DESPERTAR JOVEM
Oito horas, tocou o despertador. Picolé [assim era seu
apelido] levantou automático sem pensar. Foi ao banheiro, lavou mal e mal o
rosto, passou uma pasta nos dentes, tomou o café que estava pronto. Sua cabeça continuava vazia, era um montão de
letras batendo nas paredes do cérebro sem formar uma só silaba.
Não pensava em nada, nem dava: as letras não se entendiam
dentro de sua cabeça, não formavam nem silabas, nem notas para algum solfejo.
Ficou parado por tempo indeterminado olhando o nada, só podia olhar o nada,
para olhar alguma coisa tinha que nomeá-las e as letras insistiam em ter
individualidade e não se juntarem. Deitou novamente.
Meia hora depois abriu os olhos, olhou ao redor sem
diferenciar nada, a mente começou a batucar... Tum!...Tá... Tum... Tá... Bem
lento e cadenciado. O tambor ficou algum tempo batucando em sua cabeça, mas já
havia um sentido, pelo menos uma sequencia.
Tum... Tá... Teca... Sim! Teca ficou de sair hoje. A musica ficou
agitada, mais rápida que a Cavalaria Rusticana em seu movimento máximo. Teca...
Teca... Como não lembrei?
Rapidamente vestiu-se e foi tentar vender um titulo, já que
era vendedor. Tinha que namorar: à noite e precisava do dinheiro para pagar a
conta e dar uma rosa, afinal tinha que ser romântico.
Saiu apressado com sua pastinha, pensando: Hoje juro que não
vou emprestar de meu pai...
04/12/12
Tony-poeta
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