domingo, 20 de novembro de 2011

BAILE DO BICHO.







Acontecia o primeiro Baile do Bicho da FAMEMA. Agitação total na sociedade mariliense. Era o debut dos novos estudantes de Medicina. Estamos no ano de sessenta e oito e é a segunda turma que se apresenta a sociedade. A primeira não realizou seu baile do bicho; não havia veteranos. Os acadêmicos, quase a totalidade de sexo masculino, já tinham sido apresentados a sociedade Mariliense, tendo recebido um titulo de Sócio Universitário do Marília Tênis Clube. As moças eram poucas, mulher não costumava fazer medicina e, numa turma de sessenta alunos no máximo cinco representantes do sexo frágil.

Marília, uma cidade muito bonita com avenidas largas de duas pistas, um bom comércio e vida própria; apesar de ter apenas quarenta anos. Já possuía Faculdade de Filosofia e estava montando a de Direito. Três hospitais atendiam a população. A vida era intensa apesar de longe da capital.

O baile, que transcorria no Tênis, tinha sido acertado pelo próprio clube e a direção da faculdade e foi aberto aos associados. As moças solteiras da cidade queriam conhecer os futuros médicos que lá aportavam. Normal para uma sociedade tradicional do interior, onde as saídas e as companhias eram rigorosamente vigiadas.

O conjunto que fazia a animação estava com a maior dificuldade para movimentar o evento. Acostumado com os bailinhos dos sábados e de debutantes, esta apresentação com um público basicamente masculino os inibia. Bem que tentavam animar, mas o ambiente estava morno. Dada hora mandaram os acadêmicos formarem fila indiana e tirarem os sapatos. Começou a confusão.

Bassim, o mais jovem dos “bichos”, não tendo ainda dezoito anos, se recusou sem motivo, a tirar seus sapatos. Realmente agitou o ambiente.

A direção do Tênis interpretou como insulto tal atitude e mandou parar a música. Queria colocar o aluno para fora. A direção da escola tentava contemporizar. Os veteranos estavam perdidos sem saber como exercer a autoridade com o “bicho”. Os colegas de turma avisaram que se ele saísse sairiam juntos. Após uma hora Bassim saiu da fila, continuou no clube. A música voltou. A brincadeira foi rápida e encerrada. Continuou o baile normal.

Dia seguinte foi decidido que a segunda turma não teria direito a ser sócio acadêmico.

Quanto ao Bassim, este nunca contou porque não tirou os sapatos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário