LEMBRANÇAS
DA
JUVENTUDE.
Certo dia
perguntei a meu pai sobre os antepassados: - Quem sabe fossem pessoas importantes na
Europa? Será que sobrou alguma herança? E mais um montão de fantasias que a
mente da juventude sempre traz à tona.
- Não
aconselho, disse ele, poderás encontrar piratas, ladrões e presidiários caso
fuce onde não é devido. De minha parte sei até meu avô de quem já te falei. Já
está bom.
Hoje, com
a idade que avança, sei que ele estava certo. Poderemos achar pessoas importantes,
talvez? Mas certamente acharemos muita gente desagradável nos transmitindo
genes. Vamos pensar:
Estes
dias localizaram mais uma espécie de homo. Passa de uma dezena o número de ancestrais
extintos da nossa espécie. Como desapareceram?
Foram mortos
e aniquilados, certamente! Lembremo-nos que éramos antropófagos até pouco tempo.
A luta para manutenção da espécie era de vida e morte, não havia mudança
genética que se perpetuasse se não fosse em guerra [aliás até hoje nossa
espécie não passa um dia sem guerras]. É claro que para sobreviver meus
ancestrais tiveram que lutar e matar.
Apesar
das religiões, num gesto louvável, pregar que os mansos e puros de coração
serão os escolhidos, no real de nosso mundo não são eles os sobreviventes; quem
sobrevive é o que rouba, trapaceia e mata. Esta é minha e nossa herança.
É melhor
deixar quieta esta lembrança da nossa ancestralidade; salvo para estudiosos que
tentam corrigir a humanidade futura. De resto é uma arriscada curiosidade.
17/09/15
Tony-poeta
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