quinta-feira, 18 de abril de 2013

O ESPELHO - serie pensando bobagem



 

O ESPELHO

SÉRIE PENSANDO BOBAGENS


Ritinha, de quem já falei em outra crônica, quebrou o espelho do banheiro. Culpa da Dengue foi sua alegação:
-Tinha um mosquito da dengue no espelho, disse-me ela...
-Mas era mesmo da dengue? Perguntei; certo de que o desconhecimento era patente e, qualquer pobre inseto que aportasse no recinto, seria acusado de mosquito e, morto antes que a lagartixa que janta toda noite no restaurante banheiro a atacasse.
-Era sim, daí: peguei uma toalha e joguei no mosquito, falou ela e continuou: ele se desviou com rapidez e o pano só bateu no espelho, que caiu e quebrou. Ele fugiu pela janela, não tem perigo da doença.
- Tudo bem, não tinha mais o que falar.
Passava das seis, precisava, pelo menos achava que precisaria do espelho antes de ir trabalhar. Uma casa tem vários espelhos, mas o do banheiro é especial.
Olhando para ele escovo os dentes, não precisa. Todo mundo o olha, fazem caretas, orienta a escova para todos os lados, como se precisasse de um referencial, e depois de devidamente limpos, mostra a dentição como numa propaganda de dentifrícios e pensa: está ótimo.
A barba com um barbeador elétrico pode ser feita em qualquer lugar, mas sem biquinhos e caretas parece que não está completa. A loção pós-barba nunca é passada sem espelho. Por quê? Não sei.
Os cabelos penteados sem o espelho do banheiro não ficam bons, bem como o bigode, e as sobrancelhas, esta mais recente no preparo matinal, pois resolveu espetar os pelos para cima, não sei justificar a rebeldia. Fico parecendo um marciano da guerra com as estrelas. Também dá para ajustar os pelos em outro espelho, mas ali atraí; como as mulheres são atraídas pelo espelhinho dos carros para fazer retoques.
Realmente, não sei bem o motivo, mas este espelho é indispensável. Como já havia fechado a loja de materiais apropriados, fui ao Hipermercado e comprei um estepe: Um destes espelhos de pensão de quinta categoria, com moldura de madeira, apenas um pouquinho maior e apto ao meu despertar. Depois compro o adequado para reposição e o chumbo bem na parede.
Colocado o espelho, reparei que ele não muda e minha cara mudou de quando tinha espinhas, quando ficava procurando um fio de bigode para parecer adulto, quando deixei cavanhaque para parecer mais velho e me dar mais credibilidade, aliás, não ficou bom e, agora com as papadas em baixo dos olhos próprios da idade. Interessante, o tempo é estático e eu é que passo. Como começou outra bobagem, deixo para outra ocasião.
Tony-poeta
18/04/13

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