O
SALGADINHO
Parei na Padaria para comer um salgado e tomar um refrigerante,
coisa que habitualmente realizo e sempre na mesma padaria. Peguei o cartão
magnético de comando e me dirigi ao balcão.
A atendente era novata: não a conhecia. Fiz meu pedido, a estufa
de salgados ficava em frente, bem como a máquina de digitar os valores do
pedido. A moça olhou o número da comanda, 122 e imediatamente digitou os
valores, só sequencialmente foi retirar o salgado e servir o refrigerante, não
dando margem a qualquer arrependimento do pedido de minha parte.
É claro que a ordem é inversa. Os manuais de vendas usam o nome
A.I.D.A. para treinamento, ou seja:
Atenção para mostrar o produto, Interesse pelo produto, Desejo
pelo produto e finalmente Ação onde se completa a venda e se efetua a cobrança.
Fui atendido portanto de trás para a frente.
Tenho notado que este comportamento é repetitivo. Se olhar um
artigo qualquer em uma loja, pedindo para o examinar, o encarregado da venda
reforça o valor da mercadoria, antes da entrega para exame, atitude aliás
irritante.
É lógico que nenhum Patrão em sã consciência vai orientar seu
funcionário a cobrar antecipado uma mercadoria.
Após anotar o consumo antecipadamente, fui servido; como o
refrigerante era em lata, pedi um copo. Só então, notando sua falha de não me
perguntar se queria copo ou canudo a jovem garçonete deu um sorriso e completou
o atendimento.
A inversão dinheiro relacionamento ficou bem evidente. O sistema
Capitalista, em todos os níveis; esta moça é de classe mais humilde, fez a
inversão entre a pessoa e o capital. O Capital prepondera em relação ao contato
humano e a sociedade se desumaniza.
Este movimento impessoal quebra qualquer vínculo social, as
pessoas passam a valer não pelo que elas representam socialmente e como
pessoas, mas sim pelas vantagens, licitas ou ilícitas que podem representar a
seus interlocutores;
Há real desagregação
social e a base da nossa cultura começa a ficar comprometida.
O individualismo e a agressividade sempre crescente que
assistimos é consequência destes valores incutidos covardemente pelos meios de
comunicação, em troca de vantagens e dominação tanto pelas marcas oferecidas
pelo comercio, nem sempre necessárias e melhores; tanto por dominação de
grupos. A não comunicação social, a falta de troca de experiências retira
totalmente o referencial. É fator de desorganização e, nas mãos erradas de dominação,
sim!
Creio que a situação continua a se agravar e não é possível
determinar seu fim. Uma sociedade individual não se alia para mudar situações
adversas, já que falta o elemento de coesão, e sem o mesmo não há sustentação a
nenhuma reivindicação, por mais necessária e urgente que seja.
A única solução possível é que cada grupo, tanto familiar como
de amigos se unam e voltem a privilegiar a amizade, colocando o fator monetário
em seu lugar adequado, ou seja, como consequência e não como origem do
relacionamento.
02/06/14
Tony-poeta
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