O CORETO
Sempre
em minhas viagens ao interior os coretos chamaram atenção. Toda a cidade que
visitei em minha infância e juventude lá estava ele, garboso e imponente como
presença da arte da vida no centro da praça arborizada e ajardinada, com seus
bancos românticos que tanto serviam para escutar uma boa musica executada pelos
moradores locais, como para o footing de domingo, onde os casais apaixonados
começavam o relacionamento.
Cidades
eram citadas como celeiro da música e, toda a população tocando ou ouvindo
participava da festa das marchinhas e da reunião de vizinhança, estreitando
laços e desfrutando com toda simplicidade da vida próxima ao campo, a noção de
fraternidade e convívio com o próximo.
Com o
crescimento das cidades e as invenções modernas as praças começaram a não serem
pontos de referencia e a música foi substituída por discos, CDs e fitas.
Abandonaram a cultura e o talento. Cidades de músicos começaram a rarear.
Finalmente,
completando o assassinato cultural em curso, os coretos passaram a ser
habitados por indigentes. E diante da repulsa da população a estes estranhos e
desconhecidos moradores foram abandonados, sendo todo Patrimônio Cultural e
Social do município reduzido a um monte de entulhos.
A ação
agressiva é inadequada. O absurdo não são os indigentes morarem no coreto, mas
sim haver indigentes.
Não se
admite uma sociedade escrava onde quem não é descartado, como no caso os
mendigos, é sufocado por tantas obrigações de trabalho onde se perde o
descanso, a confraria e o desenvolvimento de pequenas habilidades prazerosas.
Como esta, onde por meio do solfejo das notas trabalhadas dias a fio,
conseguiam reunir todas as pessoas num objetivo harmônico e restaurador.
O progresso
não pode ser o coveiro da sociedade, tem que ser um ponto de apoio a mais para
que os humanos convivam e se congracem.
11/04/14
Imagem Google
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