sexta-feira, 6 de julho de 2012

FUGA


FUGA




Meus olhos miram os seres

Na calçada fria, sem vida,

Onde deambulam

Do nascente ao poente.



Carros passam com suas cores metálicas.

Decibéis de ruídos agitam os tímpanos,

Ora vindo do ronco dos escapamentos,

Ora das explosões frustradas por velas sujas.



Tudo caminha vulgarmente:

Nada mais são as pessoas

Que fontes iluminadas

Por luzes de combustão.



Começo a me afastar:

Meus olhos, como que penetrando no éter,

Veem cada vez mais pequenos

Os bonecos dos seres.

E, então metamorfozeiam-se em brinquedos,

Delicados brinquedos de roupas coloridas.

Na sua pequenez caminham,

Andam como que se tivessem recebido longa corda,

Vão em nada, vão frios

Perambulando em busca da inexistência.



De repente desdobro-me

Meu espírito olha o corpo,

Também pequenino de roupas coloridas,

Igualzinho aos bonecos acionados pelas cordas da vida.

Perambulo também pelo desencontro dos espaços.

Sou boneco também!

Por tudo corro,

Nada faço,

Rio com a graça,

Choro com a tristeza:

Vejo depois que a graça

Pode ser o disfarce da tristeza,

Ou ao contrário...

Nada existe!

Tudo existe!

Contradição?

Sim...

Não...

Tudo passa...

Eu passo,

Tu passas,

Ele passa,

Nós passamos...



08/02/1970

Tony-poeta

Publicada em “OS ANTÍPODAS”


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