terça-feira, 8 de outubro de 2013

POSSIBILIDADES



POSSIBILIDADES


Toda vez que passo entre o mar e a montanha tenho uma estranha sensação de pertencer a tudo, sinto estar integrado a floresta que imponente sobe as encostas e o mar sereno, inabalável do Canal, com suas aguas meditativas e transparentes.
Na verdade tudo me pertence e pertenço a tudo. A minha matéria é igual a das árvores e animais, apenas o mar e as rochas são anteriores, de resto todos temos a mesma idade, fazemos aniversário no mesmo dia e temos uma única mãe, no viajar de possibilidade deste estranho espetáculo chamado vida.
A vida se espraiou na superfície dentro das possibilidades dos elementos, quatro foram o bastante. Dentre todas as possíveis comunicações criaram-se seres que se alimentam do oxigênio, movem-se ou se expandem e num bailado com passos variados tentam permanecer em suas formas.
As formas móveis criaram o barro e o barro repôs a vida, a vida se alimenta do barro e quando fenece torna-se barro novamente e dá outra vida nesta dança de formas exóticas e variadas: ora na musica calma do riacho, ora no clamor das tempestades.  Tem cores apagadas e discretas que se contrastam com cores fortes de grandes guerreiros. Ora o cheiro é pútrido da renovação, ora o cheiro é doce e meigo da procriação.  As formas dançam e não descansam, correm a superfície tentando alcançar um objetivo ignoto. Entre alimentos e predadores ao mesmo tempo seguem a dança, sobreviver é a base, reproduzir o objetivo e todos tem o mesmo fim, um retorno: reintroduzir os minerais no seu reino e ser substrato de novas vidas.
A vida é sempre possibilidades neste compartimento fechado chamado Terra. Daqui ninguém sai, as substancias fixas não mudam. Metamorfoseiam-se apenas as formas que bailam continuamente. Se pelo acaso a vida começou, esta também a mantém, nunca se sabe o próximo minuto o que trará, se será vida ou não, a expectativa antecede a possibilidade e corremos para vencê-la, ora devorando vidas para nosso fortalecimento e postergar o inevitável momento que seremos devorados e novamente juntaremos ao todo, aos outros animais, as plantas, ao lodo do chão e continuaremos sempre dentro das possibilidades, bailando na dança desconhecida chamada viver.

09/10/2013
Tony-poeta

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