todas as reações em volta, sem que sua face a denunciasse com nenhuma expressão de prazer ou repulsa.

Logo a seguir, de um Audi atrás de mim, saiu um senhor de sessenta e poucos anos, obeso, com uma vasta barriga, cabelos e bigodes brancos, se aproximou da ponta da embarcação.

O dia estava escuro, as águas do canal refletindo o céu não tinham o azul. À tarde chuvosa espantara os mergulhões, garças e todas as aves aquáticas que vivem em bando no local. Não se viam aves; o mangue que rodeia a margem fica melancólico e pensativo nestes dias, recusando as cores. Esmaiado induziam a interiorização, sem seu esplendor de luzes. Mas a ponta da balsa atraia expectadores, a moça escultural continuava com movimentos mínimos discretos do corpo, olhar percrustrando os movimentos curiosos a seu redor.

Indaguei-me: Fez esta moça uma lipoescultura e observa o resultado?  Ponderei que não. A cirurgia teria que ter tido a maestria de um grande escultor, muito difícil para quem anda numa moto de entregas. Mas não era uma exibicionista, não agredia em gestos bruscos para se mostrar; na verdade os gestos eram movimentos muito leves, quase imperceptíveis. Mas, se nascida fosse assim, por que teria esta curiosidade no olhar que anotava tudo? Qual a razão do marido, na moto onde deveria ter descido não se alterar. Será que: com a viseira escura de seu capacete olhava como a mulher, a movimentação dos homens excitados com o corpo?

A balsa começou a chegar para atracação. Os galanteadores frustrados voltaram a seus veículos. A moça espremeu-se para entrar no vão, entre bagageiro e o marido, fazendo movimentos forçados pela limitação da calça ajustada. Colocou o capacete. A moto saiu lentamente, devido ao peso do motorista. O fetiche sumiu no onirismo da estrada, rodeada da mata tão meditativa.





16/03/12

tony-poeta pensamentos




CHAVE DO POETA


CHAVE DO POETA





Se te desse a chave

Daria meu mundo.

Inteiro

E...

Vazio

No vazio dos poetas

Um vazio

Com formas secretas

Fragmentado...

Em milhões de pedaços

No vazio.



Se te desse a chave...

Se achasses a chave...

Talvez?

Eu...

Não seria vazio.







31/10/1985

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quinta-feira, 15 de março de 2012

HORA ERRADA


HORA ERRADA





Coloquei ao contrário



O relógio ao pulso



Foi aí que te encontrei.



Foi um mero impulso?



Eu mesmo não sei!



Tempo refratário,



Horas que não existem



Nas dores que insistem.





15/03/12

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quarta-feira, 14 de março de 2012

VELHO VASO


VELHO VASO





Velho vaso na entrada do edifício

Abrigando um arbusto desgastado,

Que faz sombra a miosótis sorridentes,

Proteção a este sol, sempre inclemente,

Que triste: pensa o velho desolado,

A razão de tão grande sacrifício.



Já fora em outros tempos interstícios

Orgulhoso, era nobre e empolgado

Fazendo a cor da vida alegremente

Espalhando seus genes puramente

Fazendo amor de todos, e mui amado

Galã forte. Era Rei neste edifício.



Agora com as folhas esmaiadas

Sem seu viço, penumbras rebatem

Aos miosótis. Na sombra antes clemente

Fizerem festas, deram suas sementes,

Sem olhar estas dores que invadem

Suas veias agora já desfiguradas.



Que lhe resta então nesta só jornada

Aguardar os homens lhe buscarem?

Os galhos ressecados indigentes

Já choram na oração tão veemente

Para que os joguem sem nem pensarem

Como adubo de volta a invernada.





14/03/12

tony-poeta pensamento














CARICIAS


CARICIAS





Suaves mãos alisam minha face,

Acelera-se meu coração

Vindo célere o amor e a paixão

Existir em minh’alma com realce.



Sinto calor, pureza, delicias

Que alegre cupido brincalhão

Criou em mim nos traços da ilusão

E na forma suave de carícias.



Dada hora dou por fé, só estou,

Só neste quarto escuro, calado.

Nada do amor, e então pasmado



Busco as carícias. O amor parou?

