CHUVA DE
RAIOS
Dormia após um dia de trabalho, o quarto estava muito quente,
era pleno verão. As janelas abertas deixavam entrar o ar e a noite. O sono era
pesado. Estava só.
Súbito o quarto começou a acender e apagar uma luz azul; como de
uma boate, que de modo frenético tocava um ritmo de discoteca. Foi o que me
despertou, não foi o ruído dos trovões que em intervalos marcavam o compasso da
dança louca em tons azulados.
O súbito despertar ante o inusitado provocou apreensão. Seria
medo? A solidão e a vida sempre tremem com o desconhecido. Lentamente tentei
entender. O relógio marcava três horas e o ponteiro dos segundos deslizava
normalmente. Seria um sonho?
Tentando raciocinar fui acordando. Sonho não era, cansado
raramente sonhava. Quem sabe um curto-circuito no apartamento vizinho? Não! Não havia fumaça. Era um estranho
festival de raios que nunca tinha assistido. Sonho acordado? Pesadelo? Os
clarões continuavam enquanto tentava despertar e raciocinar.
Para acender a luz bastava estender o braço. Comecei o
movimento. Interrompi: -Sou um homem ou um rato? Pensei comigo. Afinal: - homem
não tem medo; assim meus pais falavam, continuei no impasse tentando não
mostrar medo. Sim! medo para minha própria pessoa.
Raciocinei novamente: Ratos não tem lâmpadas nem tomadas. Estava
justificado. Não seria um rato acendendo a luz. Acendi. Por entre os raios um
trovejar mais forte. Arrepiei! Logo depois tudo parou e me senti confortável na
solidão de meu quarto; um tanto trêmulo, é verdade.
Os raios foram embora. Entendi naquele momento, que eles
partiram para outra janela procurando seres solitários que esqueceram de
sonhar. Não se pode viver sem sonhos.
Comi uma maçã e voltei para o leito.
18/01/15
Tony-poeta
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