RECONHECIMENTO
Costumamos
falar: que de nada adianta toda imponência que pode possuir um determinado ser
humano, se este vai igual a todos os demais para baixo da terra, em destino
comum.
Não me
agrada tal assertiva, o mais correto seria tentar ver o que realmente adianta,
e o que estamos fazendo aqui nesta superfície em constante transformação, a
qual chamamos Terra.
O ser
no mundo, é um ser individualista. Todos atos giram exatamente em torno de suas
atitudes; como é um ser social, tudo que planeja tem um único fim: O
Reconhecimento.
Cada
época da humanidade o reconhecimento se faz de uma maneira: Pode ser
reconhecido como guerreiro eficaz, que mata seus componentes; como crédulo
penitente a seu deus; como pai exemplar que é justo com seus filhos, ou atualmente,
como homem possuidor de riquezas que seja invejado pelos que não as tem.
Resumidamente
a vida baseia-se em olhar o outro e ser olhado por este outro, num jogo de
alteridades onde espelha e se espelha no conjunto que de humanos que rodeiam.
Será que
o único objetivo do ser individual jogado na natureza é se mostrar e comparar
com o vizinho? Será que este manancial de objetos transformados ou a serem
manipulados, que encontramos quando nascemos e deixaremos aqui, sem saber para
quem, pode ter uma posse tão desproporcional, onde uns tem muito e outros nada?
Será que nascemos diferentes em capacidade de posse apesar de ser comprovado
que a inteligência e a capacidade de adaptação são iguais em todos seres
humanos?
O que
importa é definir qual a função do homem no planeta. Se nos conformarmos em
manter-nos vivos e espalharmos genes num delírio de buscar sexo
ininterruptamente, não justificaria a sociedade que habitamos e, o valor seria
dado pelo número de descendentes. Por querermos algo mais, tentamos viver
eticamente, com uma eticidade que se modifica a cada nova transformação do
grupo, tentando manter tanto a harmonia entre seus membros, como propiciar o
bem estar de cada um.
Temos
que notar que a tentativa não é individual, tentamos, prestigiando o nosso grupo,
diminuir nossa individualidade para um bem comum. A sociedade, dentro de uma
concepção teórica, seria: domar o individual para o bem do coletivo, gerando um
ideal comum onde este bem estar atingisse todos. Se olharmos com atenção é o
que ocorre desde o início de cada grupamento social de humanos.
Certamente
estaremos diante de uma busca sem fim, o universo é Vontade, caminha sempre. A
ordem de hoje será desordem amanhã para uma nova organização, sempre lábil que
será reformada novamente. A Ordem dentro da natureza representa estagnação e o
fim. A Natureza exige movimento continuo e ininterrupto. A quebra é ceder lugar
para outro grupo em evolução.
Neste
difícil raciocínio de cada um se encontrar participando do todo, nos
assemelhamos a um cardume de peixes com suas evoluções conforme a situação:
reprodução, caça e defesa. Deste modo devemos achar nosso lugar.
Tal
qual o exemplo do cardume, que cada um tenha um lugar que possa lhe
proporcionar certa independência de movimentos, como exige o ser jogado no
mundo, sem perder sua função na dança do todo que mantem a harmonia da vida em
movimento.
Só com
uma noção de um lugar perante o todo, poderemos conter o desejo desenfreado que
atualmente o capitalismo induz, e reconhecer o outro, e ser portanto
reconhecido, já que todos estarão vivendo e dançando da melhor maneira
possível, num mesmo lugar, num mesmo grupo, a mesma dança e mantendo a
individualidade que a natureza lhe deu.
26/06/14
Tony-poeta
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