-Sim! Foi-se junto à escuridão fria

Da noite que sumiu com o dia.





1965

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PENSAMENTO IDIOTA - CONFUSÃO


PENSAMENTO IDIOTA – CONFUSÃO





Ninguém nos põe em confusão.

Se nela estamos, estamos presentes, fomos andando.

Se o rolo enrola, nós também enrolamos,

Se não dermos corda, ele para.

Quanto mais enrolado, maior participação.

Se tiver muitas pessoas, lembre que somos uma delas.

Se der errado, ninguém nos enrolou.

É que nos metemos onde não podia.

Se der certo, não somos o esperto,

Podíamos ter evitado tanto trabalho.

Pense nisso!





14/03/12

tony-poeta pensamentos


tente sentir

imagem Google

TENTE SENTIR





Não veja,



Não ouça.



Sinta

A aproximação



Não cheire

Sinta o perfume



Não fale

Ouça o silencio.



Use seu ser sutil



Para buscar a vida

Não precisas ser guru

Nem iluminado



Pois a vida

De tão sutil

Não vemos

Com os olhos

Eles mentem

Nem com o ouvido

Que nos engana

Nem com o nariz

Que distorce.

A vida mora dentro de nós.



A vida

É de dentro para fora.



Fora...

Apenas um jogo de manequins

Que são vestidos

Conforme imaginamos.



O mundo é vibração

De cada ser vivente.

Só tem uma ordem

O sentir.

Sinta o mundo!







14/03/12

tony-poeta pensamentos


terça-feira, 13 de março de 2012

DONA MARIINHA


DONA MARIINHA



Bastava abrir uma janela e dava-se de cara com Dona Mariinha. Eram três vizinhos, Pai e duas filhas. Estas casaram e Sr. Salvador comprou o terreno de fundos, que dava frente à outra rua e ali vivia a família Santos. Ao meio a fofoqueira Dona Mariinha.

Esta senhora de setenta e cinco anos, viúva, pensionista ficava o dia todo em casa, não saia; dizia ter dor nas pernas e costas. Fazia alguma comida, pouco se sentia o cheiro, lavava duas ou três peças de roupa, varria por cima o jardim e o corredor e... Olhava pelas janelas. Tinha dois filhos adultos que raramente eram vistos. Entravam e saiam de casa sem falar com ninguém, provavelmente nem com a mãe.

Como muito manhosa, não tinha amigos, ninguém a visitava.

A família Santos, que cercava a sua casa, não lhe via com bons olhos, mal falando bom dia ou boa tarde, quando se deparava de frente nas janelas.

Alem de vigiar a Família Santos, esta senhora também vigiava o ponto de ônibus em frente à casa. Via que entrava no ônibus, quem descia, quem conversava com quem, as brigas de namorados. Enfim, olhava tudo que acontecia.

Certa noite deu aquela briga de família na casa dos Santos. Da. Leonor, mulher de Salvador comprou uma maquina fotográfica para Rafael seu neto, filho da Marli, sua filha da casa a direita. Acontece que Rafael tinha quebrado com a bola a vidraça de Meire, sua outra filha, da casa a esquerda e o avô o tinha posto de castigo.

Como acontece em toda família, seu primo Ricardo ficou com ciúme e sentiu-se injustiçado: - Como ele quebra a vidraça e ganha presentes, e eu que fiquei quieto, não? Meire tomou as dores e foi falar com a mãe, Sr Salvador lhe deu razão, Marli tomou defesa da mãe que começou a chorar. Fabio e Gustavo os dois genros se propuseram a comprar uma máquina para Ricardo e resolver o problema.

Na verdade aumentaram à briga. As esposas começaram a acusá-los de omissos, folgados, que queriam resolver os problemas dos filhos dando presentes e assim por diante. Foi às três famílias dormir de cabeça quente, já tarde.

Pela manhã cada um abriu sua janela e deu de cara com dona Mariinha. Saíram Fabio, Gustavo e Marli que iam trabalhar de ônibus, sempre estavam juntos pela manhã. Continuaram resolvendo o problema da máquina no ponto de ônibus. Da Mariinha olhava.

