quarta-feira, 28 de setembro de 2011

UMA CONCHA



Dou-te u’a concha de presente

Que estava enfeitando a areia,

Quem a trouxe foi a sereia

Em uma tarde ao sol poente.



É uma concha pequenina,

Frágil, fina, delicada.

Mas uma mensagem cifrada

Escute-a atenta menina.



É a mensagem de Netuno.

É a paz do fundo do mar,

Muito tem para te contar

E muito tem de oportuno.



Diz ao pé, as linhas traçadas,

Que toda pompa e riqueza

Não se esconde na grandeza

Das baleias avolumadas.



E bem ao centro está escrito:

Não é dom, a felicidade,

Do tubarão, na verdade

Eterno monstro proscrito.



E no ápice, a construção,

Mostra-nos que a inteligência

Não pertence só a regência

Do golfinho brincalhão.



Na conchinha tão pequena,

Ao mar, insignificante,

Escreve-se puro e brilhante

Um poema que ao éter acena.



Há um reinado de carinho

No castelo em miniatura

Espargindo nas alturas

Toda solidez de um ninho.



Quando vires u’a conchinha

Para! Medita! Ela fala.

Veja a casa, entre a sala,

Vá jantar a sua cozinha



Olhe as linhas... Tudo é paz:

Lar, doce lar, na parede,

Um canto calmo, uma rede

Hinos de amor por detrás.



Em casa a conchinha imite,

Sim, a jóia insignificante.

E conseguido. Triunfante

Verás que o mundo aí reside.











28/01/1968


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