sábado, 14 de julho de 2012

O SEGURANÇA ARMADO

IMAGEM GOOGLE

 

O SEGURANÇA ARMADO



Bill estava contente em seu novo emprego. A família não o aprovara, mas, com o tempo aceitariam. Era segurança armado, responsável pelo dinheiro do pedágio da balsa. Seu pai e seu avô apesar de fanáticos por filmes de bang-bang, daí seu nome João Billi Silva Santos, não concordavam com emprego armado e arriscado.

-Bang- bang só no cinema: diziam eles. Tanto seu avô, como seu pai casou aos dezoito anos, moravam no mesmo terreno, era uma família muito unida. O fato de largar os estudos para trabalhar não agradou ninguém.

Fizera um curso de segurança: tinha estudado o colegial e praticava artes marciais; o que ajudou, apesar de sua pequena estatura, ser imediatamente aprovado. Aprendeu a atirar, seu grande sonho. No tiro de guerra que terminara há três meses, dera apenas cinco tiros; diziam que era para economizar balas.

A rotina era a seguinte: Ficava sentado em um lugar que oferecesse uma boa visão das portas e do cofre; acompanhava o malote até o carro forte, que passava em horários desencontrados para evitar assalto e, voltava a sentar.  Podia de vez em quando se deslocar até o posto de cobrança, mas não era obrigatório, apenas se notasse algo estranho.

Todo dia, pontualmente às oito horas e vinte e cinco minutos, chegava para pegar a balsa uma moça alegre, sempre teclando no telefone portátil, sorridente. Trabalhava no comércio do outro lado, morava nas redondezas. Não faltava ao trabalho estava todo dia lá. Bill a achava que era muito bonita: lembrava sua mãe. Começou a procurar saber quem era.

Pouco conseguiu, apenas que seu nome era Rosinha. A menina tinha sua turma e não andava por ali. Começou então, a ir até a cabine, coincidindo horário, para cumprimentar a moça.

Nesta rotina de dizer bom dia a Rosinha: arrumava o coldre na coxa, com o revolver em posição de saque, para qualquer necessidade, como via nos filmes, estufava o peito e saia andando. A única coisa que lhe incomodava era a camisa cor de chumbo, para ele muito feia, que o identificava. Por dois meses acenou a moça, que lhe respondia com outro aceno, sem expressão facial definida. – Afinal Rosinha estava sempre mandando mensagens. Pensava ele.

Final de julho esfriou; um bom motivo para se colocar um agasalho. Chegou à conclusão que era o dia. Colocou um blusão de couro preto, de modo a esconder a feia camisa de identificação, acertou o coldre em sua coxa, arrumou a calça preta, arfou o peito, levantou os ombros e foi de passos firmes ao local que Rosinha costumava sentar. Ela já estava sentada.

- Rosinha, disse com segurança, tenho te visto e acho que gosto de ti.

- Homem que anda armado, estou fora! Disse a moça, sem levantar os olhos e continuou a teclar.

O mundo desabou. Naquele dia queria entrar em baixo da terra.  Dia seguinte, menos abatido, chegou à conclusão que homem não desiste. Foi até a administradora. Queria mudar de função.

Foi explicado que era difícil, o segurança armado ganha um pouco mais que o restante dos trabalhadores da balsa. A lei não permite que se rebaixe o salário. Tinha apenas um cargo vago de chefe de turno noturno, mas era duzentos reais a mais do que ele ganhava e, não poderia ainda ter promoção, pelo pouco tempo de empresa.

Argumentou, argumentou novamente e finalmente, abriu mão dos duzentos reais e foi aceito no cargo de chefe de turno, noturno.

A embarcação durante a temporada tem algum movimento na noite, fora esta, praticamente não há o que transportar. Um a dois carros por viagem. Um emprego monótono e sonolento, sem serviço e o mar em total escuridão em volta. O horário era das 22 às 6 horas.

A família imediatamente o matriculou num cursinho à tarde. Ficaram satisfeitos com a mudança. Iria poupar algum dinheiro para ajudar a custear a faculdade e, tiraria o coldre e o trinta e oito das coxas.

Toda manhã, Bill na ultima viagem do plantão, via as garças e os mergulhões começarem sua algazarra no mar; os pássaros fazerem seu hino matinal e os esquilos, que aparecem em grande quantidade, ficarem serelepeando nas árvores em grande alegria.