À noite, todos sentaram. Sr. Salvador falou: Temos que dar um jeito nesta velha; eu já sei como...

-Ela ficou ouvindo nossa conversa no ponto de ônibus, falou Marli...

- Não agüento mais esta vigilância retrucou Gustavo...

Todos estavam de acordo, tinha que ser dado um jeito

O Patriarca falou, vamos levantar nossos muros acima da janela e mudar o ponto de ônibus mais para baixo.

Mas como? Perguntou Fabio.

-Meu primo Aristides trabalha no escritório da empresa, vai ser fácil, disse com um sorriso de superioridade, típico de seu modo de ser, o chefe do clã.

-Mas não tenho dinheiro para fazer o muro agora, deixa o meu lado sem. Completou Fabio diminuído.

-Deixo, não. Falou Salvador. Te empresto, depois você me paga.

Dia seguinte começou a reforma. Levantaram o muro em uma semana e, neste tempo o ponto de ônibus mudou de lugar.

Daí em diante, raramente se via Dona Mariinha, ou andando como fantasma com a vassoura no corredor, ou olhando para o nada frente a casa.

Meire, três meses depois, chega triste em casa. Trabalhava no Hospital e o lar era seu descanso, raramente trazia problemas.

Gustavo estranhou, falou:- que houve? Você está triste.

-Dona Mariinha morreu...

Aquela velha fofoqueira? Coitada! O que houve?

A família estava reunida, como fazia todo dia à tarde, Meire explicou:

-Chegou quietinha, encolhidinha, sem falar nada, deu três suspiros e... morreu.

-Mas de que morreu? Perguntaram quase ao mesmo tempo...

-Meire já chorava, falou: Dr Caio disse que foi solidão.





13/03/12

tony-poeta pensamentos




HOSPITAIS EM MARILIA


HOSPITAIS EM MARILIA





Alem da Santa Casa Marília possuía o Hospital Marília, como Hospital Geral, atendendo qualquer demanda. A Gota de Leite sempre funcionou como Maternidade e

O Hospital de Clinicas como Hospital Escola. Estamos nos anos oitenta.

Os hospitais tinham seu grupo de médicos por afinidade, já que não existiam restrições aos médicos atuantes no Município de freqüentar um, ou outro estabelecimento.

O Hospital Marília, que fui poucas vezes, tinha assim suas equipes, Dr. João Neves na ortopedia, Dr. Jader Stroppa na urologia, Dr. Sallum, Dr. Timo, Dr. Pastori e Gustavo Godoy Pereira que operava junto na cirurgia geral, Dr. Pérsio, Dr. Aurélio da Motta entre outros. era onde a gente deixava recados caso houvesse necessidade de deixar algum recado. O hospital, bem menor que a Misericórdia, vivia de seus médicos e de sua tradição, plenamente integrado a cidade.

Com as mudanças políticas que envolvia um todo, além da saúde, os doentes particulares que eram a base do Hospital escassearam.

Enquanto a Santa Casa tinha como provedor Dr. Christiano Altenfelder, que também era provedor da mesma instituição em São Paulo. Ele possuía um enorme resguardo político, arrumando verbas para as Misericórdias cada vez que a situação ficasse critica, o que era freqüente; o Hospital Marília ia se equilibrando conforme podia, com dificuldades cada vez maiores.

A Bolsa de Valores começou por esta década a chamar atenção de quem tinha para investir, com grandes booms e grandes quedas, porém virando manchetes de jornais, o que antes era ignorado. Em anos anteriores tinha-se colocados bolsas de títulos de acesso popular, vendáveis a prestação, que gerou grande curiosidade e interesse. A população começou olhar para esta aplicação, além dos títulos ao portados, que apesar de não aparecerem ao Imposto de Renda, tinha rendimento fixo e baixo para altíssima inflação da época.

Nesta época o Dr. Porto e Dr. Osvaldo Vicente, assumiram a Clinica Radiológica do Dr. Trentine e começaram a investir em aparelhagens no Hospital, criando até uma entrada própria na rua ao lado. Jovens e interessados concluíram que a solução viável seria uma abertura de capital. Com um aporte de Caixa, o Hospital teria tranqüilidade para passar a turbulência.

