VISITA AO MOTEL
Dr. Francisco e sua esposa iam visitar o Motel recém-inaugurado. Ficava quase na divisa de Vera Cruz. Era encostado a Marilia, onde o Médico trabalhava.
Em 1978 tentaram fazer o Motel no Município, mas tanto a Câmara dos Vereadores, como a Associação Comercial não permitiram aquela pouca vergonha, que desencaminharia as jovens e abalaria as famílias; de modo que no ano seguinte, na divisa de Municípios inaugurou-se o TurisMotel. Provocando grande falatório.
Já existiam Motéis em cidades grandes e em Bauru a 100 quilômetros, onde a liberação sexual da época começava a se notar, Dr. Francisco e Dorothy sua esposa conheceram na Capital um empresário do ramo, que bem sucedido nos negócios, falou maravilhas despertando a curiosidade do casal.
O médico tinha grande dificuldade de ausentar-se, a medicina exigia dedicação e presença, ele conseguiu que um colega ficasse a distancia, em uma sexta feira. Pediu para a senhora que ajudava a cuidar dos dois filhos passar a noite com eles e, marcou o programa diferente.
Naquela noite de junho fazia muito frio, mesmo assim não os desanimaram, dado os preparativos para conhecer o novo negócio que se instalara. E foram.
Na portaria foi solicitado documentos do casal. Após o registro foram ao quarto quinze, as duas suítes existentes estavam ocupadas. Entraram em uma garagem. O interruptor estava colocado à vista do motorista e o médico abaixou o rolô de lona prata isolando o casal. O aposento ficava sobre a garagem, subindo pequena escada que fazia uma curva.
Finda a escada tinha uma pequena área de distribuição acessando o banheiro e o aposento. A luz era indireta, apenas no quarto de banho tinha a opção de uma luz mais clara; o quarto era composto de uma cama de alvenaria de formato oval, que sustentava um colchão de casal de bom tamanho. Dois abajures e um interfone. Uma opção de musica ambiente, um frigobar e o cardápio.
O banheiro era de aspecto caseiro com chuveiro, bidê e pia com espelho na parede. Havia dois jogos de toalha, dois sabonetes individuais e mais nada.
A cama estava arrumada e não tinha cobertores, nem aquecedor no quarto. Fazia dez graus. Francisco foi ao interfone e pediu um Martini para esposa e um uísque, com objetivo de esquentar. Dorothy curiosa levantou o colchão e, havia um espaço vazio entre o mesmo e o piso, cheio de latas de cervejas e embalagens de salgadinhos vazias.
Tomaram o drink, continuaram encapotados. Retornaram a sua casa.
Alguns dias depois, recebeu a visita de Meire, funcionária da Prefeitura de Vera Cruz. Esta brincando relatou que o casal tinha ido ao Motel. Ficaram sabendo que a ficha de hospedes ia à Prefeitura, para controle de impostos.
Não voltaram mais a nenhum Motel.
17/08/12
Tony-poeta
Fato real,
Nomes fictícios.