Rosinha ele nunca mais viu, nem de relance.



14/07/12

Tony-poeta

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

A ARVORE E O SONO DOS URUBUS


A ÁRVORE E O SONO DOS URUBUS




Saindo da balsa em Bertioga, costumo pegar a direita e passar pela orla até chegar ao trabalho, faz parte de meu repouso mental. Sigo pela mata, atravesso o canal, sigo a orla e após alguns quarteirões sigo até o local de atendimento.

Da saída do ferryboat a até a praia, temos 500 metros para se chegar ao Forte São João, estrategicamente instalado nas margens do mar e do canal. É ali o inicio da orla. O trecho é jardinado, e na lateral da fortificação existem algumas árvores remanescentes, que creio centenárias.

Durante todos os anos em que faço o mesmo caminho, me chama a atenção uma velha árvore, onde praticamente só restaram o tronco e os galhos principais, com pouca folhagem e algumas bromáceas o parasitando. Creio ser remanescente da construção do forte. Além da aparência exótica da mesma, lá habitam cinco imponentes urubus.

Apesar da repulsa social às grandes aves de rapinas, a imponência de seu porte e sua cor negra, que quando na areia buscando alimentos contrastam com as brancas garças e gaivotas que frequentam o mesmo local, faz que eles se integrem com uma beleza peculiar e harmônica. Acho-os bonitos apesar da má fama de comer detritos.

Hoje, em se tratando de litoral, estava frio. Perto de 17°; o que para a população local é motivo de preocupação. Oito horas da manhã e lá estavam os urubus nas árvores, tomando vento que vinha do mar, portanto com sensação térmica bastante gelada. Eles dormiam, como todos os dias em sua morada. Parece-me que não acordam cedo, já que a comida é abundante. Julho é mês de férias escolares e a cidade apresenta um fluxo de turistas aumentado e, trazem seus detritos para alimentar as aves.

Mas o que me deixa intrigado é se antes dos colonizadores trazerem a civilização, farta de alimentos a nosso litoral, os urubus podiam se dar ao luxo de dormir até àquelas horas? É de se pensar.

14/07/12

Tony-poeta

A MATA E O TEMPO


A MATA E O TEMPO




Toda vez que passo na Serra do Guararu, ao olhar a mata, sinto enorme desejo de adentrá-la, não como espírito de curiosidade e aventura, mas com espírito de pertencimento. Logo a seguir me vem à cabeça um pequeno poema que fiz em um trabalho:- era para irritar o professor; escrevi em versos uma prova de português. Lembro-me do inicio até hoje:

Se fosse o tempo um relógio

De mecanismo invulgar

Seria pequena pecinha

Sempre, sempre a trabalhar.

Mas,

Tempo não é relógio

Corre sempre desengonçado

Eu não sou pecinha

Está tudo atrapalhado... [o restante não me lembro]

Dou muito valor para o inconsciente, considero a nossa parte consciente como casca de árvore centenária, grossa, cheia de cicatrizes em suas reentrâncias e marcando o tempo; porém, mais que tudo, protegendo o inconsciente que pensa e cria, deixando-o mais próximo do ser que em mim habita. [não tem nada de religioso nisto]. Esta estranha associação começou a ser esclarecida em minha própria profissão.

Levando minha esposa ao médico, um otorrino, reparei que o mesmo inicialmente examinava a região de sua especialidade e só após isto pedia que se sentasse a mesa de consultas. A regra médica é bem clara, anamnese e a seguir um exame clinico detalhado. Havia uma inversão.

Associei a medicina atual, com consultas rápidas e com resultados imediatos, sem programação de prevenção e acompanhamentos. Apenas uma avaliação e se resolve o problema sem nenhum relacionamento com o doente. Tudo acompanhado por um sistema de auditores verificando o trabalho do médico, uma programação internacional de tempo de consultas. Isto as obriga serem muito rápidas, tudo ditado pela OMS.

Finda a consulta, o paciente tem que levar atestado para a escola ou o trabalho, onde: um “médico do trabalho” analisa a doença e o procedimento do colega para ver sua adequação, por fim devolve o doente a sua atividade.

Isto não passa de um mecanismo industrial de controle de qualidade e reparo de peças quebradas. E o mesmo sistema. Achei o relógio e suas pecinhas do poema, que nunca andarão corretas, por na verdade não serem peças e sim pessoas, como na escola em meu trabalho.

