sábado, 8 de outubro de 2011

TER AMOR





Quando perdido,

Furtivo...

Roubo-te um beijo,

Aquele que existe

Em todos meus desejos,

Olhas encabulada.

E no teu fitar...

Furtivo...

Indiscreto

Espias nosso amor?

Sabes:

É lindo ter amor

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A VENDEDORA DE DOCES.




Em um carrinho ornado de confeitos,

Ofertando a criançada fantasias,

Uma fadinha sentada sorria

Lendo os contos dos amores perfeitos.





Tinha nas faces o brilhante efeito                                      

Das balas e do amor, pura poesia

Que na mescla dos doces parecia

Que seu rosto de açúcar era feito.





Não sabes quão és feliz vendendo sonhos,

Os devaneios da criançada, tão pura,

Tão simples como teus olhos risonhos.





Seja sempre esta boneca encantada

Que espalha compreensão e candura

Nos sonhos da carrocinha enfeitada.





03/06/1968

AVAREZA

                 





A explosão das aspirações argênticas

No éter infinito do pensamento

É repertorio de formas excêntricas

De infelicidade e sofrimento.



A busca de amostragem nunca autêntica,

Onde a beleza é gesto de tormentos,

Desenham nas sombras alvas patéticas

Alucinações, a gosto dos ventos.



E choram lágrimas sobre diamantes,

São mendigos cobertos de esmeraldas,

A paz próxima fica tão distante...



E a mente espavorida, malfadada

É afogada pela torrente do ouro,

Soterrada no peso dos tesouros.





05/02/1970


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

hora de brincar





Agora é hora

Hora de brincar.

Agora é hora

Hora de pular, dançar.



Agora é tempo.

Tempo de amor.

Agora é cor

Cor de uma flor.



Quero te falar.

Quero te contar

Quero te cheirar

Quero beijar...

Como quero beijar

Você.





23/11/1973

IMPERATIVO





Imperativo

É definir presença na ausência,

Saber-se presente

Estando ausente

E quando ausente

Achar-se presente.

Imperativo

É conjugar diferenças:

Ser... Estar...

Ser, estando,

Estar não sendo.

Imperativo

É encontrar o ausente

Presente...

E presente jamais ser ausente.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

terra do sem nome




Há um império

Na terra do sem nome.

Sem reis,

Sem súditos.

A terra é fértil

E, (nem ao menos se planta.)

Dela se erguem

Doces favos de amor.

Tudo lá é tão perfeito

Tão belo,

Impecável.

Tão puro na estrutura,

Que nesse lugar

O homem ainda não chegou.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O ABORTO







Um churrasco.

Carne sangrante

Escorrendo aos dentes

Falavam anti aborto.

Proteção da vida!



Defendiam a paz,

Do Deus da paz...

As guerra corriam no Oriente

Matando a carne!



Indignavam-se

Com os terroristas

E seus fuzis

Que sangravam a vida.



Mas, inocentes

Só comiam o churrasco sangrante,

Fazendo apologia da vida.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

OLHAR SORRISO PALAVRA





Um olhar...

Um sorriso...

Uma palavra...

Bastam para fazer alguém feliz.

A flor que encanta

Sorri doçura e nos enleva.

A cascata rumoreja palavras de ânimo.

O sol nos olha e guia.

A natureza é meiga

Como

Seu olhar

Seu sorriso

Sua palavra...





16/07/1967

domingo, 2 de outubro de 2011

ACASO quadra





O acaso que cruza

Um olhar com o outro,

Talvez faça amar

Como é nos sonhos.

LENDO A SORTE conto







Por volta de mil novecentos e sessenta o Português vendeu seu boteco na Rua Batatais, em São Paulo a uma família de “Turcos”. Nome que generalizava todos imigrantes: Palestinos, Sírios, Libaneses. No caso eram Sírio-Libaneses, eles nunca definiram bem sua origem. Acreditava-se, na época, que se ricos se intitulavam Libaneses, se pobres ou remediados Sírios. Este fato nunca ficou devidamente esclarecido, mas não é de interesse nesta narrativa.

