CINCO
VIRA; DEZ ACABA
Foram demolidas duas
casas na Av. Nove de Julho. Dois terrenos baldios, totalmente abandonados. A
molecada que frequentava a Alameda Lorena resolveu fazer um campinho de
futebol.
O amplo terreno
tinha muito entulho. Apenas uma parte era possível deixar razoavelmente limpa.
Todos se reuniram e removendo pedras e tijolos conseguiram o espaço. Não ficou
lá estas coisas, já que todos eram jovens e a habilidade quase nula. Mesmo assim uma área ficou aproveitável.
O primeiro problema
é que os gols ficariam de costas, um para a Avenida, já com movimento na época
e outro para o quintal do japonês que criava carpas: - Diziam que tinha um
espingardinha de sal para afugentar intrusos, Ninguém nunca viu, mas precaução
era precaução. Depois de confabular chegou-se à conclusão que não podia chutar
forte para o gol. Dar bombas nem pensar, poderia perder a bola, na época cara e
escassa.
Conseguir fazer o
gol foi outra aventura. O terreno, outrora construído era duro. Não tinha
material adequado, nem habilidade. A madeira, até encontramos as que serviam
dentro do entulho. Muito suor, discussão, por fim conseguimos enfiar os quatro
paus, o difícil foi amarrar o travessão. Ficou pequeno, mas dentro do possível.
Era o que dava. Ficou menor que um gol de futebol de salão, ninguém deu importância:
- Não podia chutar forte, mesmo.
O acampo estava
pronto. Chegamos à conclusão que jogariam seis para cada lado, era o máximo que
daria para de movimentar no campinho. O grupo era bem maior, os times
revezariam e um dos que esperava seria o juiz.
Lógico que se alguém
discordasse do dito arbitro este seria imediatamente trocado, após os xingos
habituais da contenda. O jogo no momento que um time fizesse o quinto gol,
trocaria de campo e, em dez gols teríamos o vencedor, que ficava e entrava o
outro.
Os jogos sempre
foram rápidos, o time era escolhido pelos dois considerados melhores, cada um
escolhia seus cinco. Os que esperavam também escolhiam os melhores. Os
gordinhos e os mais novos geralmente eram os goleiros.
Por um longo tempo
este campo foi utilizado, sempre com chuva de gols.
Hoje assisti Brasil
e Chile. Noventa minutos, dois gols. Trinta de prorrogação. Nenhum. Em dez pênaltis
cinco. Deu saudades do campinho, afinal futebol tem como seu maior atrativo o gol.
29/06/14
Tony-poeta
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