Toda a sociedade, se levarmos em conta esta observação, virou máquina. Passamos a ser as peças de uma engrenagem social louca e alienante. Consegui ver o mesmo mecanismo em todos os ofícios, sempre queimando etapas e as invertendo, com a finalidade de solução mais rápida e retorno a produção no menor tempo. 

Tudo começa na escola, que cada vez mais é dirigida para preparar mão de obra e não seres pensantes, tendo a carga de matérias voltadas a humanas muito achatadas e com prioridade com o português, para falar e ler manuais e matemática, para não haver erros nas tarefas, o restante é supérfluo e será ensinado conforme a conveniência do mercado. Ou seja, as peças são torneadas desde cedo e só vão adquirir forma conforme sua necessidade, isto sem que tenham material para contestações, sempre mal vistas e perigosas ao sistema.

Achada a peça sobrou o desejo. Onde este se junta no pensamento? O que é o desejo?

O desejo não é a vontade de ir ao Shopping, comprar uma roupa, trocar de carro ou frequentar um restaurante com bons vinhos. Isto não é desejo, trata-se integração social e convivência em seu grupo. Quando Sidarta quebrou o jejum e fez sua filosofia de não ter desejos, não se recusou a sentar-se e comer. Não era o desejo social a que se referia. Quando o filosofo tenta procurar a origem das palavras, para entender o homem, não se refere a perfeição da gramática, mas sim a sociedade primitiva que originou o pensamento. O desejo não é social; é intimo. É a busca do ser, este ser que dá vida a todos os seres do planeta e os move.

A camada social é adaptativa e mutável, cada época tem um tipo de sociedade, cada animal conforme evolui toma hábitos diferentes, cada planta que em sua mutação com o tempo muda de forma, a única coisa imutável é a forma original da vida, ou seja, o ser.

A mata junto com o mar lembra meu ser primitivo, o ser puro. É o desejo de encontro comigo mesmo, com minha essência.

Hoje temos um humano máquina, tem que desempenhar uma função com perfeição, em determinado tempo, com um padrão de qualidade uniforme. Tem que produzir sempre. A infância é apenas o preparo para o Homem Máquina; aprende as habilidades não para satisfação própria, mas para um mercado que necessita de seu serviço. Se adoecer em qualquer fase, esta máquina tem que ser consertada no tempo mais rápido possível, pois não há tempo a perder, o relógio está andando.

Se for inadequado ou a função que exerce for dispensável: é imediatamente treinado pelo governo ou sindicato para uma nova função, a peça tem de ser usada.

Caso não tenha mais lugar, ou é abandonada a fome, nos seus lixões e palafitas ou, aproveitado no sistema concorrente, onde será peça da sociedade do crime, aceita e necessária para receber o restolho que não cabe no mercado. Não temos mais guerras para fazer a limpeza do excedente. O crime tanto é necessário, que os satélites que acertam um carro de um suposto inimigo com suas bombas de precisão cirúrgica, não conseguem ver uma plantação de maconha ou folhas de coca, apesar de se colherem milhares de toneladas mensalmente. O crime além de aproveitar os descartes da sociedade, dá oportunidade da mesma sociedade exercer a Política do Medo, muito bem descrita por Bauman em seu “Medo Liquido”, que recomendo a quem ainda não o leu.

A busca do ser da natureza de forma pura, no resto de Mata Atlântica remanescente é apenas a forma de meu inconsciente de poesia, livre da casca social, que deforma a natureza, dizer com todas as letras que não sou relógio e, o humano não é máquina. É apenas um ser enganado por outros humanos, que creem que os domínios de todas as riquezas os farão felizes.

Não sei o que é o ser único que nos dá a vida, mas ficar mais perto dele diminuirá a dor dos momentos não satisfatórios. Não sou máquina e quero voltar à natureza para aproximar-me de meu ser. Como disse no poema; Tempo não é relógio. Tempo é vida e, cada instante é um instante de vida. Não somos peças de engrenagens.



14/07/12

Tony-poeta

 








PAUSA


PAUSA





Há pausa.

Um olhar

Espreita pelo ar.

Há espera...

Do compasso

Que o faça voar.

E aos saltos,

Novas formas...

Evoluções...

Dimensões...

Espaços

Em espirais

Aspiram

Aquilo que não houve

E que não virá

Jamais.