A família, pai, mãe, avó e filhos tocariam o bar onde o Português, já desanimado, só se interessava a vender pinga e alguns salgados encharcados de gordura. Junto com os ovos cosidos coloridos de anilina, geralmente azul, fazia a festa de sua minguada e sempre fiel freguesia, que bebia até a embriaguez.

O estabelecimento ficava de esquina, com um amplo salão. Era uma casa assobradada antiga com entrada independente para a residência e o bar encontrava-se intocado há muitos anos,com piso velho de cerâmica enegrecida, que por mais que se limpasse sempre iria parecer suja, bem como suas paredes, também enegrecidas pelo tempo. Estava deplorável e pelo visto o capital da família não permitiria a reforma necessária.

Bem que tentaram mudar o cardápio, colocando uns pasteis feitos na hora, e alguns tipos de salgado que aprenderam a fazer com algum conhecido. Mas, de inicio, as receitas não correspondiam ao desejo, se bem que melhoravam em mínimas doses a cada dia.

Como eram muitas bocas e pouco dinheiro, a senhora avó começou a “ler a sorte” na borra de café árabe que a família fazia para seu consumo. De principio para ser gentil com os vizinhos,mas com a fama se espalhando. Como se sabe o ser humano é ávido por quere saber seu futuro, viaja léguas só para ouvir uma vidente com seus conselhos certeiros. Como falava, logo começou, a preço módico, a “ler a sorte” da vizinhança, melhorando o caixa e a freqüência do botequim.

Na esquina diagonal do bar, a primeira casa depois do cruzamento Da. Maria tinha sua loja de decorações. Começou a verificar também sua sorte no bar dos turcos. A época era difícil. Inicio da ditadura militar, o comercio restrito e o dinheiro curto. Como boa comerciante começou invejar o mercado da sorte da vizinha. Descobriu que era uma tradição cultural, herdada de família, que a leitora de café acreditava no que fazia e o dinheiro era exclusivamente pela necessidade da época, e que seria abandonado assim que a reserva familiar atingisse um nível confortável.

Começou a matutar: não que estivesse em extrema necessidade, mas o comercio estava incerto. Ler a borra de café só dependia da imaginação o que lhe sobrava. A avó mal falava o português, isto fazia com maestria, vendia qualquer mercadoria, desde que aparecesse alguém para escutar. Mas e a tradição?

Fuça de cá, fuça de lá chegou à conclusão que podia parecer árabe. Portugal, de seus pais, esteve séculos sob domínio. Falar arrastado não era necessário, se bem que uma desvantagem. Ninguém vai a um terreiro de umbanda para ouvir o “preto velho” falar corretamente o português. Dá-se um jeito, pode-se falar que a família procedia da última região de Portugal a ser liberta e a tradição ficou nestas terras lusitanas remanescentes, não necessitava nem de sotaque, nem de turbante, Foi comprar o pó grosso do café árabe.

De inicio deu muito certo. Conseguiu dividir a clientela da sorte, a loja ficou cheia.

A avó conseguiu depois de alguns meses o capital para a reforma do estabelecimento. Como havia prometido, seguiu a tradição familiar de ler a sorte somente nos momentos adequados. Da Maria, logo depois, voltou a cuidar somente da loja desprezando a freguesia total que herdara. Um cliente muito supersticioso seguiu seus dizeres e não deu certo. O que falou a ela não se sabe. Mas nunca mais quis ser adivinha.

pensamento UM BEIJO




Quero beijar-te

É um simples desejo

No encontro de dois seres

Na trilha do verbo amar.

O beijo nada mais é

Que o inicio.

Mas é um todo.

Este beijo será invulgar,

Será ardente,

Será diferente,

Será alicerce.