sábado, 28 de junho de 2014

CINCO VIRA;DEZ ACABA.



CINCO VIRA; DEZ ACABA


Foram demolidas duas casas na Av. Nove de Julho. Dois terrenos baldios, totalmente abandonados. A molecada que frequentava a Alameda Lorena resolveu fazer um campinho de futebol.
O amplo terreno tinha muito entulho. Apenas uma parte era possível deixar razoavelmente limpa. Todos se reuniram e removendo pedras e tijolos conseguiram o espaço. Não ficou lá estas coisas, já que todos eram jovens e a habilidade quase nula.  Mesmo assim uma área ficou aproveitável.
O primeiro problema é que os gols ficariam de costas, um para a Avenida, já com movimento na época e outro para o quintal do japonês que criava carpas: - Diziam que tinha um espingardinha de sal para afugentar intrusos, Ninguém nunca viu, mas precaução era precaução. Depois de confabular chegou-se à conclusão que não podia chutar forte para o gol. Dar bombas nem pensar, poderia perder a bola, na época cara e escassa.
Conseguir fazer o gol foi outra aventura. O terreno, outrora construído era duro. Não tinha material adequado, nem habilidade. A madeira, até encontramos as que serviam dentro do entulho. Muito suor, discussão, por fim conseguimos enfiar os quatro paus, o difícil foi amarrar o travessão. Ficou pequeno, mas dentro do possível. Era o que dava. Ficou menor que um gol de futebol de salão, ninguém deu importância: - Não podia chutar forte, mesmo.
O acampo estava pronto. Chegamos à conclusão que jogariam seis para cada lado, era o máximo que daria para de movimentar no campinho. O grupo era bem maior, os times revezariam e um dos que esperava seria o juiz.
Lógico que se alguém discordasse do dito arbitro este seria imediatamente trocado, após os xingos habituais da contenda. O jogo no momento que um time fizesse o quinto gol, trocaria de campo e, em dez gols teríamos o vencedor, que ficava e entrava o outro.
Os jogos sempre foram rápidos, o time era escolhido pelos dois considerados melhores, cada um escolhia seus cinco. Os que esperavam também escolhiam os melhores. Os gordinhos e os mais novos geralmente eram os goleiros.
Por um longo tempo este campo foi utilizado, sempre com chuva de gols.
Hoje assisti Brasil e Chile. Noventa minutos, dois gols. Trinta de prorrogação. Nenhum. Em dez pênaltis cinco. Deu saudades do campinho, afinal futebol tem como seu maior atrativo o gol.

29/06/14
Tony-poeta


sexta-feira, 27 de junho de 2014

ANCORAS


ANCORAS


Vaporosas ancoras coloridas
Deixei a flutuar no espaço
Em busca de onde aportar.
Achar a terra que é vida
Repousar depois de voar.

O espaço que busca cores,
Pelo afeto se apoiam amores
Que acalentam o passar:
Cada ancora acha uma vida
Festejada e muito vivida
Dona do dom de acalmar
O caminhante solitário,
Poeta, louco, visionário
Que sempre procura juntar
A sua com outra vida
Conjugando o verbo amar.

Em círculos rodo o espaço
Seguindo o passar da vida
Quem sabe a ancora que voa
No fim ache a guarida?

E depois de tanto voar
Tenha o deleite do sonhar.

27/06/14
Tony-poeta





quinta-feira, 26 de junho de 2014

RECONHECIMENTO



RECONHECIMENTO



Costumamos falar: que de nada adianta toda imponência que pode possuir um determinado ser humano, se este vai igual a todos os demais para baixo da terra, em destino comum.
Não me agrada tal assertiva, o mais correto seria tentar ver o que realmente adianta, e o que estamos fazendo aqui nesta superfície em constante transformação, a qual chamamos Terra.
O ser no mundo, é um ser individualista. Todos atos giram exatamente em torno de suas atitudes; como é um ser social, tudo que planeja tem um único fim: O Reconhecimento.
Cada época da humanidade o reconhecimento se faz de uma maneira: Pode ser reconhecido como guerreiro eficaz, que mata seus componentes; como crédulo penitente a seu deus; como pai exemplar que é justo com seus filhos, ou atualmente, como homem possuidor de riquezas que seja invejado pelos que não as tem.
Resumidamente a vida baseia-se em olhar o outro e ser olhado por este outro, num jogo de alteridades onde espelha e se espelha no conjunto que de humanos que rodeiam.
Será que o único objetivo do ser individual jogado na natureza é se mostrar e comparar com o vizinho? Será que este manancial de objetos transformados ou a serem manipulados, que encontramos quando nascemos e deixaremos aqui, sem saber para quem, pode ter uma posse tão desproporcional, onde uns tem muito e outros nada? Será que nascemos diferentes em capacidade de posse apesar de ser comprovado que a inteligência e a capacidade de adaptação são iguais em todos seres humanos?
O que importa é definir qual a função do homem no planeta. Se nos conformarmos em manter-nos vivos e espalharmos genes num delírio de buscar sexo ininterruptamente, não justificaria a sociedade que habitamos e, o valor seria dado pelo número de descendentes. Por querermos algo mais, tentamos viver eticamente, com uma eticidade que se modifica a cada nova transformação do grupo, tentando manter tanto a harmonia entre seus membros, como propiciar o bem estar de cada um.
Temos que notar que a tentativa não é individual, tentamos, prestigiando o nosso grupo, diminuir nossa individualidade para um bem comum. A sociedade, dentro de uma concepção teórica, seria: domar o individual para o bem do coletivo, gerando um ideal comum onde este bem estar atingisse todos. Se olharmos com atenção é o que ocorre desde o início de cada grupamento social de humanos.
Certamente estaremos diante de uma busca sem fim, o universo é Vontade, caminha sempre. A ordem de hoje será desordem amanhã para uma nova organização, sempre lábil que será reformada novamente. A Ordem dentro da natureza representa estagnação e o fim. A Natureza exige movimento continuo e ininterrupto. A quebra é ceder lugar para outro grupo em evolução.
Neste difícil raciocínio de cada um se encontrar participando do todo, nos assemelhamos a um cardume de peixes com suas evoluções conforme a situação: reprodução, caça e defesa. Deste modo devemos achar nosso lugar.
Tal qual o exemplo do cardume, que cada um tenha um lugar que possa lhe proporcionar certa independência de movimentos, como exige o ser jogado no mundo, sem perder sua função na dança do todo que mantem a harmonia da vida em movimento.
Só com uma noção de um lugar perante o todo, poderemos conter o desejo desenfreado que atualmente o capitalismo induz, e reconhecer o outro, e ser portanto reconhecido, já que todos estarão vivendo e dançando da melhor maneira possível, num mesmo lugar, num mesmo grupo, a mesma dança e mantendo a individualidade que a natureza lhe deu.

