LUA
CHEIA
Na sacada eu e Lacan,
meu cão, comíamos amendoim, sim Lacan adora amendoim, e olhávamos a lua.
Esta estava cheia,
bem próxima a terra dando para percebe-la como esfera brilhante, solta pelo
espaço, livre, juntinha a nosso reino complicado.
- Lacan, vamos a
lua... falei.
Seu olhar canino de
mil palavras assentiu que sim.
Tão próxima estava
que pensei alcança-la. Cheguei em pensamento, eu e meu cão e ficamos olhando a
terra e seus agitados e tensos habitantes. Corriam feito loucos em seus carros,
sempre blasfemando.
Resolvemos explorar
o outro lado do satélite: este canto longe de nosso planeta não deve ser
contaminado pela agitação; aqui, até o solo sente o tremor da vida da Terra.
Do outro lado havia
paz, havia vida, havia amor, estranhas criaturas se movimentavam lentamente ao
ritmo de um minueto, transparecendo paz.
- Como podem vocês
aparentar tanta calma e tanto amor? Perguntei a um transeunte sorridente.
- No dia em que
aprendemos que temos um inconsciente comunitário e, que se todos tiverem Paz,
reinará harmonia.
É neste momento que
poderemos cumprir nossa função no breve espaço de nosso tempo, a missão da vida
é viver. Só há vida plena se a harmonia guiar.
Agradeci, eu e meu
cão olhamos incrédulos. Todos em confraternização, ingênuos diria, usando a
linguagem de nosso planeta. Como se vive sem falsidades? Pensava eu e
transmitia a Lacan também impressionado no seu saber canino...
- A janta está
pronta, gritaram da cozinha.
- Lacan correu e
acompanhei voltando para nosso mundinho de inveja e de petróleo. A Lua nos
olhava compreensiva solta no espaço.
15/05/14
Tony-poeta
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