sexta-feira, 11 de abril de 2014

O CORETO

O CORETO



Sempre em minhas viagens ao interior os coretos chamaram atenção. Toda a cidade que visitei em minha infância e juventude lá estava ele, garboso e imponente como presença da arte da vida no centro da praça arborizada e ajardinada, com seus bancos românticos que tanto serviam para escutar uma boa musica executada pelos moradores locais, como para o footing de domingo, onde os casais apaixonados começavam o relacionamento.
Cidades eram citadas como celeiro da música e, toda a população tocando ou ouvindo participava da festa das marchinhas e da reunião de vizinhança, estreitando laços e desfrutando com toda simplicidade da vida próxima ao campo, a noção de fraternidade e convívio com o próximo.
Com o crescimento das cidades e as invenções modernas as praças começaram a não serem pontos de referencia e a música foi substituída por discos, CDs e fitas. Abandonaram a cultura e o talento. Cidades de músicos começaram a rarear.
Finalmente, completando o assassinato cultural em curso, os coretos passaram a ser habitados por indigentes. E diante da repulsa da população a estes estranhos e desconhecidos moradores foram abandonados, sendo todo Patrimônio Cultural e Social do município reduzido a um monte de entulhos.
A ação agressiva é inadequada. O absurdo não são os indigentes morarem no coreto, mas sim haver indigentes.
Não se admite uma sociedade escrava onde quem não é descartado, como no caso os mendigos, é sufocado por tantas obrigações de trabalho onde se perde o descanso, a confraria e o desenvolvimento de pequenas habilidades prazerosas. Como esta, onde por meio do solfejo das notas trabalhadas dias a fio, conseguiam reunir todas as pessoas num objetivo harmônico e restaurador.
O progresso não pode ser o coveiro da sociedade, tem que ser um ponto de apoio a mais para que os humanos convivam e se congracem.

11/04/14
Imagem Google





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