Tony-poeta

O AMOR PASSOU


O AMOR PASSOU




Passou...

Ficou a mágoa.

Passou...

Secou a lágrima

Ficou a dor.

Passou...

Secaram os sonhos

Morreram os planos.



O amor não morre,

Cicatriza.

Como toda cicatriz

Dói nos dias de chuva.



13/07/12

Tony-poeta.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

NAMORO


NAMORO.





Toda noite te busco

Corro tanto... Te vejo.

Alegre, falo muito

Para no fim, no entanto

Despedir-me num beijo.



Toda noite me calo

Ouço tuas indagações,

Nem o que penso falo

Sobre tuas sensações.

Quando no fim da noite

Falo que te desejo

Sais correndo... Correndo...

Mas antes me dá um beijo.



E nos doces beijos

Minha beijoqueira

Vais à noite correndo

Sempre faceira...

Correndo até o quê?

Melhor é não pensar...





20/05/1972

Tony-poeta








quarta-feira, 11 de julho de 2012

um passeio


UM PASSEIO




Sai sem pressa. Sai antes,

O tempo sobrava

Enquanto eu dirigia.

Apressados me ultrapassavam.

Porque esta pressa ao andar?

Motocicletas barulhentas

Indelicadas a buzinar

Pela direita e a esquerda

Queriam sempre ultrapassar.

Porque esta pressa ao andar?

Nas ruas sinalizadas,

Sempre ameaçando multar,

 Os faróis de alerta

Continuamente a piscar,

Será que querem nos parar?

As pessoas que eu via

Quase todas com celular

Com face séria contavam,

Por certo, problemas.

Não paravam para falar.

Notei que ninguém sorria

Nem um leve gracejar

Cá dentro, a mente me dizia

-Máquinas não sabem amar.

Eu continuava a andar...

11/07/12

Tony-poeta




QUADRINHA


QUADRINHA
Poeta não é sofredor,
Coloca seus ais nos versos
Vai para um mundo in-verso
E procura novo amor.

UMA FRUSTRAÇÃO




 Uma Frustração





No traço do olhar

Que não vê nada...

E tudo vê

A incerteza...

É a certeza...

É o segundo...



Numa fração,

De ação...

Parada.

Tudo existe

E existiu



Deu forma ao nada

E continua ser nada.









13/10/90

Tony-poeta

terça-feira, 10 de julho de 2012

AMOR ESTAGNADO


AMOR ESTAGNADO




Amor que não se renova

Não é amor.

Não passa de um convívio

Escravizante.

Onde o perto consegue simultaneamente

Ficar distante

Onde cada segundo torna-se

Eternidade.

Na mente o sentimento sobe,

É a angustia.

A busca que parou em cada momento

Indizível

Como uma estrela caída do firmamento

Enterrada

Presa e afundada ao chão.

Como carvão

Que de tão petrificado e duro

Não faz, nem um risco negro.



10/07/2012

Tony-poeta






A BANCA DO SEU JUQUINHA


A BANCA DO SENHOR JUQUINHA.




Duas e meia da tarde, Seu Juquinha estava saindo para almoçar e seu filho único Raí, um Corintiano fanático, daí o apelido lembrando o jogador, ficaria para tomar conta. Já tinha saído da escola e almoçado.

Era um horário de pouco movimento. O adolescente de treze anos ficava diariamente enquanto o pai corria até a residência, colocava o prato no micro ondas, Dona Lourdes já o deixava pronto, antes de ir trabalhar no escritório onde servia café. Deixava as refeições do filho e do marido já preparadas. -Era só esquentar, dizia ela.

Raí ficava tomando conta da Banca de Revista de Seu Juquinha, raramente entregava uma revista em algum cliente e recebia do pai R$ 300,00 reais, para aprender a controlar o dinheiro, e tinha que administrar. As pequenas coisas ficavam por conta do que recebia, o fazia muito bem. Colocava crédito no celular, comprava a camisa do time, sempre no camelo que era mais barato. Vez ou outra ia junto com o Ricardo, seu amigo, também corintiano ver o jogo. O Pai deste o levava. Raí pagava com seu dinheiro. Eles jogavam futebol quase toda tarde no Ginásio do Estado, onde era permitido.

À noite, o jovem com seus pais assistiam o jornal enquanto jantavam e, no horário da novela Seu Juquinha acompanhava a evolução escolar do filho. Pagava uma escola particular para que tivesse boa formação.

