segunda-feira, 18 de junho de 2012

SOCIEDADE E SOLIDÃO


SOCIEDADE E SOLIDÃO



João levou um tombo frente à casa pobre do vizinho. Estava só. A esposa voltaria no dia seguinte, fora fazer compras. Iria almoçar no restaurante, era folga da empregada.

Estava a caminho do restaurante, resolvera andar um pouco, estava a pé, quando caiu em frente da casa quase desabando que o Manuel não vendeu para que se construísse um prédio. E alugava sem nenhuma mão de cal.

 Bateu o joelho, ficou passado de dor. Não conseguia se levantar.

O dono da casa que desabava, Seu Salvador o socorreu. Viu que a calça estava manchada de sangue. Diante da dificuldade que este tinha de caminhar levou-o para dentro da residência. João ficou assustado. Ficou inclusive com medo.

Todos da casa vieram acudi-lo. Barbara, a filha mais velha, que fazia curso de enfermagem, olhou o machucado, limpou-o e colocou gelo, imediatamente providenciado por Dona Lourdes, esposa de Salvador.

João, menos temeroso conheceu a família: Seu Salvador, Dona Lourdes, Barbara, Rafael e Robinson. Iam desligar o som com musica regional, mas imediatamente ele interviu e disse gostar da musica. Na verdade nunca tinha prestado atenção na mesma.

Relatou que estava só em casa e ia almoçar.  Fizeram questão que almoçasse com eles. Tinham comprado um pedaço da Assem e feito com mandioca. Pela insistência acabou aceitando e, gostou. Comeu com gosto.

À tarde, já com menos dor Seu Salvador e Rafael o levaram para casa. Disseram que iam levar alguma coisa para ele jantar. Tentou recusar, mas não convenceu.

Jantou uma saborosa sopa de fubá com couve cortada bem fininha, adorou e achou divino. Perguntou-se como nunca tinha experimentado aquilo.

Pela manhã chegou a esposa. Falou que caiu:

- Isto que dá andar descuidado. Falou ela. Mal olhou para o machucado e foi desfazer os pacotes:

- Bem, olha o que comprei.

Os filhos lhe deram um beijo social e foram para o computador.

- Marta: acabei almoçando na casa dos vizinhos, aquela que você diz que está caindo.

- Credo! Devia estar ruim. Esta gente não sabe fazer nada.

- Estava ótimo, eles ainda me trouxeram e a noite vieram com a janta.

- Entraram em casa, não roubaram nada? Você olhou?

- É gente trabalhadora, gostei muito deles.

- É o que me faltava: gostar de gente que vive quase em favela.

Desembrulhando as compres, Marta completou:

- Vê se sara logo. Sexta feira nós vamos para Campos e você tem que estar bom. Não vou sozinha.

João saiu de fininho e escreveu este poema:

Solidão

É sentir-se só consigo.

Solidão

Não é estar desacompanhado.

Solidão

É perder-se do tecido social.



Estar presente

Não estando

Estar cantando

Não escutando

Estar dançando

Com a alma congelada

Contida pelo gelo que forma a armadura.

Solidão

É a vibração do ser

Ficar retida dentro dele mesmo

Não ecoar, apenas repetir.

No martelar da mente

A aflição de não ser compreendido.



Solidão não é ausência

É ter na parede do ser

Uma gravura colorida

Com muitos personagens

Mudos que te ignoram.



Solidão é a presença não presente.



E ficou amuado, pensando... Pensando...



18/06/12














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