Como ninguém entendia desta aplicação foram feitas inúmeras reuniões, onde se inteiraram do funcionamento, quanto e como abrir o Capital. Chegaram finalmente a uma conclusão. Seria um aporte de determinada quantia, dividida em um numero correspondente de ações, com ações preferenciais e ordinárias. Foi aberto o Capital numa reunião que chegou a madrugada.

Aberto o Capital, os médicos da Santa Casa também resolveram investir, já que a situação da saúde nos anos oitenta era completamente incerta. Foram comprar suas ações.  Contava-se na Sala dos Médicos da Misericórdia a seguinte história: [omitirei o nome do agente, pois não presenciei, chamarei de Juvêncio] Que um médico dedicado e também desconhecendo tal mercado foi à tesouraria do outro Hospital efetuar sua compra. Pediu quarenta mil em ações.

O tesoureiro começou a fazer o documento de vinte mil preferenciais e vinte mil ordinárias. O colega se revoltou: - Não vim aqui para comprar nada ordinário, se é ordinário, não presta, afirmou.

De nada adiantou a orientação do funcionário. –Não quero nada ordinário, repetia, mesmo sendo explicado que todos aplicadores dividiam em dois o bolo.

Comprou tudo em Preferencial e foi embora contente.

Completado o aporte, foi feita a reunião para destinação em melhorias do capital arrecadado. Foram vendidas todas as ações. Dr. Juvêncio foi, e descobriu então, o que já lhe tinham explicado e não escutado:

Só acionistas com títulos Ordinários votam, Preferenciais recebem apenas o capital em caso de falência.

Mesmo assim saiu indignado:- Como pode uma coisa Ordinária votar e o Preferencial não?





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13/03/12

INTEGRAÇÃO




INTEGRAÇÃO







Dividir?



É o amor.



O amor é duplo,



Divisão de entes



Divisão de ser.



O amor



Divide o ser



Como célula



Um é meio.



Dois forma um



É a integração.





15/06/1985

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domingo, 11 de março de 2012

AFINIDADE


AFINIDADE





Afinidade é uma linguagem muda que conecta as pessoas, uma linguagem não presencial, sutil, totalmente sutil, que une os seres.

Se o amor gera a prole e a continuidade da espécie, a afinidade a mantém unida e coesa. O que une uma população independente de sexo é a afinidade.

Afinidade prescinde de presença. É uma linguagem puramente virtual, posso ter amizade com uma pessoa sem conhecê-la, só dos amigos me falarem dela, e ela agir do mesmo modo, ser um amigo desconhecido. Quando num momento de aborrecimento uma frase proferida por mim, ou meu amigo dependendo da referencia que tomamos, citada por estes contatos comuns, vai trazer calma e esclarecer o pensar. Não implica em conhecimento pessoal obrigatoriamente.

Ao ler os filósofos ou as religiões que professamos, todos nós professamos por um filosofo ou uma religião mesmo que não tenhamos conhecimento, a palavra do afim nos consola, mesmo que tenha morrido há séculos.

Nossa sociedade muitas vezes confunde afinidade com amor. Afinidade é um amor sim, mas sem desejos sexuais, eróticos, de contato ou de reprodução; é a forma de amor entre criaturas para que possam viver bem se amparando mutuamente. Afinidade é uma linguagem de outro amor. Muitas vezes pessoas se afastam por não entender que a afinidade não tem sexo e seu prazer. O prazer dela é em outro nível, e também necessário para todos os viventes.

Afinidade não tem raciocínio, lógica, valores, sexo e nem espécie. A afinidade do agricultor com seu cão ou seu burrico; a calma que sente na presença do animal fala uma outra língua. A afinidade une espécies. Vemos continuamente fotos postadas na face book de animais amamentando crias de outras raças, às vezes inimigas. Isto é afinidade, o relacionamento da sociedade civilizada ou não, dando coesão a seus elementos para que a continuidade do amor se mantenha após o nascimento.

Amamos sim nossos amigos e afins, conhecendo-os real, virtual ou só de ouvir falar, isto é bom, pois aquele que amamos também nos ama, e esta troca permitem que a natureza continue jorrando vida.





11/03/12

tony-poeta pensamentos