Naquele dia Seu Juquinha, na hora que saia para almoçar, foi abordado pelo Promotor da Infância. Havia uma denuncia de exploração de trabalho infantil. O Promotor chegou agressivo e só não o prendeu porque Dr. Cardoso, que comprava jornal e conhecia a família interveio. Mesmo assim a banca foi fechada naquele dia e, foi ao Fórum registrar a Ocorrência, para que se respondesse processo. O advogado amigo indicou um colega, logicamente com honorários, para acompanhar o caso. Raí não podia mais ajudar o pai.

Foi Mirtes quem tinha apresentado a queixa. Esta moça tinha um escritório de decorações que, pelo tipo de trabalho, que sempre tem poucos clientes, passava boa parte do tempo ociosa. O marido, de família de tradicionais comerciantes, trabalhava muito, sem tempo de se dedicar a família, que ficava por conta dela. Tinha o Rogério da mesma idade do Raí, mas pouco conhecia dos meninos da região, pois não tinha tempo e, a Kátia, de cinco anos.

Os dois filhos de Mirtes estudavam em escola de tempo integral, com atividades exaustivas: cursos de futebol, vôlei, computador com Photo shop, e assim por diante. Diariamente saiam de casa as sete, horário que passava a perua; almoçavam na escola. A mãe os pegava às dezoito e trinta. Após uma ou duas horas de trânsito carregado chegavam ao Shopping, onde jantavam com ou sem a presença do pai, sempre ocupado e, a seguir iam para o apartamento de cobertura dormir.

Mirtes era uma pessoa que queria participar de tudo que achasse importante e, se mostrar como a mais apta do bairro, coisa que fazia questão de frisar para o marido. Todo mundo falava que em qualquer solenidade importante, se não tivesse sua foto, o evento tinha sido um fracasso.

A denuncia se deveu ao fato de a socialite comprar suas revistas sempre no mesmo horário e, usar a banca do Seu Juquinha. Como só via o rapazote atendendo, chegou à conclusão que o pai o estava explorando. Em um dia, com duas parentas do interior lhe acompanhando, perguntou sem querer quanto Raí ganhava para ficar ali. Inocentemente o rapaz falou:

- Trezentos reais.  

Foi o bastante que ela e suas acompanhantes se dirigissem ao Juizado, ali próximo e fizessem a denuncia.

Dia seguinte Mirtes jantava com três amigas no Shopping, como de costume. Falava sem parar:

- Ainda bem que coloquei fim naquela pouca vergonha. Seu Juquinha colocava o filho de empregado. Onde já se viu um pai agir assim. Ainda bem que isto acabou.

Após narrar todo o ocorrido, Karen, seu amiga perguntou:

- E o Rogério, seu filho, não vai jantar?

- Hoje é terça ferira, ele não janta.

- Como?

- Ele está fazendo um curso de Mandarim.

- Mandarim?

- Sim, a nova escola de línguas iniciou um curso, sabe estes cursos para familiarizar os jovens com a língua. A China está com muito comércio, ele pode vir a precisar.

- Mas, ele concordou?

- E lá tem ele que concordar. Tem mais é que obedecer. Criança tem que fazer o que os pais acham melhor, sem este negocio de ficar com tempo ocioso, ou escravizado que nem o coitado do Raí, nunca dá certo.

No mesmo horário, Seu Juquinha pensava, sem achar solução, de como ia dar atividade para seu filho, já que este não podia mais ficar sob seus olhos.



10/07/12

Tony-poeta


MUNDO COR DE ROSA


MUNDO COR DE ROSA.





Deixou o mouse alinhado

Digitou no teclado,

Deu enter...

Apareceu a fantasia

Começou novo dia.





27/11/2011

Tony-poeta


segunda-feira, 9 de julho de 2012

A LÓGICA DA VIDA - Pensamento


A LÓGICA DA VIDA




Quando a vida foi criada, por Deus, ou de modo aleatório, [esta discussão fica para outra reflexão] e, cobriu o nosso mundo mineral, garanto que foi feita uma vida só. Esta lógica não se pode contestar.

O ilógico seria: uma vida para o capim, uma vida para a barata, outra para o carvalho, uma especial para o leão, uma privilegiada para o homem.

Não tem sentido. A vida orgânica é uma só: Do micro organismo ao homem, passando por todas as espécies.