26/06/14
Tony-poeta



CORTINA



CORTINA


Sentado na vida cismava,
Cismava ao sabor dos ventos
Que a minha face alisava
Penetrando em meus pensamentos

Se pela frente a luz era clara
Por trás vinham os meus tormentos;
Nublados eram: forma ignara
De meus ignotos pensamentos

Súbito! Vivo um movimento
Embaçando meu pensamento
A cortina ali balançava
Docemente ao correr do vento.

Junto a ela, naquele momento
Tremulando, com você estava
Num estalo do pensamento
Com ela você se agitava.

Fundida junto a cortina
Pensei por um breve momento
Que na verdade lá habitavas,
Não era só um louco pensamento.

Quando for cismar novamente
Olhando minha solidão
Fugirei de todos tormentos
Só olhando para a amplidão,
Cada vez que soprar o vento,
Roçar o meu rosto, então
Balançará meu pensamento
E na cortina em movimento
Te sentirei em sensação
Onde você, junto com o vento
Lado a lado poderá vir
Alisar minha face triste
E me fazer, então sorrir.

26/06/14
Tony-poeta
Imagem Google.






quarta-feira, 25 de junho de 2014

estranhamento



ESTRANHAMENTO



No dia em que te tornares
Estanho a ti mesmo
Coloque a trouxa nas costas
E procure por você...


Tony-poeta

terça-feira, 24 de junho de 2014

AMANHÃ



AMANHÃ


O que traz o amanhã
Além de dúvidas e indagações,
Este gancho do ontem
Que embaralha o hoje
E não dá explicação?

O que tem o amanhã
Esta dúvida do ontem
Que embaralha o hoje
E não traz explicação?

Pode ser que seja a dor
Quem sabe: o amor
Talvez, quem sabe a paixão.
Este momento obscuro
Este passo no escuro
Que treme o coração.

O que tem o amanhã?
Sonhos... apenas sonhos...
Paixão...

24/06/14
Tony-poeta





FADAS E MONSTROS


FADAS E MONSTROS


Pelo passado
Fez-se o presente...
Triste recordar.

O abandono das fadas
No vale dos monstros...
O mundo se esconde
Para o assombrar.

Os sentimentos
Em ressentimentos
Começam a dançar.
Dançar entre monstros
As fadas voaram
Tem mais é que lutar.

No meio de escombros
Na poeira dos sonhos
Vai procurar
Dois olhos castanhos
E lábios risonhos
Soprando poemas
Para o acalmar.
E entra na dança
O mundo balança
Começa a girar
Com luzes e cores
Na poeira agitada
Sentindo o arrepio
Que acompanha o amar.

O mundo é dança
Entre fadas e monstros
Mas o que balança
É o verbo amar.

24/06/14
Tony-poeta
Imagem Google






segunda-feira, 23 de junho de 2014

ENTARDECER



ENTARDECER


A noite
Engloba o passado...
O dia
Projeta o futuro...
Ao entardecer
Nas cortinas das formas esmaecidas
Recordo-me de você.

Na imagem de luz e sobras
Bate a saudade
E a vontade
De nunca morrer.

23/06/14
Tony-poeta

Imagem Google

beija flor



BEIJA FLOR


Vi um beija flor
Colhendo perfumes
Esparsos no ar.
Como sonhador
Procurei beijos
A flutuar
Em sonhos de amor
Para te encontrar.

23/06/14
Tony-poeta

Imagem Google.

domingo, 22 de junho de 2014

ELEMENTOS



ELEMENTOS


Elementos se misturam,
Borbulham...
De cada mistura
Nasce uma criatura...
[ Nunca pura}
Como ter ordem se tudo borbulha?
Desordem é regra,
Ordem é utopia.

O Universo,
Irradia desordem
Tudo se mistura...
Mistura é vontade
Vida misturada
Buscando a verdade
Pura
Que não é mistura
Mas se perdeu no início dos tempos.

22/06/14
Tony-poeta
Imagem Google.