Sendo assim,

A vida ao receber um corpo:

Seja ele qual for, elefante, pinheiro, pulga ou homem, tem que se adaptar ao mesmo e, seguir as regras deste corpo, se orientando tanto por herança genética, como por orientação da mãe, no caso, de animais sociais.

 A vida só pode ser uma, o que difere é a adaptação ao corpo,

A vida tem que conviver com a matéria, usá-la da melhor forma, para reproduzir e manter a espécie.

O que imagino que tenta fazer um monge, que se isola numa caverna por anos. É procurando anular a matéria, que tenta chegar à vida e a conhecer.

Só há uma vida com inúmeras formas.

A ciência já chegou a esta conclusão, mas não a divulga explicitamente.

Como temos que manter a espécie, temos inconscientemente de desconsiderar as outras vidas para prevalecer a nossa.
Para piorar, dentro da nossa, tentamos matar nossos semelhantes, para domínio de nossos genes, daí o espírito de guerra e destruição que possuímos.

Pensem nisto.



10/07/12

Tony-poeta




FELICIDADE POEMA











FELICIDADE





Quantas horas de tristeza

Equivalem a um segundo de felicidade?



Conta real de números imprecisos:

Somos perdidos em estranho mundo

Onde passam faíscas agitadas,

Como fotos noturnas de trânsito

Formando riscos apenas,

Sem fixação.



Estamos no espaço

Pisando na terra

Gritando afetos no vácuo

Sem eco e sem resposta,

Batendo no nada,

Retornando a nossas entranhas

Explodindo em desespero.



Entre pessoas estranhas

Andamos como fantasmas.

Mas um grito:

Nosso nome balbuciado!

Alguém nos vê na multidão.

Abre nosso sorriso.



Tony-poeta

HOJE VOU ENVENENAR MEU CÃO


HOJE VOU ENVENENAR MEU CÃO




Sim, hoje é dia de envenenar meu York, o Lacan. Tenho de fazê-lo a cada dois meses.

O procedimento é o seguinte: Como este pode pegar carrapatos nos raros matinhos, que ainda restaram nas trincas dos cimentados e, pegar pulgas de algum visitante vindo da Capital; dizem que é infestada destes insetos, tenho que, para o bem deste envenená-lo.

Sabe-se que os carrapatos transmitem uma doença fatal para os cães, onde estes perdem a força, param de se alimentar e morrem. Portanto, guerra aos carrapatos. Já as pulgas mordem cachorros e homens, aí que está o perigo; é pânico na família. Uma pulga é um bicho e, nos olhos femininos transforma-se nos lendários dragões cuspindo fogo e destruindo tudo com seu rabo que termina em seta venenosa, contaminando todo o estatus social adquirido.

O envenenamento do Lacan se dá da seguinte forma: Agrada-se o animal. Tira os pelos do cangote. E coloca-se o veneno. Pronto! Por dois meses carrapatos e pulgas que se atreverem a pica-lo morrerão envenenados. Portanto estamos frente a um cão venenoso. Pensar: Que o Lacan é tão manso e festeiro!

Pensando neste envenenamento compulsório e periódico que tenho que realizar, prestei atenção em vários artigos, onde se reclamava que haviam sumido as abelhas, joaninhas, tatuzinhos bola e outros insetos tão comuns em minha infância. O envenenamento devia ser mais extenso, e não só o Lacan era culpado de andar envenenado. Percebi por exemplo que os grandes e belos condores da América do Norte estavam, devido ao BHC colocando ovos moles, que não reproduziam; ainda que as calotas polares estavam impregnadas de tais inseticidas.

Comecei então a prestar atenção nas grandes cidades. Um Condomínio de Luxo em lançamento, invariavelmente propaga uma área verde preservada, muitas vezes significativa para o tamanho do terreno. Correto e promissor. Mas, se formos olhar direito, o restante da área é cimentado, sem nenhum pé de capim. Até aí tudo bem, apesar de meu amigo Fernando sempre afirmar que somos Extraterrestres, onde tem terra: Asfaltamos.

Voltemos à área verde. Geralmente é uma área que sobrou de alguma propriedade, como conservação, com boas árvores. É isolada do restante do condomínio, uma espécie de mancha, e vai ser destacado um funcionário para cuidar.

Mas só até o prédio ser habitado. Na primeira reunião de moradores, para baixar a taxa do condomínio, este funcionário da área verde é sumariamente despedido. A área que se vire com a natureza, ou o pequeno pedaço desta, como sempre o fez.

Dependendo de onde se encontra o prédio, as preocupações com as garagens e com o congestionamento de automóveis, que se forma toda manhã, tentando sair do imóvel e não conseguindo ter acesso a movimentada rua onde foi construída. As nossas cidades atuais tem mais carros do que ruas para os mesmos, a área verde termina por ficar semi abandonada.

Digo semi, pois é frequentada por adolescentes, que querem lá ficar sem serem perturbados e, por crianças menores que querem bisbilhotar o que estes estão fazendo. Com as carreiras constantes, que os adolescentes impingem nos menores é: o que temos de vida, nesta mancha de mata.

Olhando melhor, vamos ver que os pardais, que até a juventude de meus filhos eram pragas, habitando qualquer cumeeira e sujando ao redor; sumiram. Apareceram em seu lugar as pombas, que aumentaram em muito e as maritacas, antes raras de se ver. Não sei o motivo, creio que o combate a dengue com seus caminhões fumacê tenham diminuído a população. Este método, hoje em desuso, consistia em cercar a residência de uma vitima de dengue, por vários quarteirões, soltando em vapor uma grande quantidade de inseticida. Provavelmente os pardais por seu menor porte, devem ter tido grandes baixas. Atualmente se descobriu que o método é praticamente inócuo como prevenção, pois as fêmeas, quem realmente procria e, transmite a doença, se abriga nas residências e é pouco atingida. O veneno mata os machos que vivem ao relento e existem em quantidade muito superior a suas parceiras. Mais um envenenamento inócuo. E os pardais realmente escassearam.

A ciência apresentou um progresso impressionante, mas manda o bom senso que façamos uma análise, não será tudo que foi descoberto que permanecerá. Sempre foi assim na história de humanidade, e não podemos por empolgação acreditar que já estamos a ponto de dispensar a natureza e viver só e somente no asfalto. Isto é falta de bom senso.

Por enquanto, vou chamar o Lacan para envenená-lo.



09/07/12

Tony-poeta


O NOTSONHO


O notsonho




Sonia: Bom Dia!!!!!!!

Adorei o telesonhos. Foi uma noite espetacular.

O que você achou?

Podemos agora viver longe, só com amor, sem brigas.

[Assim espero!]

Para ter filhos basta enviar o material pelo laboratório. Depois combinamos quantos.

Não se esqueça de ligar a máquina ao deitar.

Agora não tem mais menstruação nem dor de cabeça, Ufa!!!! É o que acho.

Um lindo dia e até o sonho.

Te amo.






domingo, 8 de julho de 2012

CAI VINHO SOBRE A MESA


CAI VINHO SOBRE A MESA.





Cai vinho sobre a mesa,

Se esparrama.

É pilhéria!

É sangue de mil poetas,

É sangue de sonhador.



Cai vinho sobre a mesa,

Rubra fica a toalha

É gesto de amor.

Rubor moreno

De moça pálida.



Cai vinho sobre a mesa,

É coração que se despedaça,

Olhar ardente que partiu,

Não mais mira,

Não graça...

Segue vazio





1970

Tony-poeta

A BORRASCA


BORRASCA




Fatos levam a dúvidas.

Cada milímetro de vida,

Cada milimicron de raciocínio

Leva uma indagação.



Entra o coração em taquicardia,

Músculos entram em espasmos,

Há irritação nos nervos

Indignação em cada pensamento.

Estou formando a tempestade?



A cada segundo o cérebro enegrece,

Nuvens negras se formam,

Provocam relâmpagos.

A vista barra as cores,

Para não ter o arco-íris.

Os ouvidos ensurdecem a musica

Para não ter alvorada.

Eu quero a tempestade!



Quero com o raio destruidor do entendimento

Queimar o que está errado.

Que o tufão do arrependimento

Varra impiedosamente a hipocrisia,

Quero a força da luz, do sol, do vento

Para levar a outras mentes

A dádiva do discernimento.

Quero paz, nem que tenha luta,

Quero amor, nem que seja após o ódio,

Quero perdoar, mas após o arrependimento.



Se tiver de ser tormento e tempestade,

Para que depois apareça a luz:

Hei de ser relâmpagos e ciclones

Cobrindo de areia as coisas inúteis

E, descobrindo a joia da verdade.



25/02/1969

Tony-poeta